100 horas de Astronomia

Faltam 2 dias para se iniciar o mais importante projecto internacional do Ano Internacional da Astronomia 2009: as 100 horas de Astronomia. Durante 100 horas, entre os dias 2 e 5 de Abril, a Astronomia será divulgada em milhares de eventos espalhados por todo o planeta. Para consultar todas as actividades à volta do mundo, visitem a página global do evento aqui.

Sombras nos anéis de Saturno

A chegada eminente do equinócio vernal no hemisfério norte de Saturno tem proporcionado momentos de rara beleza produzidos pela dança das sombras das pequenas luas do gigante gasoso sobre o sistema de anéis. A 16 de Janeiro de 2009, a sonda Cassini teve a oportunidade de captar um desses momentos, numa sequência de 21 imagens recentemente publicadas, que ilustram a passagem da sombra de Epimeteu sobre o anel A. O fenómeno reproduzível por outras pequenas luas pastoras, irá ser amplamente registado numa série de observações planeadas pela equipa de imagem da missão Cassini para os meses que antecedem o dia 11 de Agosto, o dia do equinócio. As observações do movimento das sombras ao longo dos anéis poderão fornecer dados valiosos que permitam conhecer com maior rigor a disposição vertical das partículas constituintes dos anéis e as inclinações orbitais das respectivas luas.

A sombra de Epimeteu em movimento ao longo do anel A de Saturno. Este pequeno filme foi construído a partir de 21 imagens individuais captadas pela sonda Cassini a 16 de Janeiro de 2009.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Um nome para a lua de Orco

Mike Brown, astrónomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), conhecido por liderar a equipa responsável pela descoberta de Éris, Haumea e de outros objectos de grandes dimensões da Cintura de Kuiper, lançou anteontem no seu blog um desafio muito interessante para todos os astrónomos amadores que, tal como eu, dificilmente terão a honra de dar um nome a uma importante descoberta no Sistema Solar. O desafio consiste em apresentar uma proposta de um nome para o satélite do plutino Orco, que irá substituir a designação provisória S/1 90482 (2005). A proposta ganhadora será submetida a 5 de Abril por Mike Brown à União Astronómica Internacional, em conjunto com o nome do seu autor.
Descoberto em 2004, Orco é o oitavo maior objecto conhecido na Cintura de Kuiper. É um plutino com cerca de 950 Km de diâmetro, particularmente interessante porque segue uma órbita em tudo idêntica à de Plutão, excepto em dois aspectos: as duas órbitas alongadas apontam para direcções opostas; e os dois objectos encontram-se sempre em fases opostas das respectivas órbitas. Orco é uma espécie de anti-Plutão. Esta sua faceta foi determinante na escolha do seu nome, uma vez que Orco era a designação de um deus ctónico etrusco, senhor dos mortos e do submundo, mais tarde absorvido pela mitologia romana, onde se confunde a sua identidade com a de Plutão.
Pouco se sabe acerca da lua de Orco. As observações feitas com o telescópio espacial Hubble não responderam à importante questão sobre a origem do pequeno objecto (colisão ou captura), não dando pistas sobre possíveis características paralelas à da lua de Plutão Caronte que pudessem ajudar na escolha da nova designação.
Desejo inspiração e boa sorte a todos que queiram participar!

Chegou a Primavera!

Chegou a Primavera no Hemisfério Norte da Terra! Como será a Primavera em Marte no auge da exploração robótica?

Equinócio Vernal no Hemisfério Norte

Amanhã, às 11:44 (hora de Lisboa), no seu movimento aparente pelo céu, o Sol irá intersectar a linha imaginária do equador celeste em direcção a Norte, dando inicio à Primavera no Hemisfério Norte. Esta estação prolongar-se-á por 92,79 dias, até ao próximo Solstício, que irá ocorrer dia 21 de Junho às 06:46 (hora de Lisboa).

Hubble fotografa trânsito simultâneo de 4 luas de Saturno

Foram finalmente publicadas as imagens do trânsito simultâneo de 4 luas de Saturno (Titã, Mimas, Dione e Encélado) captadas pelo telescópio espacial Hubble!

Sequência de imagens do trânsito de Titã, Mimas, Dione e Encélado sobre a face do gigante gasoso Saturno, captadas pelo telescópio espacial Hubble a 24 de Fevereiro de 2009.
Crédito: NASA/ESA/Hubble Heritage Team (STScI/AURA).

Asteróide Itokawa com novos nomes oficialmente aprovados pela UAI

A União Astronómica Internacional (UAI) aprovou recentemente 14 novos nomes para crateras e regiões na superfície do asteróide 25143 Itokawa. Os nomes foram submetidos ao Grupo de Trabalho para o Sistema de Nomenclatura Planetário da UAI pela agência espacial japonesa JAXA, e integram-se no tema “desenvolvimento da ciência espacial e do estudo dos asteróides”.

Tabela com os novos nomes oficialmente aprovados pela UAI e a sua origem.

Visitado em 2005 pela sonda japonesa Hayabusa, o pequeno NEO (objecto próximo da Terra) de 500 metros de diâmetro revelou-se uma extraordinária surpresa para os cientistas. Itokawa apresenta duas superfícies distintas: uma lisa, aparentemente preenchida por regolito, e outra irregular, coberta por uma grande quantidade de rochas. Algumas destas rochas atingem dimensões na ordem dos 50 metros, demasiado grandes para poderem ter tido origem em impactos violentos na superfície do asteróide. A baixa densidade estimada no asteróide sugere uma estrutura interna pouco consistente, onde possivelmente abundam espaços vazios entre pilhas de rocha fragmentada. Estas características parecem sugerir que Itokawa é um objecto singular entre os pequenos asteróides estudados por sondas terrestres, uma vez que ao contrário desses, aparenta ter sido formado a partir de detritos resultantes da destruição violenta de um corpo celeste de dimensões superiores.

Localização no asteróide Itokawa das crateras e regiões com os nomes aprovados pela UAI.
Crédito: JAXA/University of Aizu.

Aniversário de Giovanni Schiaparelli

Comemoram-se hoje os 174 anos do nascimento de Giovanni Virginio Schiaparelli (1835-1910), astrónomo italiano autor dos primeiros mapas detalhados da superfície de Marte, usados como referência em cartografia planetária até ao início da era espacial. Através da observação sistemática do planeta vermelho, em particular durante a oposição favorável de Setembro de 1877, Schiaparelli foi o primeiro astrónomo a diferenciar padrões geológicos na superfície marciana e a atribuir-lhes diferentes designações. A descrição de estruturas lineares, às quais se referiu como canais (canali, em italiano), é talvez o aspecto mais popular do seu trabalho, uma vez que inadvertidamente deu origem a especulações relativas à existência de vida inteligente em Marte.

Mapa da superfície de Marte, desenhado e compilado por Schiaparelli no período de 1877 a 1886. Algumas das designações dos diferentes padrões geológicos da superfície marciana mantiveram-se até aos dias de hoje. Fonte: Camille Flammarion, La Planète Mars.

Entre os contributos para a Astronomia menos conhecidos de Schiaparelli, encontram-se a descoberta do asteróide 69 Hesperia e o reconhecimento da associação das chuvas de meteoros com os cometas, em particular, a demonstração da associação das Leónidas com o cruzamento do cometa Tempel-Tuttle com a órbita da Terra.

Deimos em alta resolução e a cores

Imagens de Deimos captadas a 21 de Fevereiro de 2009, pela câmara HiRISE a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona.

A câmara de alta resolução HiRISE a bordo da sonda americana Mars Reconnaissance Orbiter obteve recentemente bonitas imagens da mais pequena das duas luas de Marte. As imagens foram captadas com um intervalo entre si de 5 horas e 35 minutos e mostram o hemisfério que se encontra permanentemente voltado para o planeta vermelho, iluminado a partir de dois ângulos diferentes.

A pequena lua é um objecto escuro muito semelhante a Fobos, a maior lua de Marte. As superfícies planas e escuras encontram-se provavelmente cobertas por regolito ou por rochas fragmentadas enegrecidas pela contínua exposição ao ambiente espacial. As zonas mais claras parecem concentrar-se essencialmente junto a escarpas ou a crateras recentes, locais onde material mais brilhantes poderá ter ficado exposto após pequenos desabamentos ou pelo impacto de meteoritos.

Deimos tem um diâmetro aproximado de 12 Km e possui uma órbita quase circular praticamente no plano equatorial de Marte, com um eixo semi-maior de 23.460 Km. A sua composição assemelha-se muito à dos asteróides tipo C, objectos compostos essencialmente por condritos.

Oposição de Saturno

Saturno estará em oposição por volta das 20H00 (UTC) de hoje, na direcção da constelação de Leão. Esta será uma excelente oportunidade para observar o efeito de oposição nos anéis de Saturno, um fenómeno de intensificação de brilho, causado pela ocultação (do ponto de vista da Terra) das sombras projectadas pelas partículas que os constituem.

Começa a missão Kepler!

Só uma pequena actualização: o lançamento da missão Kepler foi bem sucedido. O telescópio irá ser posicionado numa órbita heliocêntrica de 372,5 dias, que lentamente o afastará da Terra, permitindo uma observação contínua do espaço com o mínimo de interferência do brilho do Sol, da Lua e da Terra.

Lançamento do foguetão Delta II transportando o telescópio Kepler, a partir do Cabo Canaveral, na Florida, EUA.
Crédito: NASA/Jack Pfaller.

Lançamento da missão Kepler previsto para esta noite

Faltam cerca de 10 horas para o lançamento da missão Kepler a partir do Cabo Canaveral, na Florida, nos Estados Unidos da América. A missão terá como objectivo principal explorar a estrutura e diversidade dos sistemas planetários, a partir da observação sistemática de cerca de 100.000 estrelas semelhantes ao Sol, localizadas na vizinhança do Sistema Solar. O telescópio Kepler será o primeiro instrumento da NASA com capacidade para detectar pequenos planetas telúricos com tamanho semelhante ou inferior ao da Terra.

Representação artística da vizinhança do Sistema Solar, ilustrando a região alvo a ser explorada pela missão Kepler.
Crédito: Jon Lomberg.

Descoberta de nova lua de Saturno resolve mistério do anel G

Cientistas da equipa de imagem da sonda Cassini anunciaram ontem em circular da União Astronómica Internacional, a descoberta de uma nova lua de Saturno, provisoriamente designada S/2008 S1. O pequeno objecto com cerca de meio quilómetro de diâmetro orbita dentro do anel G, no centro de um arco brilhante de poeira, semelhante aos arcos observados na órbita das luas Anteia e Metone. A descoberta de S/2008 S1 vem por termo ao mistério da origem do anel G, o único até agora sem qualquer lua associada.

Sequência de três imagens captadas a 27 de Outubro de 2008 pela sonda Cassini em intervalos de 10 minutos, mostrando a pequena lua S/2008 S1 em órbita no centro do arco de matéria brilhante do ténue anel G. Devida à longa exposição de 46 segundos, as estrelas surgem nas imagens como traços brilhantes verticais.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

O anel G dista do centro de Saturno cerca de 170.000 Km e forma uma circunferência em redor do planeta com cerca de 1 milhão de quilómetros, facto que tornou difícil a detecção de quaisquer pequenos objectos a si associados. A observação em 2005 de um arco de matéria brilhante com cerca de 150.000 Km de extensão dentro do anel revelou aos cientistas uma região onde a presença de uma lua ou de pequenos agregados de poeira seria mais plausível. A descoberta de S/2008 S1 em imagens captadas pela sonda Cassini a 15 de Agosto de 2008 confirmou finalmente as suspeitas, desvendando pela primeira vez a fonte da matéria constituinte do anel G. A sua presença não exclui no entanto a existência de outros objectos de menores dimensões (entre 1 a 100 metros) dispersos ao longo do ténue anel.

Missão Chang'E-1 terminou hoje

Terminou hoje às 08H13 (UTC) a primeira missão científica chinesa à Lua com o impacto intencional da sonda Chang'E-1 na superfície lunar. A missão constituiu a terceira grande conquista da História do programa espacial chinês, após o lançamento do primeiro satélite em órbita em redor da Terra em Novembro de 1999, e a primeira missão espacial tripulada em Outubro de 2003. A Chang'E-1 foi lançada a 24 de Outubro de 2007 e tinha como objectivos principais: produzir imagens a 3 dimensões da superfície lunar; mapear os recursos minerais da Lua e a abundância de Hélio-3 no solo lunar; e explorar o espaço interplanetário entre a Terra e a Lua, em particular a interacção do vento solar com o campo magnético terrestre e com a superfície lunar.
A impacto da sonda chinesa ocorreu no Mar da Fecundidade, a cerca de 120 Km do local de alunagem da sonda soviética Luna 16, após uma primeira fase desaceleração programada a partir das instalações de controlo da missão. A manobra foi planeada de forma a produzir dados valiosos para as próximas fases do programa espacial chinês na Lua: uma primeira alunagem de um veículo de exploração lunar por volta de 2012; e uma segunda alunagem de outro veículo de exploração em 2017, desta vez com a missão adicional de enviar amostras de rocha lunar de volta à Terra.

Primeira imagem da superfície lunar captada pela sonda chinesa Chang'E-1.
Crédito: CAST.

Passagem do asteróide 2009DD45 pela Terra

O asteróide recém-descoberto 2009DD₄₅ irá atravessar os céus amanhã pelas 14H00 (UTC) a apenas 77.000 Km da superfície da Terra. O objecto de 35 metros de diâmetro brilhará no seu ponto de maior aproximação, com uma magnitude de 10,8, na direcção da constelação da Virgem. A sua observação irá exigir grande destreza e experiência por parte dos astrónomos amadores que queiram acompanhar este objecto (ver efeméride aqui).
2009DD₄₅ é um NEO pertencente ao grupo de asteróides Apolo, objectos com órbitas que cruzam a da Terra, semelhantes às do asteróide 1862 Apolo.