O 2000º cometa descoberto pelo SOHO.
Crédito: SOHO/Karl Battams.
Adivinhava-se para breve a descoberta do 2000º cometa do SOHO. Em actividade no espaço à quase 15 anos, o observatório solar tornou-se o mais prolífico caçador de cometas de sempre. Apesar de ter sido concebido para a monitorização da coroa solar, o seu coronógrafo LASCO mostrou-se particularmente eficiente na detecção de cometas com órbitas tangenciais ao Sol. Nos últimos anos, a crescente participação de astrónomos amadores na observação das imagens disponibilizadas pelo LASCO acelerou o ritmo de descobertas, atingindo só neste último mês de 2010 o impressionante número de 37.
O 1999º e o 2000º cometa foram ambos identificados pelo estudante polaco de Astronomia Michal Kusiak, em imagens captadas a 26 de Dezembro. Curiosamente, Kusiak tem sido ele próprio um dos grandes responsáveis pelo sucesso do SOHO, contando com mais de 100 cometas descobertos nas imagens do LASCO.
Mais de 85% dos cometas descobertos pelo SOHO pertencem à família Kreutz, um grupo de objectos resultantes da fragmentação de um cometa gigante que regularmente se desintegram na atmosfera solar (ver dois exemplos aqui e aqui).
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Cassini observa uma gigantesca tempestade em Saturno!
A Cassini fotografou no passado dia 24 de Dezembro de 2010 uma brilhante tempestade no hemisfério norte de Saturno. Imagem captada em infravermelho próximo (752 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.
No início de Dezembro surgiu no hemisfério norte de Saturno uma mancha esbranquiçada que rapidamente se expandiu para formar uma gigantesca tempestade. O fenómeno foi observado pela primeira vez por astrónomos amadores e tem sido fotografado, desde então, pelo conhecido astrofotógrafo australiano Anthony Wesley.
Na semana passada foi a vez da sonda Cassini observar a estranha forma na face da Saturno. O sistema estende-se agora ao longo das latitudes médias do hemisfério norte, a partir de um foco brilhante com cerca de 6 mil quilómetros de diâmetro (cerca de metade do diâmetro da Terra!).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.
No início de Dezembro surgiu no hemisfério norte de Saturno uma mancha esbranquiçada que rapidamente se expandiu para formar uma gigantesca tempestade. O fenómeno foi observado pela primeira vez por astrónomos amadores e tem sido fotografado, desde então, pelo conhecido astrofotógrafo australiano Anthony Wesley.
Na semana passada foi a vez da sonda Cassini observar a estranha forma na face da Saturno. O sistema estende-se agora ao longo das latitudes médias do hemisfério norte, a partir de um foco brilhante com cerca de 6 mil quilómetros de diâmetro (cerca de metade do diâmetro da Terra!).
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Natal em Santa Maria
A cratera Santa Maria domina esta paisagem marciana fotografada pelo robot Opportunity a 16 de Dezembro de 2010 (sol 2451 da missão). Ao longe são visíveis as colinas da orla da cratera Endeavour.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.
O robot Opportunity interrompeu a sua longa jornada através de Meridiani Planum para observar mais de perto Santa Maria, uma profunda cratera relativamente recente com cerca de 90 metros de diâmetro. A paragem coincide com as férias de Natal da equipa da missão e deverá estender-se até depois da próxima conjunção solar de Marte, que ocorrerá entre o final de Janeiro e meados de Fevereiro.
Durante grande parte da sua estadia em Santa Maria, o Opportunity deverá permanecer na orla da cratera, investigando pontos específicos em seu redor com os instrumentos do seu braço robótico. Esta será a última grande paragem antes do explorador marciano retomar a sua viagem até à cratera Endeavour, local onde irá encontrar pela primeira vez filossilicatos (minerais formados na presença de água líquida).
Crédito: NASA/JPL-Caltech.
O robot Opportunity interrompeu a sua longa jornada através de Meridiani Planum para observar mais de perto Santa Maria, uma profunda cratera relativamente recente com cerca de 90 metros de diâmetro. A paragem coincide com as férias de Natal da equipa da missão e deverá estender-se até depois da próxima conjunção solar de Marte, que ocorrerá entre o final de Janeiro e meados de Fevereiro.
Durante grande parte da sua estadia em Santa Maria, o Opportunity deverá permanecer na orla da cratera, investigando pontos específicos em seu redor com os instrumentos do seu braço robótico. Esta será a última grande paragem antes do explorador marciano retomar a sua viagem até à cratera Endeavour, local onde irá encontrar pela primeira vez filossilicatos (minerais formados na presença de água líquida).
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Os penhascos de gelo de Dione
O terreno fracturado de Dione num mosaico de duas imagens captadas pela sonda Cassini a 20 de Dezembro de 2010. O norte está à direita.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.
Faltavam pouco mais de oito horas para o encontro de anteontem com Encélado quando a Cassini sobrevoou a superfície acidentada de Dione, a cerca de 100 mil quilómetros de distância. Como a aproximação foi realizada pelo lado nocturno da lua, a equipa de imagem da missão aproveitou a oportunidade para procurar possíveis jactos difusos de vapor de água e de partículas de gelo que pudessem denunciar a presença de fissuras activas semelhantes às encontradas em Encélado. Existem fortes suspeitas de que Dione é uma importante fonte de plasma na magnetosfera de Saturno, pelo que a Cassini tem sido instruída a realizar estas observações sempre que as passagens pela lua se mostrem favoráveis.
No entanto, o encontro não terminou sem antes a Cassini obter mais uma série de imagens, desta vez, cobrindo parte do complexo sistema de brilhantes desfiladeiros e penhascos que adorna um dos hemisférios de Dione. Formadas por falhas e fracturas, estas estruturas são a recordação dos múltiplos eventos tectónicos que moldaram a superfície desta lua de Saturno. Na imagem em cima são visíveis: Palatine Chasmata, rasgando a superfície de sul para norte em direcção ao terminador; Eurotas Chasmata, partindo da cratera Silvius em direcção a norte, até Clusium Fossae; e Chartage Fossae, estendendo-se para oeste através da grande cratera Turnus (visível a meio, quase de perfil).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.
Faltavam pouco mais de oito horas para o encontro de anteontem com Encélado quando a Cassini sobrevoou a superfície acidentada de Dione, a cerca de 100 mil quilómetros de distância. Como a aproximação foi realizada pelo lado nocturno da lua, a equipa de imagem da missão aproveitou a oportunidade para procurar possíveis jactos difusos de vapor de água e de partículas de gelo que pudessem denunciar a presença de fissuras activas semelhantes às encontradas em Encélado. Existem fortes suspeitas de que Dione é uma importante fonte de plasma na magnetosfera de Saturno, pelo que a Cassini tem sido instruída a realizar estas observações sempre que as passagens pela lua se mostrem favoráveis.
No entanto, o encontro não terminou sem antes a Cassini obter mais uma série de imagens, desta vez, cobrindo parte do complexo sistema de brilhantes desfiladeiros e penhascos que adorna um dos hemisférios de Dione. Formadas por falhas e fracturas, estas estruturas são a recordação dos múltiplos eventos tectónicos que moldaram a superfície desta lua de Saturno. Na imagem em cima são visíveis: Palatine Chasmata, rasgando a superfície de sul para norte em direcção ao terminador; Eurotas Chasmata, partindo da cratera Silvius em direcção a norte, até Clusium Fossae; e Chartage Fossae, estendendo-se para oeste através da grande cratera Turnus (visível a meio, quase de perfil).
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Cursos de Astronomia e Astrofísica no OAL
O edifício do Observatório Astronómico de Lisboa, na Tapada da Ajuda, em Lisboa.
Crédito: Sérgio Paulino.
Estão abertas as inscrições para os Cursos de Astronomia e Astrofísica, organizados pelo Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Cada curso tem um número limitado de vagas (25 para cada), pelo que quem estiver interessado em se candidatar, deverá apressar-se a preencher o formulário de pré-inscrição. Os cursos decorrem a partir do fim de Janeiro, aos Sábados de manhã, no OAL, na Tapada da Ajuda, e custam entre 100 € para os Cursos Avançados e 200 € para o Curso de Iniciação (mais 25 € de taxa de pré-inscrição). Para mais informações consultem a página do OAL.
Crédito: Sérgio Paulino.
Estão abertas as inscrições para os Cursos de Astronomia e Astrofísica, organizados pelo Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Cada curso tem um número limitado de vagas (25 para cada), pelo que quem estiver interessado em se candidatar, deverá apressar-se a preencher o formulário de pré-inscrição. Os cursos decorrem a partir do fim de Janeiro, aos Sábados de manhã, no OAL, na Tapada da Ajuda, e custam entre 100 € para os Cursos Avançados e 200 € para o Curso de Iniciação (mais 25 € de taxa de pré-inscrição). Para mais informações consultem a página do OAL.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Imagens do eclipse total da Lua desta madrugada!
Esta madrugada em Portugal, o mau tempo não deu tréguas, pelo que poucos terão sido aqueles que conseguiram observar as primeiras fases do eclipse total da Lua (as únicas visíveis a partir do território nacional). Noutros locais do mundo a história foi diferente. Nos Estados Unidos não faltou quem desafiasse as baixas temperaturas da época para registar belas imagens do fenómeno. Na Austrália e na América do Sul, as últimas horas da Primavera garantiram a muitos boas condições para assistir a pelo menos parte do espectáculo.
Para quem não pôde beneficiar da clemência dos elementos, ou para quem queira apenas recordar a beleza do fenómeno, fica aqui o link para uma galeria recheada de fotografias captadas em diversos pontos do mundo. Deixo-vos também este belo vídeo de William Castleman com todas as fases do eclipse.
O eclipse total da Lua de 21 de Dezembro de 2010. As diferentes tonalidades visíveis durante a totalidade resultam de fenómenos de refracção e de dispersão da luz solar na atmosfera terrestre.
Crédito: William Castleman.
Para quem não pôde beneficiar da clemência dos elementos, ou para quem queira apenas recordar a beleza do fenómeno, fica aqui o link para uma galeria recheada de fotografias captadas em diversos pontos do mundo. Deixo-vos também este belo vídeo de William Castleman com todas as fases do eclipse.
O eclipse total da Lua de 21 de Dezembro de 2010. As diferentes tonalidades visíveis durante a totalidade resultam de fenómenos de refracção e de dispersão da luz solar na atmosfera terrestre.
Crédito: William Castleman.
Solstício de Inverno
Ocorre hoje pelas 23:38 (hora de Lisboa) o Solstício. No Hemisfério Norte, este instante marca o início da estação mais fria do ano, o Inverno, e corresponde ao momento em que o Sol atinge a declinação mínima (altura mínima em relação ao equador). Esta estação prolonga-se por 88,99 dias até ao próximo Equinócio que ocorre no dia 20 de Março de 2011 às 23:21 (hora de Lisboa).
A palavra Solstício tem origem latina (Solstitium) e está associada à ideia que o Sol ficaria estacionário ao atingir os pontos extremos de declinação.
A palavra Solstício tem origem latina (Solstitium) e está associada à ideia que o Sol ficaria estacionário ao atingir os pontos extremos de declinação.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Eclipse total da Lua em dia de Solstício de Inverno
As diferentes fases do eclipse total da Lua de 21 de Dezembro de 2010, com respectivo horário na hora de Lisboa. O meio do eclipse ocorrerá logo após o ocaso da Lua em Portugal continental e na Madeira. As regiões mais populosas do Brasil poderão observar grande parte da fase de totalidade no final da madrugada.
Crédito: Larry Koehn (Shadow & Substance).
Amanhã Portugal vai despertar com um eclipse total da Lua. O mais provável é que a intempérie não permita a observação do fenómeno. No entanto, se o mau tempo der umas tréguas, poderão assistir ao nascer do Sol acompanhado a oeste pela Lua em pleno eclipse (caso não tenham sorte, a NASA vai transmitir aqui todo o espectáculo em directo).
Ao contrário do que acontece com os eclipses solares, não é necessário qualquer equipamento especial para observação dos eclipses da Lua. Apenas são recomendáveis céus limpos e bons agasalhos em noites frias como esta.
Curiosamente, o eclipse de amanhã ocorrerá no dia do solstício de Inverno no Hemisfério Norte. Tal coincidência só aconteceu uma vez nos últimos 2 mil anos, no dia 21 de Dezembro de 1638!
Crédito: Larry Koehn (Shadow & Substance).
Amanhã Portugal vai despertar com um eclipse total da Lua. O mais provável é que a intempérie não permita a observação do fenómeno. No entanto, se o mau tempo der umas tréguas, poderão assistir ao nascer do Sol acompanhado a oeste pela Lua em pleno eclipse (caso não tenham sorte, a NASA vai transmitir aqui todo o espectáculo em directo).
Ao contrário do que acontece com os eclipses solares, não é necessário qualquer equipamento especial para observação dos eclipses da Lua. Apenas são recomendáveis céus limpos e bons agasalhos em noites frias como esta.
Curiosamente, o eclipse de amanhã ocorrerá no dia do solstício de Inverno no Hemisfério Norte. Tal coincidência só aconteceu uma vez nos últimos 2 mil anos, no dia 21 de Dezembro de 1638!
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Juntem-se à caçada aos planetas extrasolares!
Tem sido um desafio monumental para a equipa da missão Kepler analisar a montanha de dados produzida em cerca de um ano e meio pelo primeiro telescópio espacial caçador de planetas extrasolares. São quase 150 mil estrelas a serem continuamente monitorizadas pelo Kepler em busca de pistas que possam denunciar em cada uma, um ou mais companheiros planetários.
Para tornar mais célere tal tarefa, os criadores do Galaxy Zoo e do Moon Zoo lançaram um novo interface para a partilha de dados científicos da missão com o cidadão comum. Denominado PlanetHunters, o projecto vai oferecer a todos os que queiram participar, a oportunidade de analisar as curvas dos espectros luminosos das estrelas observadas pelo Kepler, em busca de depressões que possam denunciar um planeta em trânsito. Extrair um objecto candidato destes dados será extremamente difícil. No entanto, caso algum participante tenha sucesso, partilhará os créditos da descoberta com a equipa da missão. Deixo-vos um vídeo com as instruções básicas para a utilização do site.
Boa caçada!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Um mapa da iluminação solar no pólo sul da Lua
Mapa da região do pólo sul da Lua mostrando a negro os locais permanentemente sombrios. O pólo sul encontra-se aproximadamente a meio da imagem, encostado ao rebordo exterior da cratera Shackleton (19 km de diâmetro). Estão incluídas neste mapa todas as regiões a sul dos 88ºS de latitude.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.
A equipa de imagem da Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) publicou ontem no seu blog este magnífico mapa da iluminação solar na região do pólo sul da Lua. Baseado em cerca de 1.700 imagens obtidas pela sonda americana num período de seis meses, o mapa identifica um conjunto de locais permanentemente escondidos da luz solar. O fenómeno resulta da pequena inclinação do eixo de rotação da Lua (1,5º em comparação aos 23,5º da Terra), que deixa o interior de muitas crateras polares submersas na escuridão ao longo de todo o ano. Actuando como verdadeiras armadilhas frias para a água e outros compostos voláteis, estes locais poderão oferecer no futuro recursos fundamentais para o sucesso de missões tripuladas à Lua.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.
A equipa de imagem da Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) publicou ontem no seu blog este magnífico mapa da iluminação solar na região do pólo sul da Lua. Baseado em cerca de 1.700 imagens obtidas pela sonda americana num período de seis meses, o mapa identifica um conjunto de locais permanentemente escondidos da luz solar. O fenómeno resulta da pequena inclinação do eixo de rotação da Lua (1,5º em comparação aos 23,5º da Terra), que deixa o interior de muitas crateras polares submersas na escuridão ao longo de todo o ano. Actuando como verdadeiras armadilhas frias para a água e outros compostos voláteis, estes locais poderão oferecer no futuro recursos fundamentais para o sucesso de missões tripuladas à Lua.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Sonda IKAROS completa viagem até Vénus
De acordo com informação da Emily Lakdawalla no blog da Sociedade Planetária, a missão IKAROS assinalou na semana passada outro marco de sucesso. Depois de ter velejado durante mais de 6 meses ao sabor do vento solar, a sonda nipónica executou no passado dia 8 de Dezembro uma passagem a cerca de 80 mil quilómetros de Vénus. Infelizmente a IKAROS não dispõe de qualquer câmara para assinalar o momento, pelo que vos deixo aqui os únicos dados disponíveis deste encontro: um gráfico publicado no blog da missão mostrando o desvio na trajectória da sonda provocado pela passagem a curta distância do planeta.
Trajectória da sonda IKAROS durante a passagem pelo planeta Vénus a 08 de Dezembro de 2010.
Crédito: ISAS/JAXA.
Trajectória da sonda IKAROS durante a passagem pelo planeta Vénus a 08 de Dezembro de 2010.
Crédito: ISAS/JAXA.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Descoberta uma espiral de poeira em redor do asteróide (596) Scheila
(596) Scheila e a sua nuvem de poeira.
Crédito: Associazione Friulana di Astronomia e Meteorologia.
A União Astronómica Internacional publicou ontem um telegrama (CBET nº2583) com o anúncio da descoberta de uma nuvem de poeira em redor do asteróide (596) Scheila. Steve Larson do Lunar and Planetary Laboratory (Universidade do Arizona) foi o primeiro a notar a forma difusa em imagens captadas através de um dos telescópios do programa Catalina Sky Survey. O fenómeno já foi, entretanto, confirmado por outros observadores.
Concorrem duas hipóteses para explicar a aparência cometária de Scheila. A primeira recorre à possibilidade do impacto de um pequeno objecto poder gerar grandes quantidades de rocha vaporizada em torno de um grande corpo rochoso (à semelhança do que aconteceu com P/2010 A2 (LINEAR)). Para o efeito bastaria um objecto com apenas 1 metro de diâmetro.
A segunda hipótese coloca em causa a própria identidade do asteróide. Provavelmente, Scheila é um dos elusivos cometas da Cintura de Asteróides, objectos com órbitas semelhantes à dos asteróides, mas cujas características físicas são típicas das dos cometas. Nesse caso, a causa da súbita aparição da nuvem de poeira seria a exposição de bolsas de materiais voláteis à radiação solar.
Scheila tem cerca de 113 km de diâmetro. Descoberto a 21 de Fevereiro de 1906 por August Kopff, recebeu o nome de uma aluna inglesa sua conhecida, estudante na Universidade de Heidelberg.
Crédito: Associazione Friulana di Astronomia e Meteorologia.
A União Astronómica Internacional publicou ontem um telegrama (CBET nº2583) com o anúncio da descoberta de uma nuvem de poeira em redor do asteróide (596) Scheila. Steve Larson do Lunar and Planetary Laboratory (Universidade do Arizona) foi o primeiro a notar a forma difusa em imagens captadas através de um dos telescópios do programa Catalina Sky Survey. O fenómeno já foi, entretanto, confirmado por outros observadores.
Concorrem duas hipóteses para explicar a aparência cometária de Scheila. A primeira recorre à possibilidade do impacto de um pequeno objecto poder gerar grandes quantidades de rocha vaporizada em torno de um grande corpo rochoso (à semelhança do que aconteceu com P/2010 A2 (LINEAR)). Para o efeito bastaria um objecto com apenas 1 metro de diâmetro.
A segunda hipótese coloca em causa a própria identidade do asteróide. Provavelmente, Scheila é um dos elusivos cometas da Cintura de Asteróides, objectos com órbitas semelhantes à dos asteróides, mas cujas características físicas são típicas das dos cometas. Nesse caso, a causa da súbita aparição da nuvem de poeira seria a exposição de bolsas de materiais voláteis à radiação solar.
Scheila tem cerca de 113 km de diâmetro. Descoberto a 21 de Fevereiro de 1906 por August Kopff, recebeu o nome de uma aluna inglesa sua conhecida, estudante na Universidade de Heidelberg.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Cavernas em Marte?
A Mars Reconnaissance Orbiter fotografou no passado dia 01 de Novembro de 2010 estes dois grandes buracos (respectivamente, da esquerda para a direita, 180 e 310 metros de diâmetro) no planalto vulcânico de Tharsis, a noroeste de Ascraeus Mons. A imagem foi reprocessada de forma a revelar pormenores do seu interior.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
A câmara de alta resolução HiRISE da Mars Reconnaissance Orbiter continua a fotografar uma variedade impressionante de paisagens na superfície de Marte. Recentemente, observou no planalto a norte de Tharsis Montes, um par de profundos buracos alinhados com o que parece ser uma série de depressões erodidas pelo vento. Ambas as estruturas têm paredes verticais a este e uma inclinação mais suave no rebordo oeste. No seu interior é possível observar grandes blocos rochosos contornados por dunas de areia nos locais mais expostos ao vento. Serão estas estruturas entradas para sistemas de cavernas?
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
A câmara de alta resolução HiRISE da Mars Reconnaissance Orbiter continua a fotografar uma variedade impressionante de paisagens na superfície de Marte. Recentemente, observou no planalto a norte de Tharsis Montes, um par de profundos buracos alinhados com o que parece ser uma série de depressões erodidas pelo vento. Ambas as estruturas têm paredes verticais a este e uma inclinação mais suave no rebordo oeste. No seu interior é possível observar grandes blocos rochosos contornados por dunas de areia nos locais mais expostos ao vento. Serão estas estruturas entradas para sistemas de cavernas?
sábado, 11 de dezembro de 2010
Adeus, Vénus...
O planeta Vénus fotografado a 09 de Dezembro de 2010 pela Akatsuki, a 600 mil quilómetros de distância. Imagem captada pela câmara de ultra-violeta (365 nm de comprimento de onda).
Crédito: ISAS/JAXA.
A JAXA continua a investigar de forma exaustiva as causas da falha técnica que impediu a entrada da Akatsuki na órbita de Vénus. Entretanto, a equipa da missão encontra-se ocupada a testar vários componentes da sonda, incluindo três das cinco câmaras destinadas à observação da atmosfera venusiana. As imagens resultantes deste teste demonstram que, pelo menos, parte do equipamento científico está em excelentes condições. No entanto, são também o espelho de uma triste realidade. Mostram um planeta cada vez mais distante da sonda nipónica; um local que a Akatsuki não voltará a alcançar senão daqui a 6 anos.
Crédito: ISAS/JAXA.
A JAXA continua a investigar de forma exaustiva as causas da falha técnica que impediu a entrada da Akatsuki na órbita de Vénus. Entretanto, a equipa da missão encontra-se ocupada a testar vários componentes da sonda, incluindo três das cinco câmaras destinadas à observação da atmosfera venusiana. As imagens resultantes deste teste demonstram que, pelo menos, parte do equipamento científico está em excelentes condições. No entanto, são também o espelho de uma triste realidade. Mostram um planeta cada vez mais distante da sonda nipónica; um local que a Akatsuki não voltará a alcançar senão daqui a 6 anos.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Sonda japonesa Akatsuki falhou entrada na órbita venusiana
Representação artística da sonda Akatsuki em Vénus.
Crédito: JAXA/Akihiro Ikeshita.
Foi ontem confirmado pela JAXA: a Akatsuki falhou a entrada na órbita de Vénus. De acordo com a agência espacial japonesa, a manobra de inserção orbital foi interrompida permaturamente por uma anomalia que colocou a sonda em modo de segurança.
A Akatsuki encontra-se actualmente numa órbita solar, com cerca de 80% do combustível inicial. Apesar de todos os intrumentos permanecerem operacionais, a sonda adquiriu uma lenta rotação que limita o contacto rádio com a Terra por períodos de 40 segundos. Os engenheiros da missão tem estado a trabalhar na sua estabilização, de forma a poderem recuperar em pleno todas as comunicações. Se tudo correr bem, a Akatsuki terá nova oportunidade para realizar a inserção orbital em Vénus na próxima passagem pelo planeta em Dezembro de 2016.
A JAXA criou, entretanto, uma equipa de investigação para averiguar as causas desta falha. Está também em estudo a programação de algumas actividades científicas alternativas, para o caso da sonda nipónica não conseguir abandonar a sua actual trajectória.
Crédito: JAXA/Akihiro Ikeshita.
Foi ontem confirmado pela JAXA: a Akatsuki falhou a entrada na órbita de Vénus. De acordo com a agência espacial japonesa, a manobra de inserção orbital foi interrompida permaturamente por uma anomalia que colocou a sonda em modo de segurança.
A Akatsuki encontra-se actualmente numa órbita solar, com cerca de 80% do combustível inicial. Apesar de todos os intrumentos permanecerem operacionais, a sonda adquiriu uma lenta rotação que limita o contacto rádio com a Terra por períodos de 40 segundos. Os engenheiros da missão tem estado a trabalhar na sua estabilização, de forma a poderem recuperar em pleno todas as comunicações. Se tudo correr bem, a Akatsuki terá nova oportunidade para realizar a inserção orbital em Vénus na próxima passagem pelo planeta em Dezembro de 2016.
A JAXA criou, entretanto, uma equipa de investigação para averiguar as causas desta falha. Está também em estudo a programação de algumas actividades científicas alternativas, para o caso da sonda nipónica não conseguir abandonar a sua actual trajectória.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Erupção de megafilamento observada pelo SDO
Espectacular erupção de um gigantesco filamento, ilustrada aqui numa animação construída com 40 imagens captadas a 06 de Dezembro de 2010 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory, através do canal de 304 Å (He II).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/animação de Sérgio Paulino.
O Solar Dynamics Observatory observou anteontem a erupção de um megafilamento magnético com cerca de 700 mil quilómetros de comprimento! A gigantesca estrutura manteve-se estável acima da superfície solar durante pelo menos uma semana, antes de colapsar perto do rebordo sudoeste do disco solar. Apesar de violenta, esta erupção não deverá produzir qualquer alteração significativa na actividade geomagnética.
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/animação de Sérgio Paulino.
O Solar Dynamics Observatory observou anteontem a erupção de um megafilamento magnético com cerca de 700 mil quilómetros de comprimento! A gigantesca estrutura manteve-se estável acima da superfície solar durante pelo menos uma semana, antes de colapsar perto do rebordo sudoeste do disco solar. Apesar de violenta, esta erupção não deverá produzir qualquer alteração significativa na actividade geomagnética.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Vida baseada no Arsénio
GFAJ-1, uma estirpe de gamaproteobactérias da família Halomonadaceae, crescendo em meio rico em arsénio e sem fósforo.
Crédito: Jodi Switzer Blum.
Foi uma longa semana de intensa especulação até ao anúncio oficial da NASA, na passada quinta-feira, da descoberta de uma bactéria extremófila que pode substituir o fósforo (P) por arsénio (As) em todos os seus processos metabólicos. Depois de um sem número de mentiras disseminadas pela internet (a maioria relacionando a conferência de imprensa com a descoberta de vida extraterrestre), a verdadeira notícia revelou-se igualmente bombástica em muitos aspectos. Nos meios científicos foi recebida com grande entusiasmo - aqui estava uma forma de vida que aparentemente poderia sobreviver sem um dos seis elementos considerados essenciais para a vida: carbono, oxigénio, hidrogénio, azoto, enxofre e fósforo. Nos meios de comunicação social foi repeditadamente mal interpretada, perdendo grande parte dos pormenores que a tornavam importante - a notícia nada tinha a ver com vida extraterrestre, apenas tinha fortes implicações na forma como definimos vida e como a procuramos em ambientes fora da Terra.
Não vou divagar mais sobre a importância desta (alegada) descoberta, porque outros já o fizeram de forma exaustiva em português aqui, e em inglês aqui, aqui e aqui. No entanto, passados alguns dias, achei que valeria a pena pronunciar-me um pouco sobre a validade do trabalho apresentado pelo grupo de investigadores do Instituto de Astrobiologia da NASA.
Não sou um perito em Microbiologia, mas bastou uma leitura cuidadosa do respectivo artigo para que a minha opinião inicial sobre a dimensão desta descoberta fosse afectada. Pareceu-me que, tal como já havia acontecido com o anúncio da descoberta de estruturas fossilizadas com possível origem biológica num meteorito proveniente de Marte, a NASA montou rapidamente um circo mediático com base num trabalho pouco sustentado pela evidência científica. São demasiado grandiosas as conclusões a que os investigadores chegam, tendo em conta que não apresentam uma prova definitiva de que as bactérias usadas no estudo tenham, de facto, incorporado o elemento As em moléculas tão vitais como o ADN, o ATP ou os fosfolípidos. Sem esta permissa, penso que o aparato da passada quinta-feira não faz qualquer sentido.
É lamentável que uma instituição como a NASA (e, já agora, uma revista conceituada como a Science) suporte e promova trabalhos científicos com pouca resistência à crítica fundamentada como a que é apresentada, por exemplo, neste artigo. Este tipo de atitude foi prática corrente, por exemplo, em missões emblemáticas como a missão Galileo, onde o apoio incondicional a um grupo restrito de investigadores promoveu o mediatismo de conceitos fracamente fundamentados (e, provavelmente, incorrectos) sobre a geologia de Europa (para mais pormenores, aconselho a leitura deste livro). É uma atitude que mistura política de financiamento com jogos de poder, e que em nada benificia a ciência e a sua imagem na sociedade. Neste campo ganharíamos todos se a NASA aprendesse com os seus próprios erros, e usasse apenas o rigor científico para promover os seus colaboradores e respectivas instituições.
Crédito: Jodi Switzer Blum.
Foi uma longa semana de intensa especulação até ao anúncio oficial da NASA, na passada quinta-feira, da descoberta de uma bactéria extremófila que pode substituir o fósforo (P) por arsénio (As) em todos os seus processos metabólicos. Depois de um sem número de mentiras disseminadas pela internet (a maioria relacionando a conferência de imprensa com a descoberta de vida extraterrestre), a verdadeira notícia revelou-se igualmente bombástica em muitos aspectos. Nos meios científicos foi recebida com grande entusiasmo - aqui estava uma forma de vida que aparentemente poderia sobreviver sem um dos seis elementos considerados essenciais para a vida: carbono, oxigénio, hidrogénio, azoto, enxofre e fósforo. Nos meios de comunicação social foi repeditadamente mal interpretada, perdendo grande parte dos pormenores que a tornavam importante - a notícia nada tinha a ver com vida extraterrestre, apenas tinha fortes implicações na forma como definimos vida e como a procuramos em ambientes fora da Terra.
Não vou divagar mais sobre a importância desta (alegada) descoberta, porque outros já o fizeram de forma exaustiva em português aqui, e em inglês aqui, aqui e aqui. No entanto, passados alguns dias, achei que valeria a pena pronunciar-me um pouco sobre a validade do trabalho apresentado pelo grupo de investigadores do Instituto de Astrobiologia da NASA.
Não sou um perito em Microbiologia, mas bastou uma leitura cuidadosa do respectivo artigo para que a minha opinião inicial sobre a dimensão desta descoberta fosse afectada. Pareceu-me que, tal como já havia acontecido com o anúncio da descoberta de estruturas fossilizadas com possível origem biológica num meteorito proveniente de Marte, a NASA montou rapidamente um circo mediático com base num trabalho pouco sustentado pela evidência científica. São demasiado grandiosas as conclusões a que os investigadores chegam, tendo em conta que não apresentam uma prova definitiva de que as bactérias usadas no estudo tenham, de facto, incorporado o elemento As em moléculas tão vitais como o ADN, o ATP ou os fosfolípidos. Sem esta permissa, penso que o aparato da passada quinta-feira não faz qualquer sentido.
É lamentável que uma instituição como a NASA (e, já agora, uma revista conceituada como a Science) suporte e promova trabalhos científicos com pouca resistência à crítica fundamentada como a que é apresentada, por exemplo, neste artigo. Este tipo de atitude foi prática corrente, por exemplo, em missões emblemáticas como a missão Galileo, onde o apoio incondicional a um grupo restrito de investigadores promoveu o mediatismo de conceitos fracamente fundamentados (e, provavelmente, incorrectos) sobre a geologia de Europa (para mais pormenores, aconselho a leitura deste livro). É uma atitude que mistura política de financiamento com jogos de poder, e que em nada benificia a ciência e a sua imagem na sociedade. Neste campo ganharíamos todos se a NASA aprendesse com os seus próprios erros, e usasse apenas o rigor científico para promover os seus colaboradores e respectivas instituições.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Sobrevoando belas paisagens marcianas
Já vos tinha falado aqui e aqui de algumas das espectaculares animações 3D criadas por Adrian Lark. Recentemente, Adrian publicou no seu canal do YouTube mais animações simulando voos sobre paisagens marcianas. Deixo-vos aqui as minhas favoritas.
Zumba, uma cratera bastante recente com cerca de 3 km de diâmetro, localizada em Daedalia Planum, a sudoeste dos grandes vulcões de Tharsis. Animação 3D criada por Adrian Lark (Mars3D.com), a partir de modelos topográficos digitais e imagens da NASA.
Crédito: Adrian Lark (animação)/NASA /JPL/UA(dados topográficos e imagens).
Uma duna com 200 metros de altura e a evidência de uma avalanche de areia. Animação 3D criada por Adrian Lark (Mars3D.com), a partir de modelos topográficos digitais e imagens da NASA.
Zumba, uma cratera bastante recente com cerca de 3 km de diâmetro, localizada em Daedalia Planum, a sudoeste dos grandes vulcões de Tharsis. Animação 3D criada por Adrian Lark (Mars3D.com), a partir de modelos topográficos digitais e imagens da NASA.
Crédito: Adrian Lark (animação)/NASA /JPL/UA(dados topográficos e imagens).
Uma duna com 200 metros de altura e a evidência de uma avalanche de areia. Animação 3D criada por Adrian Lark (Mars3D.com), a partir de modelos topográficos digitais e imagens da NASA.
Crédito: Adrian Lark (animação)/NASA /JPL/UA (dados topográficos e imagens).
Estranha Hiperião
Hiperião, a oitava maior lua de Saturno. Para criar esta composição em cores aproximadamente verdadeiras, foram combinadas imagens captadas a 28 de Novembro de 2010, a uma distância de cerca de 113 mil quilómetros, pelo sistema de imagem da sonda Cassini, através de filtros de ultravioleta (338 nm), verde (568 nm) e infravermelho próximo (752 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.
Depois de ter permanecido mais de 3 semanas em modo de segurança devido a um erro grave no computador de bordo, a sonda Cassini regressou na semana passada ao seu normal funcionamento. A actividade científica da missão foi reiniciada no passado dia 26 de Novembro, primeiro com uma pequena série de observações da lua Titã a uma distância de 1,94 milhões de quilómetros, e posteriormente com a captação de imagens do pólo sul de Saturno, em busca da esquiva aurora austral. No domingo, a Cassini efectou uma passagem não programada por Hiperião, uma grande lua de forma irregular localizada numa órbita exterior à de Titã.
Animação composta por 7 imagens captadas pela sonda Cassini a 28 de Novembro de 2010, durante a sua aproximação a Hiperião.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.
Hiperião é talvez a lua mais estranha de Saturno. A sua superfície encontra-se coberta por crateras profundas que lhe conferem o aspecto de uma esponja. No fundo de grande parte das crateras é possível observar a presença de um material escuro: provavelmente compostos orgânicos acumulados pela lenta sublimação de materiais voláteis nestes locais.
No entanto, a semelhança de Hiperião com uma esponja vai além do seu aspecto. Dados obtidos pela sonda Cassini durante as suas passagens pela lua em 2005 e 2006 confirmaram que Hiperião tem uma porosidade superior a 40%, o que sugere uma estrutura interna semelhante a uma pilha de fragmentos de gelo e poeira fracamente acrecionados pela força da gravidade.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.
Depois de ter permanecido mais de 3 semanas em modo de segurança devido a um erro grave no computador de bordo, a sonda Cassini regressou na semana passada ao seu normal funcionamento. A actividade científica da missão foi reiniciada no passado dia 26 de Novembro, primeiro com uma pequena série de observações da lua Titã a uma distância de 1,94 milhões de quilómetros, e posteriormente com a captação de imagens do pólo sul de Saturno, em busca da esquiva aurora austral. No domingo, a Cassini efectou uma passagem não programada por Hiperião, uma grande lua de forma irregular localizada numa órbita exterior à de Titã.
Animação composta por 7 imagens captadas pela sonda Cassini a 28 de Novembro de 2010, durante a sua aproximação a Hiperião.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.
Hiperião é talvez a lua mais estranha de Saturno. A sua superfície encontra-se coberta por crateras profundas que lhe conferem o aspecto de uma esponja. No fundo de grande parte das crateras é possível observar a presença de um material escuro: provavelmente compostos orgânicos acumulados pela lenta sublimação de materiais voláteis nestes locais.
No entanto, a semelhança de Hiperião com uma esponja vai além do seu aspecto. Dados obtidos pela sonda Cassini durante as suas passagens pela lua em 2005 e 2006 confirmaram que Hiperião tem uma porosidade superior a 40%, o que sugere uma estrutura interna semelhante a uma pilha de fragmentos de gelo e poeira fracamente acrecionados pela força da gravidade.
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