O lago Don Juan, numa imagem obtida pelo satélite Earth Observing-1, a 03 de janeiro de 2014.
Crédito: Jesse Allen usando dados providenciados pela equipa do EO-1 e pelo USGS/Anotações de Sérgio Paulino.
O lago mais salgado do mundo encontra-se aninhado no extremo oeste do Vale de Wright, um dos desfiladeiros que formam o sistema de vales secos de McMurdo, na Antártida. Fustigados por poderosos ventos catabáticos, estes profundos vales contam-se entre os ambientes mais inóspitos da Terra.
No Vale de Wright, as temperaturas médias anuais rondam os -19,8º C, e a precipitação média anual é inferior a 100 mm. Os poucos lagos aí existentes encontram-se cobertos por uma espessa camada de gelo com alguns metros de espessura, e são alimentados pela pouca água fornecida pelo degelo sazonal dos glaciares que cobrem as montanhas em seu redor.
O lago Don Juan é a única exceção. Com um comprimento de aproximadamente 300 metros e uma profundidade máxima de poucas dezenas de centímetros, o pequeno lago é tão salgado que as suas águas ricas em cloreto de cálcio raramente congelam. A sua salinidade ultrapassa os 400 ‰, o que o torna significativamente mais salgado que outros lagos hipersalinos do mundo.
Câmara documentando alterações no lago Don Juan.
Crédito: Geological Sciences/Brown University.
Os cientistas suspeitavam que Don Juan era alimentado por nascentes subterrâneas, no entanto, geólogos da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, publicaram recentemente um trabalho onde demonstram que a água do lago provém, muito provavelmente, da atmosfera. Usando uma câmara instalada no topo de uma das encostas que ladeiam o pequeno lago, a equipa liderada por Jay Dickson e James Head descobriu que os sais presentes no solo do vale absorvem a humidade do ar, através de um processo denominado deliquescência, formando fluídos saturados que rasgam pequenas linhas de água à medida que escorrem em direção ao lago.
Um dos aspetos mais fascinantes de Don Juan é a possibilidade da existência de vida microscópica nas suas águas hipersalinas. As linhas de água formadas nas suas margens assemelham-se às linhas de declive recorrentes, visíveis em encostas na superfície de Marte, pelo que a descoberta de organismos vivos num ambiente tão extremo tornaria mais plausível a ideia de que a vida poderá existir, ou ter existido, em sistemas hidrológicos hipersalinos no planeta vermelho.
Crédito: Jesse Allen usando dados providenciados pela equipa do EO-1 e pelo USGS/Anotações de Sérgio Paulino.
O lago mais salgado do mundo encontra-se aninhado no extremo oeste do Vale de Wright, um dos desfiladeiros que formam o sistema de vales secos de McMurdo, na Antártida. Fustigados por poderosos ventos catabáticos, estes profundos vales contam-se entre os ambientes mais inóspitos da Terra.
No Vale de Wright, as temperaturas médias anuais rondam os -19,8º C, e a precipitação média anual é inferior a 100 mm. Os poucos lagos aí existentes encontram-se cobertos por uma espessa camada de gelo com alguns metros de espessura, e são alimentados pela pouca água fornecida pelo degelo sazonal dos glaciares que cobrem as montanhas em seu redor.
O lago Don Juan é a única exceção. Com um comprimento de aproximadamente 300 metros e uma profundidade máxima de poucas dezenas de centímetros, o pequeno lago é tão salgado que as suas águas ricas em cloreto de cálcio raramente congelam. A sua salinidade ultrapassa os 400 ‰, o que o torna significativamente mais salgado que outros lagos hipersalinos do mundo.
Câmara documentando alterações no lago Don Juan.
Crédito: Geological Sciences/Brown University.
Os cientistas suspeitavam que Don Juan era alimentado por nascentes subterrâneas, no entanto, geólogos da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, publicaram recentemente um trabalho onde demonstram que a água do lago provém, muito provavelmente, da atmosfera. Usando uma câmara instalada no topo de uma das encostas que ladeiam o pequeno lago, a equipa liderada por Jay Dickson e James Head descobriu que os sais presentes no solo do vale absorvem a humidade do ar, através de um processo denominado deliquescência, formando fluídos saturados que rasgam pequenas linhas de água à medida que escorrem em direção ao lago.
Um dos aspetos mais fascinantes de Don Juan é a possibilidade da existência de vida microscópica nas suas águas hipersalinas. As linhas de água formadas nas suas margens assemelham-se às linhas de declive recorrentes, visíveis em encostas na superfície de Marte, pelo que a descoberta de organismos vivos num ambiente tão extremo tornaria mais plausível a ideia de que a vida poderá existir, ou ter existido, em sistemas hidrológicos hipersalinos no planeta vermelho.
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