Em Maio passado escrevi aqui sobre o recente desaparecimento da Cintura Equatorial Sul (CES) de Júpiter, uma das duas proeminentes bandas escuras visíveis na face do gigante gasoso. Este é um fenómeno recorrente que já terá acontecido pelo menos 14 vezes desde a sua descoberta no início do século XX. Geralmente, a CES recupera o seu aspecto normal ao fim de 1 a 3 anos, após uma complexa sequência de fenómenos meteorológicos globais que se desenvolvem a partir de um pequeno e súbito foco de instabilidade atmosférica na região equatorial de Júpiter (ver o artigo de 1996 de A. Sanchez-Lavega e J. M. Gomez "The South Equatorial Belt of Jupiter, I: Its Life Cycle" para mais informações).
Duas imagens de Júpiter obtidas pelo astrónomo amador Anthony Wesley, com cerca de um ano de intervalo. A Cintura Equatorial Sul (CES) desapareceu este ano, deixando a Cintura Equatorial Norte (CEN) como única banda escura visível através de pequenos telescópios.
Crédito: Anthony Wesley / anotações e montagem de Sérgio Paulino.
Desde que o desvanecimento da CES foi notado, os astrónomos têm monitorizado o planeta em busca desse primeiro foco de instabilidade. Aparentemente a espera terminou esta semana. No dia 9 de Novembro, o astrónomo amador Christopher Go localizou uma mancha esbranquiçada anómala acima das nuvens jovianas equatoriais, que poderá corresponder ao início do tão aguardado fenómeno. A mancha já foi observada entretanto por outros astrónomos, que não só confirmaram a sua presença como também verificaram mudanças dramáticas no seu aspecto. Será mesmo este o início do regresso da CES à face de Júpiter?
Pequena instabilidade atmosférica na região equatorial de Júpiter, numa imagem captada através de um telescópio amador a 12 de Novembro de 2010.
Crédito: Christopher Go.
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