O asteróide P/2013 P5 numa imagem obtida pelo telescópio espacial Hubble a 10 de Setembro de 2013.
Crédito:NASA/ESA/D. Jewitt (Universidade da California, Los Angeles), J. Agarwal (Instituto Max Planck para a Pesquisa do Sistema Solar), H. Weaver (Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Johns Hopkins), M. Mutchler (STScI) e S. Larson (Universidade do Arizona).
Uma equipa de cientistas liderada pelo astrónomo David Jewitt usou o telescópio espacial Hubble para observar um extraordinário sistema de seis caudas de poeira num objecto com uma órbita típica dos asteróides, na região mais interior da Cintura de Asteróides. Denominado P/2013 P5 (PANSTARRS), este intrigante objecto é, provavelmente, um pequeno asteróide num processo de desintegração provocado por uma instabilidade rotacional.
P/2013 P5 foi descoberto no passado dia 27 de Agosto, em imagens obtidas pelo sistema Pan-STARRS, no Hawaii. Normalmente, os asteróides surgem nos telescópios como pequenos pontos de luz, mas P/2013 P5 aparentava ser um objecto invulgarmente difuso.
Observações realizadas pelo telescópio Hubble a 10 de Setembro viriam a desvendar um surpreendente sistema de múltiplas caudas em redor de um pequeno núcleo, com pouco mais de 400 metros de diâmetro. No entanto, mais surpresas seriam reveladas quando o Hubble voltou a observar o asteróide a 23 de Setembro. A sua aparência mudara radicalmente em apenas 2 semanas, como se toda a estrutura tivesse rodado sobre si.
"Ficámos literalmente estupefactos quando o vimos", disse Jewitt, astrónomo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos. "Ainda mais extraordinário foi o facto das estruturas da sua cauda terem mudado dramaticamente em apenas 13 dias (...). Isso também nos apanhou de surpresa. Custa a acreditar que estamos a olhar para um asteróide."
A equipa descarta a hipótese do fenómeno ter tido origem numa colisão de asteróides, uma vez que tal evento teria levado à libertação de grandes quantidades de poeira de uma só vez. Lewitt e colegas sugerem que, pelo contrário, P/2013 P5 deverá ter ejectado poeira para o espaço de forma periódica nos últimos 5 meses.
Cálculos realizados por Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck, em Lindau, na Alemanha, mostram que as caudas foram produzidas por uma série de ejecções ocorridas a 15 de Abril, 18 de Julho, 24 de Julho, 8 de Agosto, 26 de Agosto e 4 de Setembro. "Dadas as nossas observações e modelos, deduzimos que P/2013 P5 poderá estar a perder poeira à medida que gira a grande velocidade", afirmou Agarwal. "A radiação solar arrasta estas poeiras, formando as distintivas caudas que observamos."
A equipa sugere que o asteróide poderá ter acelerado a sua rotação à medida que a pressão da radiação solar foi exercendo um momento de força sobre o seu corpo. Jewitt afirma que, se a taxa de rotação for suficientemente elevada, a fraca gravidade do asteróide será incapaz de manter a sua integridade à superfície, levando à eventual perda de poeira para o espaço a partir da região do equador. Até agora, o asteróide deverá ter deixado escapar apenas uma pequena fracção da sua massa (provavelmente, entre 100 a 1.000 toneladas de poeira).
Jewitt e colegas tencionam realizar novas observações, não só para medir a velocidade de rotação do asteróide, como também para determinar se as poeiras são ejectadas preferencialmente no plano equatorial. Caso se confirme esta hipótese, esta será uma forte evidência de que o asteróide se encontra num processo de fragmentação provocado pela rotação.
Esta interpretação sugere que este fenómeno poderá ser relativamente comum na Cintura de Asteróides. "Em astronomia, quando encontramos um, acabamos sempre por encontrar mais um monte deles." afirmou Jewitt. "Este é um objecto espantoso e quase de certeza o primeiro de muitos."
Este trabalho foi publicado ontem na revista Astrophysical Journal Letters. Podem ler o artigo completo aqui.
Crédito:NASA/ESA/D. Jewitt (Universidade da California, Los Angeles), J. Agarwal (Instituto Max Planck para a Pesquisa do Sistema Solar), H. Weaver (Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Johns Hopkins), M. Mutchler (STScI) e S. Larson (Universidade do Arizona).
Uma equipa de cientistas liderada pelo astrónomo David Jewitt usou o telescópio espacial Hubble para observar um extraordinário sistema de seis caudas de poeira num objecto com uma órbita típica dos asteróides, na região mais interior da Cintura de Asteróides. Denominado P/2013 P5 (PANSTARRS), este intrigante objecto é, provavelmente, um pequeno asteróide num processo de desintegração provocado por uma instabilidade rotacional.
P/2013 P5 foi descoberto no passado dia 27 de Agosto, em imagens obtidas pelo sistema Pan-STARRS, no Hawaii. Normalmente, os asteróides surgem nos telescópios como pequenos pontos de luz, mas P/2013 P5 aparentava ser um objecto invulgarmente difuso.
Observações realizadas pelo telescópio Hubble a 10 de Setembro viriam a desvendar um surpreendente sistema de múltiplas caudas em redor de um pequeno núcleo, com pouco mais de 400 metros de diâmetro. No entanto, mais surpresas seriam reveladas quando o Hubble voltou a observar o asteróide a 23 de Setembro. A sua aparência mudara radicalmente em apenas 2 semanas, como se toda a estrutura tivesse rodado sobre si.
"Ficámos literalmente estupefactos quando o vimos", disse Jewitt, astrónomo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos. "Ainda mais extraordinário foi o facto das estruturas da sua cauda terem mudado dramaticamente em apenas 13 dias (...). Isso também nos apanhou de surpresa. Custa a acreditar que estamos a olhar para um asteróide."
A equipa descarta a hipótese do fenómeno ter tido origem numa colisão de asteróides, uma vez que tal evento teria levado à libertação de grandes quantidades de poeira de uma só vez. Lewitt e colegas sugerem que, pelo contrário, P/2013 P5 deverá ter ejectado poeira para o espaço de forma periódica nos últimos 5 meses.
Cálculos realizados por Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck, em Lindau, na Alemanha, mostram que as caudas foram produzidas por uma série de ejecções ocorridas a 15 de Abril, 18 de Julho, 24 de Julho, 8 de Agosto, 26 de Agosto e 4 de Setembro. "Dadas as nossas observações e modelos, deduzimos que P/2013 P5 poderá estar a perder poeira à medida que gira a grande velocidade", afirmou Agarwal. "A radiação solar arrasta estas poeiras, formando as distintivas caudas que observamos."
A equipa sugere que o asteróide poderá ter acelerado a sua rotação à medida que a pressão da radiação solar foi exercendo um momento de força sobre o seu corpo. Jewitt afirma que, se a taxa de rotação for suficientemente elevada, a fraca gravidade do asteróide será incapaz de manter a sua integridade à superfície, levando à eventual perda de poeira para o espaço a partir da região do equador. Até agora, o asteróide deverá ter deixado escapar apenas uma pequena fracção da sua massa (provavelmente, entre 100 a 1.000 toneladas de poeira).
Jewitt e colegas tencionam realizar novas observações, não só para medir a velocidade de rotação do asteróide, como também para determinar se as poeiras são ejectadas preferencialmente no plano equatorial. Caso se confirme esta hipótese, esta será uma forte evidência de que o asteróide se encontra num processo de fragmentação provocado pela rotação.
Esta interpretação sugere que este fenómeno poderá ser relativamente comum na Cintura de Asteróides. "Em astronomia, quando encontramos um, acabamos sempre por encontrar mais um monte deles." afirmou Jewitt. "Este é um objecto espantoso e quase de certeza o primeiro de muitos."
Este trabalho foi publicado ontem na revista Astrophysical Journal Letters. Podem ler o artigo completo aqui.
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