Tenho um amigo que viveu grande parte da sua infância numa pequena cidade do sudeste de Ontário, Canadá. No outro dia perguntei-lhe se alguma vez tinha visitado Sudbury (uma cidade localizada a algumas centenas de quilómetros a norte), e se sabia algo sobre o seu curioso passado geológico. Ele respondeu-me que tinha passado por lá há alguns anos, mas que não sabia nem tinha notado na altura qualquer vestígio invulgar na paisagem.
De facto, quem visita Sudbury não imagina que os seus edifícios foram erigidos sobre a cicatriz de um dos mais violentos impactos ocorridos na Terra. Actualmente com pouco mais de 150 mil habitantes, a cidade deve o seu florescimento à exploração mineira dos vastos depósitos de Ni (níquel) existentes no seu subsolo. Descobertos nos finais do século XIX, os depósitos de minério de Sudbury albergam as maiores reservas mundiais de Ni e Cu (cobre) do mundo. No entanto, os recursos minerais da região não se limitam apenas a estes dois metais. Nas minas de Sudbury foram já extraídas quantidades apreciáveis de Co (cobalto), Au (ouro), Pt (platina), Pd (paládio), Rh (ródio), Ru (ruténio), Ir (irídio), Ag (prata), Se (selénio) e Te (telúrio) (para mais informações sobre os recursos minerais de Sudbury, ver aqui).
A bacia de Sudbury. A rosa está representada a área metropolitana da cidade de Sudbury. O lago Wanapitei, localizado a leste, é uma segunda cratera de impacto, formada posteriormente ao evento de Sudbury, há cerca de 37 milhões de anos (Eoceno).
Crédito: Atlogis (adaptado por Sérgio Paulino).
No seu conjunto, os depósitos de minério de Sudbury distribuem-se na periferia de uma unidade geológica ovalada conhecida por Complexo Ígneo Eruptivo de Sudbury. Esta estrutura é contemporânea de uma segunda unidade mais exterior constituída por brecha, que delimita uma bacia elíptica com cerca de 60 km de comprimento. Esta bacia é tudo o que resta na superfície do evento catalísmico que assolou a região há 1,85 mil milhões de anos (segunda metade da Era Paleoproterozóica).
Brecha fotografada na bacia de Sudbury.
Crédito: LPI.
Com uma diâmetro original estimado de 190 a 260 km, a bacia de Sudbury foi esculpida pelo impacto de um asteróide com 10 a 15 km de diâmetro. A sua actual forma elíptica é resultado da deformação da crusta terrestre ocorrida na região durante as últimas fases da Orogenia Penokeana (um dos mais importantes episódios geológicos ocorridos na América do Norte). O impacto foi de tal forma violento que espalhou ejecta por uma área superior a 1,5 milhões de km2 (foram encontradas brechas provenientes de Sudbury em locais tão distantes como o norte de Minnesota, nos EUA).
Na altura, os continentes eram vastas superfícies áridas, mas nos oceanos e nas regiões costeiras a vida florescia. A Terra era ainda um planeta relativamente jovem e a vida dava os seus primeiros passos num ambiente ainda hostil. Nas águas pouco profundas cresciam os estromatólitos, estruturas formadas por carbonato de cálcio, erigidas por grandes colónias de cianobactérias, organismos vivos fotossintéticos dominantes em grande parte da Era Paleoproterozóica (2,5 a 1,6 mil milhões anos atrás).
De facto, quem visita Sudbury não imagina que os seus edifícios foram erigidos sobre a cicatriz de um dos mais violentos impactos ocorridos na Terra. Actualmente com pouco mais de 150 mil habitantes, a cidade deve o seu florescimento à exploração mineira dos vastos depósitos de Ni (níquel) existentes no seu subsolo. Descobertos nos finais do século XIX, os depósitos de minério de Sudbury albergam as maiores reservas mundiais de Ni e Cu (cobre) do mundo. No entanto, os recursos minerais da região não se limitam apenas a estes dois metais. Nas minas de Sudbury foram já extraídas quantidades apreciáveis de Co (cobalto), Au (ouro), Pt (platina), Pd (paládio), Rh (ródio), Ru (ruténio), Ir (irídio), Ag (prata), Se (selénio) e Te (telúrio) (para mais informações sobre os recursos minerais de Sudbury, ver aqui).
A bacia de Sudbury. A rosa está representada a área metropolitana da cidade de Sudbury. O lago Wanapitei, localizado a leste, é uma segunda cratera de impacto, formada posteriormente ao evento de Sudbury, há cerca de 37 milhões de anos (Eoceno).
Crédito: Atlogis (adaptado por Sérgio Paulino).
No seu conjunto, os depósitos de minério de Sudbury distribuem-se na periferia de uma unidade geológica ovalada conhecida por Complexo Ígneo Eruptivo de Sudbury. Esta estrutura é contemporânea de uma segunda unidade mais exterior constituída por brecha, que delimita uma bacia elíptica com cerca de 60 km de comprimento. Esta bacia é tudo o que resta na superfície do evento catalísmico que assolou a região há 1,85 mil milhões de anos (segunda metade da Era Paleoproterozóica).
Brecha fotografada na bacia de Sudbury.
Crédito: LPI.
Com uma diâmetro original estimado de 190 a 260 km, a bacia de Sudbury foi esculpida pelo impacto de um asteróide com 10 a 15 km de diâmetro. A sua actual forma elíptica é resultado da deformação da crusta terrestre ocorrida na região durante as últimas fases da Orogenia Penokeana (um dos mais importantes episódios geológicos ocorridos na América do Norte). O impacto foi de tal forma violento que espalhou ejecta por uma área superior a 1,5 milhões de km2 (foram encontradas brechas provenientes de Sudbury em locais tão distantes como o norte de Minnesota, nos EUA).
Na altura, os continentes eram vastas superfícies áridas, mas nos oceanos e nas regiões costeiras a vida florescia. A Terra era ainda um planeta relativamente jovem e a vida dava os seus primeiros passos num ambiente ainda hostil. Nas águas pouco profundas cresciam os estromatólitos, estruturas formadas por carbonato de cálcio, erigidas por grandes colónias de cianobactérias, organismos vivos fotossintéticos dominantes em grande parte da Era Paleoproterozóica (2,5 a 1,6 mil milhões anos atrás).
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