Aranhas marcianas?... Não, este artigo não é sobre estranhas criaturas verdes com 8 olhos e 8 patas (hmm... na verdade, esses seres existem por cá, na Terra). As aranhas marcianas são antes curiosas estruturas dendríticas com 100 a 1.000 metros de diâmetro, que os cientistas acreditam serem geradas por erupções de gêiseres de dióxido de carbono (CO2) durante a estação primaveril nas superfícies geladas do pólo sul de Marte.
Resumidamente, o que acontece é que, no Inverno, o CO2 solidifica numa camada translúcida sobre as superfícies arenosas das regiões mais meridionais do planeta vermelho. À medida que a Primavera chega a estas regiões, os raios solares atravessam a camada superficial de gelo e aquecem o solo arenoso, provocando a sublimação do CO2 e a sua acumulação abaixo da superfície. Quando o gás pressurizado finalmente vence a resistência da camada de gelo, irrompe numa violenta erupção, produzindo uma rede de fracturas divergentes em seu redor. Com a erupção são arrastadas poeiras escuras das camadas inferiores que se depositam sobre toda a estrutura, conferindo-lhe um aspecto característico que se destaca na paisagem.
Representação artística das erupções primaveris de CO2 na calote polar do pólo sul de Marte.
Crédito: Arizona State University/Ron Miller.
Estruturas dendríticas observadas nas regiões mais meridionais de Promethei Terra. Imagem obtida a 04 de Fevereiro de 2009 pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (largura da imagem correspondente a 1 km).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona.
Claro que a sua sazonalidade e o seu aspecto levam alguns cientistas a considerar a possibilidade destas estruturas serem uma evidência de actividade biológica em Marte, uma hipótese também acarinhada pelos mais acérrimos defensores de todo o tipo de teorias de conspiração relativas ao planeta vermelho. Enfim... um novo estudo parece ter afastado irremediavelmente esta hipótese.
Recentemente, um grupo de investigadores liderado por Simon de Villiers (Universidade de Oslo) recriou as aranhas marcianas em laboratório. Usando uma célula de Hele-Shaw preenchida com um fino material granular não consolidado (pequenas esferas de vidro), a equipa conseguiu gerar padrões araneiformes semelhantes às estruturas observadas na superfície de Marte.
Aranhas marcianas (a) e as suas congéneres de laboratório (b) criadas por de Villiers e colegas.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona/S. de Villiers et al., 2012.
Para recriarem as aranhas marcianas, de Villiers e colegas perfuraram a superfície da célula (uma fina película de vidro), puxando-a depois para cima para permitirem a entrada do ar no interior da célula sem perturbarem o material granular. Posteriormente, os investigadores deixaram a superfície regressar à sua posição original, provocando a saída apressada do ar pelo orifício. A repetição de vários ciclos semelhantes conduziu finalmente à formação dos padrões dendríticos característicos das estruturas marcianas. A equipa observou ainda a formação de canais rectilíneos com oscilações quase periódicas, estruturas semelhantes aos meandros observados nos rios terrestres. Com estes resultados, os investigadores concluem que "a experiência demonstra que a erosão do material granular causado pelo fluxo do gás e sua expulsão gera padrões semelhantes aos araneiformes marcianos", o que "suporta a hipótese de que estas estruturas são produzidas por erupções de CO2 durante a Primavera" no pólo sul de Marte.
Este artigo foi publicado este mês na revista Geophysical Research Letters (podem ler o resumo aqui).
Resumidamente, o que acontece é que, no Inverno, o CO2 solidifica numa camada translúcida sobre as superfícies arenosas das regiões mais meridionais do planeta vermelho. À medida que a Primavera chega a estas regiões, os raios solares atravessam a camada superficial de gelo e aquecem o solo arenoso, provocando a sublimação do CO2 e a sua acumulação abaixo da superfície. Quando o gás pressurizado finalmente vence a resistência da camada de gelo, irrompe numa violenta erupção, produzindo uma rede de fracturas divergentes em seu redor. Com a erupção são arrastadas poeiras escuras das camadas inferiores que se depositam sobre toda a estrutura, conferindo-lhe um aspecto característico que se destaca na paisagem.
Representação artística das erupções primaveris de CO2 na calote polar do pólo sul de Marte.
Crédito: Arizona State University/Ron Miller.
Estruturas dendríticas observadas nas regiões mais meridionais de Promethei Terra. Imagem obtida a 04 de Fevereiro de 2009 pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (largura da imagem correspondente a 1 km).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona.
Claro que a sua sazonalidade e o seu aspecto levam alguns cientistas a considerar a possibilidade destas estruturas serem uma evidência de actividade biológica em Marte, uma hipótese também acarinhada pelos mais acérrimos defensores de todo o tipo de teorias de conspiração relativas ao planeta vermelho. Enfim... um novo estudo parece ter afastado irremediavelmente esta hipótese.
Recentemente, um grupo de investigadores liderado por Simon de Villiers (Universidade de Oslo) recriou as aranhas marcianas em laboratório. Usando uma célula de Hele-Shaw preenchida com um fino material granular não consolidado (pequenas esferas de vidro), a equipa conseguiu gerar padrões araneiformes semelhantes às estruturas observadas na superfície de Marte.
Aranhas marcianas (a) e as suas congéneres de laboratório (b) criadas por de Villiers e colegas.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona/S. de Villiers et al., 2012.
Para recriarem as aranhas marcianas, de Villiers e colegas perfuraram a superfície da célula (uma fina película de vidro), puxando-a depois para cima para permitirem a entrada do ar no interior da célula sem perturbarem o material granular. Posteriormente, os investigadores deixaram a superfície regressar à sua posição original, provocando a saída apressada do ar pelo orifício. A repetição de vários ciclos semelhantes conduziu finalmente à formação dos padrões dendríticos característicos das estruturas marcianas. A equipa observou ainda a formação de canais rectilíneos com oscilações quase periódicas, estruturas semelhantes aos meandros observados nos rios terrestres. Com estes resultados, os investigadores concluem que "a experiência demonstra que a erosão do material granular causado pelo fluxo do gás e sua expulsão gera padrões semelhantes aos araneiformes marcianos", o que "suporta a hipótese de que estas estruturas são produzidas por erupções de CO2 durante a Primavera" no pólo sul de Marte.
Este artigo foi publicado este mês na revista Geophysical Research Letters (podem ler o resumo aqui).
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