Preparação laboratorial das primeiras amostras obtidas no lago Whillans, na Antárctida.
Crédito: JT Thomas/DISCOVER.
Na semana passada, cientistas do projecto WISSARD (Whillans Ice Stream Subglacial Access Research Drilling) recolheram as primeiras amostras de água do lago Whillans, um lago subglacial situado na Antárctida Ocidental, a menos de 650 quilómetros de distância do pólo sul. Depois de perfurar cerca de 801 metros de gelo com jactos de água quente, a equipa liderada pelo investigador John Priscu fez descer uma garrafa de plástico cinzento até ao interior do lago para obter amostras com um volume total de 10 litros. Após uma rápida transferência para um pequeno laboratório montado num contentor junto ao local da perfuração, as amostras foram divididas e inoculadas em diferentes meios de cultura para o crescimento de bactérias. Os resultados destas primeiras culturas deverão estar apenas disponíveis dentro de algumas semanas. Análises preliminares por microscopia óptica permitiram, no entanto, confirmar de imediato a presença nestas primeiras amostras de uma abundante comunidade de bactérias, com densidades próximas das 10 mil células por mililitro!
Para excluir qualquer possibilidade de contaminação exterior, os investigadores compararam as densidades celulares das amostras do lago com as das amostras de água derretida da perfuração. Os resultados mostram que a água obtida no lago Whillans tem cerca de 100 vezes mais bactérias que a água resultante da fusão do gelo. A mineralização das duas águas é, também, radicalmente diferente, o que permitiu aos investigadores concluir que estas são amostras genuínas do interior do lago.
Mapa da região onde se encontra o lago Whillans.
Crédito: WISSARD.
Esta é a primeira vez que são encontrados organismos vivos num lago subglacial antárctico (análises às sequências de ADN das bactérias recentemente isoladas pelos russos a partir de amostras do lago Vostok revelaram que estes eram, certamente, organismos contaminantes provenientes do líquido de lubrificação do sistema de perfuração). O lago Whillans encontra-se integrado num sistema de rios subglaciais que drenam para o oceano por baixo da plataforma de gelo Ross, pelo que o tempo de residência da água no interior do lago não deverá ser superior a uma década. O lago manteve-se, no entanto, isolado do exterior por uma espessa camada de gelo durante pelo menos 100 mil anos, tempo suficiente para emergir um ecossistema único nas suas águas. Amostras de sedimentos recolhidos no fundo do lago revelam a presença de frústulas de diatomáceas (organismos fotossintéticos) mortas há cerca de 20 a 30 milhões de anos, o que sugere que o período de isolamento do lago poderá ser ainda maior.
Entretanto, o buraco com 30 centímetros de diâmetro encontra-se já, neste momento, completamente congelado. No dia 31 de Janeiro, a equipa de cientistas baixou, pela última vez, um conjunto de equipamentos até às águas do lago Whillians, conjunto este que deverá permanecer no local até à realização de uma nova expedição.
Crédito: JT Thomas/DISCOVER.
Na semana passada, cientistas do projecto WISSARD (Whillans Ice Stream Subglacial Access Research Drilling) recolheram as primeiras amostras de água do lago Whillans, um lago subglacial situado na Antárctida Ocidental, a menos de 650 quilómetros de distância do pólo sul. Depois de perfurar cerca de 801 metros de gelo com jactos de água quente, a equipa liderada pelo investigador John Priscu fez descer uma garrafa de plástico cinzento até ao interior do lago para obter amostras com um volume total de 10 litros. Após uma rápida transferência para um pequeno laboratório montado num contentor junto ao local da perfuração, as amostras foram divididas e inoculadas em diferentes meios de cultura para o crescimento de bactérias. Os resultados destas primeiras culturas deverão estar apenas disponíveis dentro de algumas semanas. Análises preliminares por microscopia óptica permitiram, no entanto, confirmar de imediato a presença nestas primeiras amostras de uma abundante comunidade de bactérias, com densidades próximas das 10 mil células por mililitro!
Para excluir qualquer possibilidade de contaminação exterior, os investigadores compararam as densidades celulares das amostras do lago com as das amostras de água derretida da perfuração. Os resultados mostram que a água obtida no lago Whillans tem cerca de 100 vezes mais bactérias que a água resultante da fusão do gelo. A mineralização das duas águas é, também, radicalmente diferente, o que permitiu aos investigadores concluir que estas são amostras genuínas do interior do lago.
Mapa da região onde se encontra o lago Whillans.
Crédito: WISSARD.
Esta é a primeira vez que são encontrados organismos vivos num lago subglacial antárctico (análises às sequências de ADN das bactérias recentemente isoladas pelos russos a partir de amostras do lago Vostok revelaram que estes eram, certamente, organismos contaminantes provenientes do líquido de lubrificação do sistema de perfuração). O lago Whillans encontra-se integrado num sistema de rios subglaciais que drenam para o oceano por baixo da plataforma de gelo Ross, pelo que o tempo de residência da água no interior do lago não deverá ser superior a uma década. O lago manteve-se, no entanto, isolado do exterior por uma espessa camada de gelo durante pelo menos 100 mil anos, tempo suficiente para emergir um ecossistema único nas suas águas. Amostras de sedimentos recolhidos no fundo do lago revelam a presença de frústulas de diatomáceas (organismos fotossintéticos) mortas há cerca de 20 a 30 milhões de anos, o que sugere que o período de isolamento do lago poderá ser ainda maior.
Entretanto, o buraco com 30 centímetros de diâmetro encontra-se já, neste momento, completamente congelado. No dia 31 de Janeiro, a equipa de cientistas baixou, pela última vez, um conjunto de equipamentos até às águas do lago Whillians, conjunto este que deverá permanecer no local até à realização de uma nova expedição.
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