Auto-retrato do robot Curiosity na cratera Gale, obtido pela câmara MAHLI a 03 de Fevereiro de 2013 (sol 177 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
Dados obtidos pelo robot Curiosity revelaram uma ausência praticamente total de metano na atmosfera do planeta vermelho. Estes resultados surpreenderam os investigadores da missão porque, aparentemente, contradizem leituras obtidas por outras missões a partir da órbita marciana.Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
A presença de metano na atmosfera de Marte é uma questão de grande interesse para os cientistas. Na Terra, o metano tem origem tanto em fenómenos geológicos, como também em processos biológicos.
"Este importante resultado irá ajudar-nos a direccionar os esforços na determinação da possibilidade de vida em Marte", disse Michael Meyer, investigador responsável pelo programa de exploração do planeta vermelho da NASA. "Reduz a probabilidade da presença de micróbios marcianos produtores de metano, mas diz apenas respeito a este tipo de metabolismo microbiano. Como sabemos, existem muitos tipos de micróbios terrestres que não geram metano."
O Curiosity mediu por seis vezes a concentração de metano em amostras da atmosfera marciana, no período compreendido entre Outubro de 2012 e Junho deste ano. Em nenhuma das vezes, o robot detectou a sua presença. Dada a elevada sensibilidade do instrumento usado, o espectrómetro laser sintonizável que segue a bordo do robot, os cientistas calculam que a concentração de metano atmosférico em Marte não deverá ultrapassar as 1,3 partes por milhar de milhão. Este valor corresponde a cerca de um sexto de algumas das estimativas anteriores.
"Teria sido emocionante encontrar metano, mas nós temos grande confiança nas nossas medições, e o progresso na expansão do conhecimento é o que é realmente importante", afirmou Chris Webster, o primeiro autor do artigo publicado na revista Science onde são apresentados estes resultados. "Fizemos medições repetidas, desde a Primavera marciana até ao fim do Verão, mas sem qualquer detecção de metano."
O espectrómetro usado nas medições é parte integrante do laboratório Sample Analysis at Mars (SAM), e pode ser especificamente programado para detectar quantidades vestigiais de metano. O SAM tem, ainda, a capacidade de concentrar o metano das amostras, o que aumenta a sensibilidade do espectrómetro laser sintonizável na sua detecção. No futuro, a equipa responsável pelo SAM irá usar este método para detectar concentrações muito inferiores a 1 parte por milhar de milhão.
Resultados anteriores sugeriam a presença de concentrações localizadas de metano atmosférico com valores que atingiam as 45 partes por milhar de milhão. Esta descoberta despoletou o interesse dos cientistas pela possibilidade de uma origem biológica para o metano detectado. No entanto, as medições do Curiosity não são consistentes com tais concentrações, mesmo se o metano se tivesse, entretanto, dispersado por todo o planeta.
"Não existe nenhum processo conhecido que levasse o metano a desaparecer com rapidez da atmosfera", disse Sushil Atreya, um dos co-autores deste trabalho. "O metano é persistente. Duraria por centenas de anos na atmosfera marciana. Sem uma forma de o remover com rapidez da atmosfera, as nossas medições indicam que não pode haver muito metano a ser libertado na atmosfera por qualquer mecanismo, quer seja biológico, geológico, ou por degradação pela acção da radiação ultravioleta em compostos orgânicos levados pela queda de meteoritos ou de partículas de poeira interplanetária."
Podem encontrar mais pormenores deste trabalho aqui.
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