Uma glória nas nuvens de Vénus. Composição construída com imagens obtidas a 24 de Julho de 2011 pela sonda Venus Express, através de filtros para comprimentos de onda no ultravioleta, no visível e no infravermelho próximo.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA.
Pela primeira vez, um fenómeno óptico denominado glória foi fotografado na atmosfera de outro planeta. O feito foi alcançado pela sonda europeia Venus Express, actualmente em missão na órbita de Vénus, e poderá tornar-se um contributo importante para a compreensão das condições presentes no topo das nuvens do nosso vizinho planetário.
As glórias são essencialmente imagens do Sol altamente distorcidas, reflectidas por gotículas de água ou outros aerossóis. Distintas dos arco-íris, as glórias manifestam-se no ponto anti-solar, sob a forma de pequenos anéis concêntricos coloridos, centrados num núcleo brilhante. Na Terra são observadas com frequência a partir dos aviões, rodeando a sua sombra nas nuvens mais abaixo.
O mecanismo responsável pela formação das glórias só foi esclarecido nos anos 80, quando o físico brasileiro Herch Moysés Nussenzveig demonstrou que a principal causa seria um processo conhecido por acoplamento de ondas evanescentes. Ao contrário do que acontece no arco-íris, na glória, a radiação reflectida pelas gotículas não chega a entrar no seu interior. Ao invés, a luz reflectida é emitida por ondas electromagnéticas induzidas dentro das gotículas pela radiação que passa nas proximidades.
Para uma glória se formar são necessárias nuvens constituídas por gotículas esféricas com tamanho idêntico. Em Vénus, as camadas superiores da atmosfera contêm gotículas ricas em ácido sulfúrico. Ao fotografarem as nuvens com o Sol directamente atrás da Venus Express, os cientistas da missão esperavam identificar uma glória que pudesse revelar importantes características das gotículas das nuvens.
Simulação do aspecto de uma glória em Vénus (à esquerda) e na Terra (à direita).
Crédito: C. Wilson/P. Laven.
A 24 de Julho de 2011, a sonda europeia teve finalmente sucesso. Viajando a uma altitude de cerca de 6000 km, a Venus Express fotografou uma glória no topo das nuvens, aproximadamente 70 km acima da superfície do planeta. Vista daquela altitude, a glória tinha cerca de 1200 km de diâmetro.
Estas observações sugerem que as gotículas das nuvens de Vénus têm cerca de 1,2 µm de diâmetro, o equivalente a um quinquagésimo da largura de um cabelo humano. O facto da glória possuir um diâmetro de 1200 km significa que as gotículas no topo das nuvens são uniformes, pelo menos a esta escala.
As variações no brilho dos anéis da glória são diferentes daquelas que seriam de esperar se as nuvens fossem formadas por uma mistura simples de ácido sulfúrico e água, o que sugere uma composição química mais complexa. Os cientistas da missão pensam que as gotículas terão um núcleo de cloreto de ferro ou uma camada exterior de enxofre elementar. O enxofre está relacionado com o vulcanismo e tem um papel importante no efeito estufa gerado pela atmosfera do planeta. A presença do cloreto de ferro a tão grande altitude representa um problema, pois não se conhecem mecanismos que possam bombear tal substância até esta região da atmosfera.
Podem ler mais sobre este trabalho aqui.
Crédito: ESA/MPS/DLR/IDA.
Pela primeira vez, um fenómeno óptico denominado glória foi fotografado na atmosfera de outro planeta. O feito foi alcançado pela sonda europeia Venus Express, actualmente em missão na órbita de Vénus, e poderá tornar-se um contributo importante para a compreensão das condições presentes no topo das nuvens do nosso vizinho planetário.
As glórias são essencialmente imagens do Sol altamente distorcidas, reflectidas por gotículas de água ou outros aerossóis. Distintas dos arco-íris, as glórias manifestam-se no ponto anti-solar, sob a forma de pequenos anéis concêntricos coloridos, centrados num núcleo brilhante. Na Terra são observadas com frequência a partir dos aviões, rodeando a sua sombra nas nuvens mais abaixo.
O mecanismo responsável pela formação das glórias só foi esclarecido nos anos 80, quando o físico brasileiro Herch Moysés Nussenzveig demonstrou que a principal causa seria um processo conhecido por acoplamento de ondas evanescentes. Ao contrário do que acontece no arco-íris, na glória, a radiação reflectida pelas gotículas não chega a entrar no seu interior. Ao invés, a luz reflectida é emitida por ondas electromagnéticas induzidas dentro das gotículas pela radiação que passa nas proximidades.
Para uma glória se formar são necessárias nuvens constituídas por gotículas esféricas com tamanho idêntico. Em Vénus, as camadas superiores da atmosfera contêm gotículas ricas em ácido sulfúrico. Ao fotografarem as nuvens com o Sol directamente atrás da Venus Express, os cientistas da missão esperavam identificar uma glória que pudesse revelar importantes características das gotículas das nuvens.
Simulação do aspecto de uma glória em Vénus (à esquerda) e na Terra (à direita).
Crédito: C. Wilson/P. Laven.
A 24 de Julho de 2011, a sonda europeia teve finalmente sucesso. Viajando a uma altitude de cerca de 6000 km, a Venus Express fotografou uma glória no topo das nuvens, aproximadamente 70 km acima da superfície do planeta. Vista daquela altitude, a glória tinha cerca de 1200 km de diâmetro.
Estas observações sugerem que as gotículas das nuvens de Vénus têm cerca de 1,2 µm de diâmetro, o equivalente a um quinquagésimo da largura de um cabelo humano. O facto da glória possuir um diâmetro de 1200 km significa que as gotículas no topo das nuvens são uniformes, pelo menos a esta escala.
As variações no brilho dos anéis da glória são diferentes daquelas que seriam de esperar se as nuvens fossem formadas por uma mistura simples de ácido sulfúrico e água, o que sugere uma composição química mais complexa. Os cientistas da missão pensam que as gotículas terão um núcleo de cloreto de ferro ou uma camada exterior de enxofre elementar. O enxofre está relacionado com o vulcanismo e tem um papel importante no efeito estufa gerado pela atmosfera do planeta. A presença do cloreto de ferro a tão grande altitude representa um problema, pois não se conhecem mecanismos que possam bombear tal substância até esta região da atmosfera.
Podem ler mais sobre este trabalho aqui.
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