quarta-feira, 20 de maio de 2015

Marte poderá ter jazigos de metais base e metais preciosos

Sistema de escoadas lávicas no interior da cratera Persbo, na província vulcânica de Elysium Planitia, em Marte. Imagem captada pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a 22 de janeiro de 2010.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Cientistas descobriram fortes evidências de que as escoadas lávicas de Marte poderão albergar jazigos de metais base e metais preciosos. O trabalho foi publicado recentemente na revista Ore Geology Reviews e revela um inventário de recursos importantes para o futuro da exploração e colonização de Marte.

Observações da superfície de Marte e de meteoritos provenientes da crusta marciana indicam que as províncias vulcânicas do planeta vermelho apresentam semelhanças fisicoquímicas distintivas a antigas rochas vulcânicas terrestres, como os ferropicritos proterozoicos de Pechenga, na Rússia, e os komatiitos arqueanos da cintura de Agnew–Wiluna, na Austrália. Na Terra, estas rochas encontram-se associadas à formação de mineralizações ortomagmáticas de sulfuretos de níquel (Ni), cobre (Cu) e elementos do grupo da platina (EGP) - metais preciosos extremamente raros, com aplicações especializadas na agricultura, na indústria automóvel, na eletrónica, na medicina e na indústria aerospacial.

"Descobrimos fortes evidências de que os mecanismos cruciais para a formação de depósitos de minério na Terra também actuam no nosso planeta vizinho, onde as escoadas lávicas poderão ter formado mineralizações ricas em metais base e metais preciosos", disse Raphael Baumgartner, investigador da Universidade da Austrália Ocidental, na Austrália, e primeiro autor deste trabalho. Os investigadores estimam que o manto de Marte deverá ter uma abundância de EGP semelhante à do manto terrestre, pelo que as condições de ascensão e cristalização dos magmas marcianos, e a sua interação com os vastos reservatórios de enxofre presentes na crusta do planeta, terão sido certamente favoráveis à segregação de fluídos imiscíveis de sulfuretos ricos em metais preciosos. Análises às rochas da cratera Gusev e a meteoritos marcianos revelam, no entanto, que o manto de Marte deverá possuir concentrações de Ni e Cu significativamente inferiores à do manto do nosso planeta, o que sugere que estas mineralizações poderão ter teores destes dois metais consideravelmente mais baixas.

"Compreender como e quando ocorreram potenciais processos de formação de minérios em Marte é um pré-requisito para o planeamento a longo termo de futuras missões espaciais ao planeta, e para a definição de critérios de exploração para determinados programas de obtenção de amostras", afirmou Kerim Sener, geólogo da Matrix Exploration Pty. Ltd., a empresa patrocinadora do projeto, e um dos coautores deste trabalho. O estudo de jazigos de metais noutros planetas representa ainda uma oportunidade de examinar à escala do Sistema Solar os processos que governam a formação de concentrações excecionalmente elevadas de certos elementos químicos.

Podem encontrar todos os detalhes deste trabalho aqui.

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