Vesta num mosaico de imagens obtidas pela sonda Dawn em Setembro de 2012.
Em Maio passado, cientistas da missão Dawn anunciaram a descoberta de indícios da presença de um núcleo metálico no interior de Vesta, uma característica partilhada pela Lua e pelos quatro planetas telúricos do Sistema Solar. Um novo artigo, publicado na semana passada na revista Science, vem agora desvendar o passado impressionante desta pequena estrutura. Durante os primeiros 100 milhões de anos após a sua formação, o núcleo de Vesta manteve activo um dínamo capaz de gerar um campo magnético forte o suficiente para magnetizar as rochas da crusta. As evidências encontram-se no registo paleomagnético de um dos meteoritos HED (howarditos–eucritos–diogenitos), objectos cujas assinaturas espectrais denunciam a sua origem vestiana.
Neste trabalho, os autores analisaram um total de 13 amostras de ALHA81001, um meteorito com excepcionais propriedades magnéticas recolhido em 1981, em Allan Hills, na Antártida. Estudos petrológicos anteriores sugerem que ALHA81001 terá tido origem na parte superior da crusta de Vesta. Depois de examinarem os pequenos cristais ferromagnéticos encontrados nas amostras e medirem cuidadosamente o seu alinhamento, os investigadores procederam a progressivas desmagnetizações até encontrarem o mais antigo vestígio de um campo magnético.
Secção do meteorito ALHA81001 visto através de um microscópio electrónico.
Crédito: Roger Fu (MIT).
A determinação da razão entre isótopos de Ar permitiu à equipa concluir que a mais recente magnetização térmica de ALHA81001 terá ocorrido há 3,69 mil milhões de anos, ou seja, muito depois do desaparecimento de um dínamo no interior do jovem Vesta. Para explicar esta aparente contradição, Roger e colegas sugerem que, nos primórdios, o dínamo criado pelo núcleo metálico de Vesta terá gerado na superfície um campo magnético com magnitudes entre 10 a 100 μT (para comparação, o campo magnético na superfície terrestre alcança magnitudes entre 25 a 65 μT). Este forte campo magnético global terá perpetuado a sua assinatura na crusta vestiana, persistindo em algumas regiões da superfície ao longo de milhares de milhões de anos.
Esta hipótese está em concordância com algumas observações realizadas pela Dawn durante a sua missão em Vesta. Análises espectrais conduzidas pela sonda mostraram que o vento solar tem um efeito muito limitado nos minerais da superfície de Vesta, comparativamente ao observado na Lua. De acordo com os autores deste estudo, esta anomalia poderá ser explicada pela actual presença de campos magnéticos remanescentes com força suficiente para deflectir grande parte das partículas solares.
Podem encontrar uma análise mais aprofundada a este artigo aqui.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.
Em Maio passado, cientistas da missão Dawn anunciaram a descoberta de indícios da presença de um núcleo metálico no interior de Vesta, uma característica partilhada pela Lua e pelos quatro planetas telúricos do Sistema Solar. Um novo artigo, publicado na semana passada na revista Science, vem agora desvendar o passado impressionante desta pequena estrutura. Durante os primeiros 100 milhões de anos após a sua formação, o núcleo de Vesta manteve activo um dínamo capaz de gerar um campo magnético forte o suficiente para magnetizar as rochas da crusta. As evidências encontram-se no registo paleomagnético de um dos meteoritos HED (howarditos–eucritos–diogenitos), objectos cujas assinaturas espectrais denunciam a sua origem vestiana.
Neste trabalho, os autores analisaram um total de 13 amostras de ALHA81001, um meteorito com excepcionais propriedades magnéticas recolhido em 1981, em Allan Hills, na Antártida. Estudos petrológicos anteriores sugerem que ALHA81001 terá tido origem na parte superior da crusta de Vesta. Depois de examinarem os pequenos cristais ferromagnéticos encontrados nas amostras e medirem cuidadosamente o seu alinhamento, os investigadores procederam a progressivas desmagnetizações até encontrarem o mais antigo vestígio de um campo magnético.
Secção do meteorito ALHA81001 visto através de um microscópio electrónico.
Crédito: Roger Fu (MIT).
A determinação da razão entre isótopos de Ar permitiu à equipa concluir que a mais recente magnetização térmica de ALHA81001 terá ocorrido há 3,69 mil milhões de anos, ou seja, muito depois do desaparecimento de um dínamo no interior do jovem Vesta. Para explicar esta aparente contradição, Roger e colegas sugerem que, nos primórdios, o dínamo criado pelo núcleo metálico de Vesta terá gerado na superfície um campo magnético com magnitudes entre 10 a 100 μT (para comparação, o campo magnético na superfície terrestre alcança magnitudes entre 25 a 65 μT). Este forte campo magnético global terá perpetuado a sua assinatura na crusta vestiana, persistindo em algumas regiões da superfície ao longo de milhares de milhões de anos.
Esta hipótese está em concordância com algumas observações realizadas pela Dawn durante a sua missão em Vesta. Análises espectrais conduzidas pela sonda mostraram que o vento solar tem um efeito muito limitado nos minerais da superfície de Vesta, comparativamente ao observado na Lua. De acordo com os autores deste estudo, esta anomalia poderá ser explicada pela actual presença de campos magnéticos remanescentes com força suficiente para deflectir grande parte das partículas solares.
Podem encontrar uma análise mais aprofundada a este artigo aqui.
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