Vesta possui uma das mais diversas e complexas superfícies do Sistema Solar. Muitas das crateras vestianas observadas pela sonda Dawn exibem enigmáticas manchas negras, algumas delas mais escuras que o carvão. A sua presença intrigou os cientistas desde a sua descoberta, mas um novo trabalho publicado recentemente na revista Icarus vem agora revelar a sua verdadeira natureza.
Visão tridimensional da cratera Cornelia numa composição colorida criada com dados obtidos pela sonda Dawn. Reparem nas estrias escuras que adornam o seu interior.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.
Investigadores liderados por Vishnu Reddy do Instituto Max Planck demonstraram que os materiais negros que tingem as crateras de Vesta são depósitos deixados por um antigo impacto ocorrido na região do pólo sul, há cerca de 2 a 3 mil milhões de anos. Análises espectrais revelaram que estes materiais apresentam uma composição semelhante às inclusões ricas em carbono encontradas nos meteoritos HED (howarditos-eucritos-diogenitos), objectos que se pensa terem tido origem na superfície de Vesta. Estes resultados são uma evidência directa de que os meteoritos HED são verdadeiras amostras meteóricas da superfície vestiana.
O levantamento da sua distribuição na superfície de Vesta conduziu os investigadores a uma assombrosa descoberta. Os materiais negros concentram-se preferencialmente em crateras localizadas na orla das duas gigantescas bacias existentes na região do pólo sul, o que sugere uma ligação aos catastróficos eventos que as esculpiram. Um exame mais aprofundado revela que estes materiais foram, provavelmente, deixados na superfície de Vesta durante a formação de Veneneia, a mais antiga das duas bacias de impacto.
Mapa topográfico mostrando a distribuição dos materiais negros na região do pólo sul de Vesta. Estão assinaladas as bacias de impacto Rheasilvia (traço contínuo) e Veneneia (traço descontínuo).
Crédito: Image credit: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.
Para confirmarem a sua hipótese, os investigadores criaram um modelo que reproduz a distribuição global dos materiais negros observada pela sonda Dawn. De acordo com o modelo, Veneneia foi criada pelo impacto de um grande asteróide carbonáceo a uma velocidade relativamente baixa (cerca de 2 km.s-1). Este objecto terá sido responsável pela presença de cerca de 83% de todos os macroclastos observados nos meteoritos howarditos. O subsequente impacto que formou Rheasilvia apagou cerca de metade de Veneneia, e terá subterrado grande parte do seu ejecta negro com material brilhante proveniente do manto de Vesta. Neste cenário, as manchas negras agora visíveis no interior de muitas crateras são, assim, depósitos exumados por pequenos impactos mais recentes que o responsável por Rheasilvia.
Esta descoberta vem demonstrar como eventos semelhantes aos que criaram Veneneia providenciaram uma abundância de compostos de carbono aos planetas interiores logo após a sua formação. Podem ler mais sobre este trabalho aqui.
Visão tridimensional da cratera Cornelia numa composição colorida criada com dados obtidos pela sonda Dawn. Reparem nas estrias escuras que adornam o seu interior.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.
Investigadores liderados por Vishnu Reddy do Instituto Max Planck demonstraram que os materiais negros que tingem as crateras de Vesta são depósitos deixados por um antigo impacto ocorrido na região do pólo sul, há cerca de 2 a 3 mil milhões de anos. Análises espectrais revelaram que estes materiais apresentam uma composição semelhante às inclusões ricas em carbono encontradas nos meteoritos HED (howarditos-eucritos-diogenitos), objectos que se pensa terem tido origem na superfície de Vesta. Estes resultados são uma evidência directa de que os meteoritos HED são verdadeiras amostras meteóricas da superfície vestiana.
O levantamento da sua distribuição na superfície de Vesta conduziu os investigadores a uma assombrosa descoberta. Os materiais negros concentram-se preferencialmente em crateras localizadas na orla das duas gigantescas bacias existentes na região do pólo sul, o que sugere uma ligação aos catastróficos eventos que as esculpiram. Um exame mais aprofundado revela que estes materiais foram, provavelmente, deixados na superfície de Vesta durante a formação de Veneneia, a mais antiga das duas bacias de impacto.
Mapa topográfico mostrando a distribuição dos materiais negros na região do pólo sul de Vesta. Estão assinaladas as bacias de impacto Rheasilvia (traço contínuo) e Veneneia (traço descontínuo).
Crédito: Image credit: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.
Para confirmarem a sua hipótese, os investigadores criaram um modelo que reproduz a distribuição global dos materiais negros observada pela sonda Dawn. De acordo com o modelo, Veneneia foi criada pelo impacto de um grande asteróide carbonáceo a uma velocidade relativamente baixa (cerca de 2 km.s-1). Este objecto terá sido responsável pela presença de cerca de 83% de todos os macroclastos observados nos meteoritos howarditos. O subsequente impacto que formou Rheasilvia apagou cerca de metade de Veneneia, e terá subterrado grande parte do seu ejecta negro com material brilhante proveniente do manto de Vesta. Neste cenário, as manchas negras agora visíveis no interior de muitas crateras são, assim, depósitos exumados por pequenos impactos mais recentes que o responsável por Rheasilvia.
Esta descoberta vem demonstrar como eventos semelhantes aos que criaram Veneneia providenciaram uma abundância de compostos de carbono aos planetas interiores logo após a sua formação. Podem ler mais sobre este trabalho aqui.
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