Barrancos recentemente formados nas encostas de uma pequena cratera a leste de Gorgonum Chaos, em Marte. Imagens obtidas pela câmara HiRISE a 30 de maio de 2007 (à esquerda) e a 31 de maio de 2013.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Univ. of Arizona.
Observações realizadas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) revelaram novas evidências de que os barrancos marcianos são esculpidos, não por água líquida corrente, mas por blocos de gelo de dióxido de carbono formados sazonalmente na superfície de Marte. Os novos resultados foram anunciados na semana passada num artigo publicado na revista Icarus.
Descritos pela primeira vez há cerca de 14 anos, os barrancos marcianos geraram grande interesse na comunidade científica, devido à sua semelhança com os barrancos terrestres – estruturas geológicas criadas pela ação erosiva de torrentes temporárias de água líquida. A atmosfera marciana, embora rarefeita, suporta a presença de vapor de água, e permite a manutenção na superfície de grandes quantidades de gelo de água; no entanto, como nunca foi confirmada a presença de água líquida no planeta vermelho, os cientistas procuraram respostas noutros fenómenos erosivos atualmente em atividade na superfície de Marte.
“Até há cerca de cinco anos, eu pensava que os barrancos em Marte eram indicadores de atividade de água líquida”, afirmou Colin Dundas, investigador do Centro de Astrogeologia da USGS, e principal autor do novo trabalho. “Conseguimos obter muito mais observações, e à medida que começámos a ver mais atividade, e a definir com precisão a altura em os barrancos se formavam e modificavam, verificámos que a atividade ocorre no inverno.”
A equipa liderada por Dundas usou imagens obtidas pela câmara HiRISE para monitorizar a formação de barrancos desde 2006, num total de 356 locais na superfície de Marte. Em 38 dos locais examinados, os investigadores observaram não só a formação de novos segmentos, como também um aumento do volume de detritos depositados a jusante de alguns dos barrancos. A análise destas estruturas ao longo do tempo revelou que a atividade observada coincide com períodos em que as temperaturas não possibilitam a fusão do gelo de água, mas permitem a acumulação de gelo de dióxido de carbono na superfície.
Conhecido vulgarmente por gelo seco, o gelo de dióxido de carbono não ocorre naturalmente na Terra, mas existe em abundância em Marte. A sua presença na superfície do planeta tem sido associada a uma série de processos geológicos que atualmente moldam a paisagem marciana, desde as “aranhas” observadas na primavera nas latitudes mais elevadas do planeta, até às estruturas lineares que adornam algumas das vertentes das crateras mais meridionais.
Um dos mecanismos pelos quais o gelo de dióxido de carbono poderá estar implicado na formação dos barrancos é através da lubrificação fornecida pelo gás formado por sublimação aos materiais secos que fluem pelas encostas abaixo. Um segundo mecanismo poderá ser a queda de materiais devido ao efeito de compressão criado pela acumulação sazonal de gelo de dióxido de carbono nas vertentes inclinadas.
Com este trabalho crescem as evidências de que os barrancos marcianos são estruturas formadas por processos geológicos atuais, e não por fenómenos ocorridos há centenas de milhões de anos, em períodos em que as condições climáticas permitiam a presença de água líquida na superfície do planeta. “Muitas das informações que temos acerca da formação dos barrancos, e de outros processos ativos, devem-se à longevidade da MRO e de outras sondas”, disse Serina Diniega, investigadora do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, e coautora deste trabalho. “Isto permite-nos realizar observações repetidas dos mesmos locais, de forma a examinarmos alterações na superfície ao longo do tempo.”
Apesar destas observações apontarem para processos que não envolvem água líquida, a equipa da HiRISE anunciou recentemente a descoberta de pequenas estruturas lineares possivelmente rasgadas por recentes fluxos de água líquida na superfície do planeta vermelho. “Gosto de Marte ainda nos poder surpreender”, acrescentou Dundas. “Os barrancos marcianos são estruturas fascinantes que nos permitem investigar processos que simplesmente não vemos na Terra.”
Podem ler mais pormenores sobre este trabalho aqui.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Univ. of Arizona.
Observações realizadas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) revelaram novas evidências de que os barrancos marcianos são esculpidos, não por água líquida corrente, mas por blocos de gelo de dióxido de carbono formados sazonalmente na superfície de Marte. Os novos resultados foram anunciados na semana passada num artigo publicado na revista Icarus.
Descritos pela primeira vez há cerca de 14 anos, os barrancos marcianos geraram grande interesse na comunidade científica, devido à sua semelhança com os barrancos terrestres – estruturas geológicas criadas pela ação erosiva de torrentes temporárias de água líquida. A atmosfera marciana, embora rarefeita, suporta a presença de vapor de água, e permite a manutenção na superfície de grandes quantidades de gelo de água; no entanto, como nunca foi confirmada a presença de água líquida no planeta vermelho, os cientistas procuraram respostas noutros fenómenos erosivos atualmente em atividade na superfície de Marte.
“Até há cerca de cinco anos, eu pensava que os barrancos em Marte eram indicadores de atividade de água líquida”, afirmou Colin Dundas, investigador do Centro de Astrogeologia da USGS, e principal autor do novo trabalho. “Conseguimos obter muito mais observações, e à medida que começámos a ver mais atividade, e a definir com precisão a altura em os barrancos se formavam e modificavam, verificámos que a atividade ocorre no inverno.”
A equipa liderada por Dundas usou imagens obtidas pela câmara HiRISE para monitorizar a formação de barrancos desde 2006, num total de 356 locais na superfície de Marte. Em 38 dos locais examinados, os investigadores observaram não só a formação de novos segmentos, como também um aumento do volume de detritos depositados a jusante de alguns dos barrancos. A análise destas estruturas ao longo do tempo revelou que a atividade observada coincide com períodos em que as temperaturas não possibilitam a fusão do gelo de água, mas permitem a acumulação de gelo de dióxido de carbono na superfície.
Conhecido vulgarmente por gelo seco, o gelo de dióxido de carbono não ocorre naturalmente na Terra, mas existe em abundância em Marte. A sua presença na superfície do planeta tem sido associada a uma série de processos geológicos que atualmente moldam a paisagem marciana, desde as “aranhas” observadas na primavera nas latitudes mais elevadas do planeta, até às estruturas lineares que adornam algumas das vertentes das crateras mais meridionais.
Um dos mecanismos pelos quais o gelo de dióxido de carbono poderá estar implicado na formação dos barrancos é através da lubrificação fornecida pelo gás formado por sublimação aos materiais secos que fluem pelas encostas abaixo. Um segundo mecanismo poderá ser a queda de materiais devido ao efeito de compressão criado pela acumulação sazonal de gelo de dióxido de carbono nas vertentes inclinadas.
Com este trabalho crescem as evidências de que os barrancos marcianos são estruturas formadas por processos geológicos atuais, e não por fenómenos ocorridos há centenas de milhões de anos, em períodos em que as condições climáticas permitiam a presença de água líquida na superfície do planeta. “Muitas das informações que temos acerca da formação dos barrancos, e de outros processos ativos, devem-se à longevidade da MRO e de outras sondas”, disse Serina Diniega, investigadora do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, e coautora deste trabalho. “Isto permite-nos realizar observações repetidas dos mesmos locais, de forma a examinarmos alterações na superfície ao longo do tempo.”
Apesar destas observações apontarem para processos que não envolvem água líquida, a equipa da HiRISE anunciou recentemente a descoberta de pequenas estruturas lineares possivelmente rasgadas por recentes fluxos de água líquida na superfície do planeta vermelho. “Gosto de Marte ainda nos poder surpreender”, acrescentou Dundas. “Os barrancos marcianos são estruturas fascinantes que nos permitem investigar processos que simplesmente não vemos na Terra.”
Podem ler mais pormenores sobre este trabalho aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário