Veios num alforamento rochoso na unidade estratigráfica de Sheepbed, em Yellowknife Bay, no interior da cratera Gale. Imagem obtida pelo robot Curiosity, a 13 de dezembro de 2013.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
Sedimentos analisados pelo Curiosity no interior da cratera Gale contêm evidências de que Marte foi outrora um planeta muito mais quente e húmido, sugere Gregory Retallack, um geólogo especialista em paleossolos da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, num artigo disponibilizado online na semana passada pela conceituada revista Geology. De acordo com Retallack, imagens recentemente obtidas pelo robot da NASA revelam perfis de solos semelhantes aos de solos terrestres, com superfícies fraturadas raiadas com depósitos de sulfatos, cavidades elipsoidais e concentrações de sulfato comparáveis às de solos dos vales secos da Antártida e do deserto de Atacama, no Chile.
"As primeiras pistas foram as imagens, mas depois todos os dados acertaram em cheio", afirmou Retallack. "A chave para esta descoberta tem sido a excelente capacidade analítica química e mineral do rover Curiosity, que é uma ordem de magnitude superior em relação às anteriores gerações de rovers. Os novos dados mostram claras tendências de desgaste químico, e de acumulação de argilas à custa do mineral olivina, tal como seria de esperar nos solos terrestres. A diminuição de fósforo dentro dos perfis é especialmente tentador, porque na Terra é atribuída a atividade microbiana."
Segundo Retallack, os antigos sedimentos da cratera Gale não provam que Marte conteve vida no passado, mas adicionam uma importante peça no crescente corpo de evidências que sustenta a visão de um planeta vermelho com um clima outrora mais favorável à vida tal como a conhecemos. O Curiosity está agora a explorar unidades estratigráficas mais elevadas e geologicamente mais recentes, onde os solos parecem denunciar condições menos propícias à vida, pelo que serão necessárias novas missões para analisar registos geológicos de ambientes mais antigos e potencialmente mais habitáveis.
Retallack afirma que os complexos padrões de fraturas observados pelo Curiosity nas camadas mais profundas da cratera Gale são sugestivas de materiais terrosos tipicamente encontrados sobre as camadas rochosas na Terra. As cavidades vesiculares e as concentrações de sulfato são ambas características dos solos dos desertos terrestres.
"Nenhuma destas características é observada nos solos superficiais mais recentes de Marte", explica Retallack. "A exploração de Marte, tal como a de outros corpos planetários, leva-nos frequentemente a descobertas inesperadas, mas é igualmente inesperado descobrir um solo tão familiar."
Os solos recentemente analisados pelo Curiosity providenciam as condições mais benignas e habitáveis até agora descobertas em Marte. Com uma idade aproximada de 3,7 mil milhões de anos, estes solos foram formados numa época de transição entre um antigo ciclo da água benigno na superfície do planeta vermelho, e o ambiente árido e acídico que hoje conhecemos. Registos geológicos na Terra sugerem que a vida surgiu no nosso planeta há cerca de 3,5 mil milhões de anos, no entanto, alguns cientistas sublinham a possibilidade de potenciais vestígios de atividade biológica ainda mais antigos poderem ter sido destruídos pela tectónica de placas. Este processo não ocorreu em Marte, o que torna mais promissora a busca por antigos vestígios de vida nos solos fossilizados do planeta vermelho.
Podem encontrar mais pormenores deste trabalho aqui.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
Sedimentos analisados pelo Curiosity no interior da cratera Gale contêm evidências de que Marte foi outrora um planeta muito mais quente e húmido, sugere Gregory Retallack, um geólogo especialista em paleossolos da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, num artigo disponibilizado online na semana passada pela conceituada revista Geology. De acordo com Retallack, imagens recentemente obtidas pelo robot da NASA revelam perfis de solos semelhantes aos de solos terrestres, com superfícies fraturadas raiadas com depósitos de sulfatos, cavidades elipsoidais e concentrações de sulfato comparáveis às de solos dos vales secos da Antártida e do deserto de Atacama, no Chile.
"As primeiras pistas foram as imagens, mas depois todos os dados acertaram em cheio", afirmou Retallack. "A chave para esta descoberta tem sido a excelente capacidade analítica química e mineral do rover Curiosity, que é uma ordem de magnitude superior em relação às anteriores gerações de rovers. Os novos dados mostram claras tendências de desgaste químico, e de acumulação de argilas à custa do mineral olivina, tal como seria de esperar nos solos terrestres. A diminuição de fósforo dentro dos perfis é especialmente tentador, porque na Terra é atribuída a atividade microbiana."
Segundo Retallack, os antigos sedimentos da cratera Gale não provam que Marte conteve vida no passado, mas adicionam uma importante peça no crescente corpo de evidências que sustenta a visão de um planeta vermelho com um clima outrora mais favorável à vida tal como a conhecemos. O Curiosity está agora a explorar unidades estratigráficas mais elevadas e geologicamente mais recentes, onde os solos parecem denunciar condições menos propícias à vida, pelo que serão necessárias novas missões para analisar registos geológicos de ambientes mais antigos e potencialmente mais habitáveis.
Retallack afirma que os complexos padrões de fraturas observados pelo Curiosity nas camadas mais profundas da cratera Gale são sugestivas de materiais terrosos tipicamente encontrados sobre as camadas rochosas na Terra. As cavidades vesiculares e as concentrações de sulfato são ambas características dos solos dos desertos terrestres.
"Nenhuma destas características é observada nos solos superficiais mais recentes de Marte", explica Retallack. "A exploração de Marte, tal como a de outros corpos planetários, leva-nos frequentemente a descobertas inesperadas, mas é igualmente inesperado descobrir um solo tão familiar."
Os solos recentemente analisados pelo Curiosity providenciam as condições mais benignas e habitáveis até agora descobertas em Marte. Com uma idade aproximada de 3,7 mil milhões de anos, estes solos foram formados numa época de transição entre um antigo ciclo da água benigno na superfície do planeta vermelho, e o ambiente árido e acídico que hoje conhecemos. Registos geológicos na Terra sugerem que a vida surgiu no nosso planeta há cerca de 3,5 mil milhões de anos, no entanto, alguns cientistas sublinham a possibilidade de potenciais vestígios de atividade biológica ainda mais antigos poderem ter sido destruídos pela tectónica de placas. Este processo não ocorreu em Marte, o que torna mais promissora a busca por antigos vestígios de vida nos solos fossilizados do planeta vermelho.
Podem encontrar mais pormenores deste trabalho aqui.
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