O cometa ISON visto pelo telescópio UVOT do observatório Swift a 30 de Janeiro de 2013.
Crédito: NASA/Swift/D. Bodewits, UMCP.
Astrónomos americanos usaram recentemente o telescópio UVOT do observatório espacial Swift da NASA para obterem imagens do cometa C/2012 S1 (ISON), um objecto com potencial para se tornar um dos mais brilhantes cometas dos últimos 50 anos. Com os dados recolhidos, a equipa realizou as primeiras estimativas das suas emissões de água e poeira, e utilizou-as para inferir as dimensões aproximadas do núcleo cometário.
Tipicamente, a água de um cometa mantém-se congelada a distâncias do Sol superiores a 3 UA. Quando o cometa se aventura nas proximidades do Sol, os gelos do núcleo cometário entram em rápida sublimação, alimentando poderosos jactos que libertam poeira altamente reflectiva. Uma vez no estado gasoso, as moléculas de água são quebradas pela luz ultravioleta do Sol, dando origem a moléculas de hidróxilo (OH). Embora o telescópio UVOT não consiga observar directamente o vapor de água de um cometa, consegue detectar a luz emitida pelas moléculas de hidróxilo e de outros compostos moleculares, bem como a luz solar reflectida pela poeira.
As observações realizadas em Janeiro passado revelaram que o cometa ISON estava a libertar cerca de 51 toneladas de poeira a cada minuto. Em contraste, o cometa emitia na altura apenas 60 kg de água por minuto, o equivalente a quatro vezes o débito de um sistema de aspersão doméstico. De acordo com os investigadores, a discrepância observada pelo Swift indica que os jactos emitidos pelo núcleo cometário não estão a ser alimentados pela água, mas sim por outros compostos voláteis como o dióxido de carbono ou o monóxido de carbono, compostos que sublimam a maiores distâncias do Sol. Na altura, o cometa ISON encontrava-se a 4,04 UA da Terra e a 4,95 UA do Sol, e brilhava a apenas 15,7 de magnitude aparente, um brilho 5.000 vezes inferior ao limite da visão humana. Observações realizadas em Fevereiro revelaram níveis de actividade semelhantes.
Apesar destes valores serem nesta altura relativamente incertos, devido à debilidade do brilho do cometa, os investigadores podem compará-los com os valores médios observados noutros cometas conhecidos, e assim estimar o diâmetro do núcleo do cometa. De acordo com os dados recolhidos pelo Swift, o núcleo do cometa ISON tem cerca de 5 km de diâmetro, um valor típico para um objecto desta natureza.
Animação mostrando a trajectória do cometa ISON no Sistema Solar interior no final de 2013.
Crédito: Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio.
O que nos dizem estes dados relativamente à sua passagem periélica em Novembro próximo?
"Parecem promissores, mas isso é tudo o que podemos dizer com certeza neste momento", afirmou à NASA o astrónomo do Observatório Lowell e membro da equipa do observatório Swift, Matthew Knight. "No passado, muitos cometas falharam as expectativas quando chegaram ao Sistema Solar interior. Apenas a realização de novas sessões de observação nos próximos meses poderá melhorar o nosso conhecimento o suficiente para determinarmos com rigor o futuro desempenho do ISON."
O cometa ISON irá realizar no final de 2013 uma primeira visita ao Sistema Solar interior. Antes de iniciar a sua longa viagem em direcção ao Sol, o cometa residia na distante nuvem de Oort, uma vasta região ocupada por biliões de objectos gelados, localizada muito além da órbita de Neptuno.
A 1 de Outubro, o cometa fará uma passagem a cerca 10,8 milhões de quilómetros de distância de Marte, uma oportunidade para os exploradores robóticos aí estacionados concretizarem as primeiras observações a curta distância. 58 dias depois, o ISON aproximar-se-á a apenas 1,2 milhões de quilómetros da superfície do Sol. As estimativas actuais apontam para uma perda de cerca de 10% do diâmetro do núcleo cometário durante a sua passagem periélica, um valor à partida insuficiente para colocar a integridade do cometa em risco. Caso sobreviva intacto ao encontro escaldante com o Sol, o cometa avançará a 26 de Dezembro para uma passagem a 64,2 milhões de quilómetros da Terra (cerca de 167 vezes a distância entre a Terra e Lua), altura em que será visível no céu vespertino, na direcção da constelação dos Gémeos.
Crédito: NASA/Swift/D. Bodewits, UMCP.
Astrónomos americanos usaram recentemente o telescópio UVOT do observatório espacial Swift da NASA para obterem imagens do cometa C/2012 S1 (ISON), um objecto com potencial para se tornar um dos mais brilhantes cometas dos últimos 50 anos. Com os dados recolhidos, a equipa realizou as primeiras estimativas das suas emissões de água e poeira, e utilizou-as para inferir as dimensões aproximadas do núcleo cometário.
Tipicamente, a água de um cometa mantém-se congelada a distâncias do Sol superiores a 3 UA. Quando o cometa se aventura nas proximidades do Sol, os gelos do núcleo cometário entram em rápida sublimação, alimentando poderosos jactos que libertam poeira altamente reflectiva. Uma vez no estado gasoso, as moléculas de água são quebradas pela luz ultravioleta do Sol, dando origem a moléculas de hidróxilo (OH). Embora o telescópio UVOT não consiga observar directamente o vapor de água de um cometa, consegue detectar a luz emitida pelas moléculas de hidróxilo e de outros compostos moleculares, bem como a luz solar reflectida pela poeira.
As observações realizadas em Janeiro passado revelaram que o cometa ISON estava a libertar cerca de 51 toneladas de poeira a cada minuto. Em contraste, o cometa emitia na altura apenas 60 kg de água por minuto, o equivalente a quatro vezes o débito de um sistema de aspersão doméstico. De acordo com os investigadores, a discrepância observada pelo Swift indica que os jactos emitidos pelo núcleo cometário não estão a ser alimentados pela água, mas sim por outros compostos voláteis como o dióxido de carbono ou o monóxido de carbono, compostos que sublimam a maiores distâncias do Sol. Na altura, o cometa ISON encontrava-se a 4,04 UA da Terra e a 4,95 UA do Sol, e brilhava a apenas 15,7 de magnitude aparente, um brilho 5.000 vezes inferior ao limite da visão humana. Observações realizadas em Fevereiro revelaram níveis de actividade semelhantes.
Apesar destes valores serem nesta altura relativamente incertos, devido à debilidade do brilho do cometa, os investigadores podem compará-los com os valores médios observados noutros cometas conhecidos, e assim estimar o diâmetro do núcleo do cometa. De acordo com os dados recolhidos pelo Swift, o núcleo do cometa ISON tem cerca de 5 km de diâmetro, um valor típico para um objecto desta natureza.
Crédito: Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio.
O que nos dizem estes dados relativamente à sua passagem periélica em Novembro próximo?
"Parecem promissores, mas isso é tudo o que podemos dizer com certeza neste momento", afirmou à NASA o astrónomo do Observatório Lowell e membro da equipa do observatório Swift, Matthew Knight. "No passado, muitos cometas falharam as expectativas quando chegaram ao Sistema Solar interior. Apenas a realização de novas sessões de observação nos próximos meses poderá melhorar o nosso conhecimento o suficiente para determinarmos com rigor o futuro desempenho do ISON."
O cometa ISON irá realizar no final de 2013 uma primeira visita ao Sistema Solar interior. Antes de iniciar a sua longa viagem em direcção ao Sol, o cometa residia na distante nuvem de Oort, uma vasta região ocupada por biliões de objectos gelados, localizada muito além da órbita de Neptuno.
A 1 de Outubro, o cometa fará uma passagem a cerca 10,8 milhões de quilómetros de distância de Marte, uma oportunidade para os exploradores robóticos aí estacionados concretizarem as primeiras observações a curta distância. 58 dias depois, o ISON aproximar-se-á a apenas 1,2 milhões de quilómetros da superfície do Sol. As estimativas actuais apontam para uma perda de cerca de 10% do diâmetro do núcleo cometário durante a sua passagem periélica, um valor à partida insuficiente para colocar a integridade do cometa em risco. Caso sobreviva intacto ao encontro escaldante com o Sol, o cometa avançará a 26 de Dezembro para uma passagem a 64,2 milhões de quilómetros da Terra (cerca de 167 vezes a distância entre a Terra e Lua), altura em que será visível no céu vespertino, na direcção da constelação dos Gémeos.
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