Água saindo de uma fenda no chão da mina de Timmins, no Canadá. As bolhas visíveis na imagem contêm altas concentrações de hidrogénio e metano.
Crédito: J. Telling.
Uma equipa de investigadores liderada pelo geoquímico britânico Christopher Ballentine descobriu no Canadá uma bolsa de água isolada nas profundezas da crusta terrestre há pelo menos mil milhões de anos! O surpreendente achado aconteceu numa mina de cobre e zinco, situada a cerca de 2,4 quilómetros de profundidade, nas proximidades da pequena cidade de Timmins, no Ontario, numa secção do escudo pré-câmbrico canadiano formada por rochas com cerca de 2,7 mil milhões de anos.
Fluídos recolhidos em profundas fracturas nas minas de ouro na bacia de Witwatersrand, na África do Sul, tinham já fornecido aos cientistas fortes evidências de que os cratões continentais poderiam albergar bolsas de água com tempos de residência até 25 milhões de anos. Estes sistemas são particularmente fascinantes porque contêm concentrações muito elevadas de hidrogénio e metano, potenciais fontes de energia para comunidades de microrganismos quimioautotróficos.
Para calcularem a idade da bolsa de água, Ballentine e a sua equipa determinaram a composição isotópica dos gases nobres em amostras colhidas nalgumas das mais profundas fracturas da mina de Timmins. Os resultados mostram um excesso de isótopos 124Xe, 126Xe, 128Xe e 129Xe típico da atmosfera do Pré-Câmbrico, concentrações que sugerem um tempo mínimo de residência da água de 1,5 mil milhões anos. As concentrações de 129Xe encontradas nas amostras tiveram, provavelmente, origem em interacções da água com antigos sedimentos, ocorridas logo após a sua formação há pelo menos 2,64 mil milhões de anos. A equipa mediu, ainda, concentrações de gases nobres radiogénicos (4He, 21Ne, 40Ar, 136Xe) correspondentes a tempos médios de residência superiores a 1,14 mil milhões de anos.
De acordo com os autores deste trabalho, esta descoberta é "duplamente interessante", porque os fluídos analisados transportam consigo ingredientes necessários à vida. A equipa está agora a verificar se existem microrganismos a viver neste ambiente extremo. Caso sejam encontrados, a sua descoberta poderá ter implicações profundas na procura de vida em Marte. No passado, o planeta vermelho albergou na sua superfície água líquida, e as suas rochas são quimicamente semelhantes às da Terra, pelo que deverão existir, certamente, no interior da crusta marciana ambientes semelhantes aos observados nos sistemas de fracturas da mina de Timmins.
Podem ler mais sobre este trabalho aqui.
Crédito: J. Telling.
Uma equipa de investigadores liderada pelo geoquímico britânico Christopher Ballentine descobriu no Canadá uma bolsa de água isolada nas profundezas da crusta terrestre há pelo menos mil milhões de anos! O surpreendente achado aconteceu numa mina de cobre e zinco, situada a cerca de 2,4 quilómetros de profundidade, nas proximidades da pequena cidade de Timmins, no Ontario, numa secção do escudo pré-câmbrico canadiano formada por rochas com cerca de 2,7 mil milhões de anos.
Fluídos recolhidos em profundas fracturas nas minas de ouro na bacia de Witwatersrand, na África do Sul, tinham já fornecido aos cientistas fortes evidências de que os cratões continentais poderiam albergar bolsas de água com tempos de residência até 25 milhões de anos. Estes sistemas são particularmente fascinantes porque contêm concentrações muito elevadas de hidrogénio e metano, potenciais fontes de energia para comunidades de microrganismos quimioautotróficos.
Para calcularem a idade da bolsa de água, Ballentine e a sua equipa determinaram a composição isotópica dos gases nobres em amostras colhidas nalgumas das mais profundas fracturas da mina de Timmins. Os resultados mostram um excesso de isótopos 124Xe, 126Xe, 128Xe e 129Xe típico da atmosfera do Pré-Câmbrico, concentrações que sugerem um tempo mínimo de residência da água de 1,5 mil milhões anos. As concentrações de 129Xe encontradas nas amostras tiveram, provavelmente, origem em interacções da água com antigos sedimentos, ocorridas logo após a sua formação há pelo menos 2,64 mil milhões de anos. A equipa mediu, ainda, concentrações de gases nobres radiogénicos (4He, 21Ne, 40Ar, 136Xe) correspondentes a tempos médios de residência superiores a 1,14 mil milhões de anos.
De acordo com os autores deste trabalho, esta descoberta é "duplamente interessante", porque os fluídos analisados transportam consigo ingredientes necessários à vida. A equipa está agora a verificar se existem microrganismos a viver neste ambiente extremo. Caso sejam encontrados, a sua descoberta poderá ter implicações profundas na procura de vida em Marte. No passado, o planeta vermelho albergou na sua superfície água líquida, e as suas rochas são quimicamente semelhantes às da Terra, pelo que deverão existir, certamente, no interior da crusta marciana ambientes semelhantes aos observados nos sistemas de fracturas da mina de Timmins.
Podem ler mais sobre este trabalho aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário