quarta-feira, 31 de julho de 2013

Rocha fundida numa cratera lunar inclinada

A cratera Wiener F numa perspectiva oblíqua obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter a 19 de Janeiro de 2013.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Wiener F é uma cratera peculiar com cerca de 47 quilómetros de diâmetro, situada no lado mais distante da Lua. Formada sobre uma cratera mais antiga, Wiener F possui uma orla setentrional muito mais baixa que a orla meridional. Uma vista em perfil mostra um desnível entre os dois extremos superior a 2 quilómetros! Tal inclinação produziu efeitos dramáticos no fluxo da rocha fundida pelo calor do impacto dentro da cratera.

Perfil sul-norte da cratera Wiener F obtido a partir de dados topográficos derivados das imagens captadas pela câmara de grande angular da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Como a água num copo inclinado, a rocha fluída gerada pelo impacto transbordou pela orla setentrional de Wiener F, alagando uma grande área no exterior da cratera. Na imagem de baixo é possível ver toda esta estrutura em pormenor, incluindo os fluxos individuais na vertente exterior e no interior do lago, estes últimos ainda activos após a camada superficial ter solidificado.

Lago de rocha fundida no exterior da cratera Wiener F.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Os cientistas usam estas formações para determinarem as condições de formação das crateras lunares. Em primeiro lugar, o volume da rocha fundida é uma importante pista para calcularem a velocidade do projéctil no momento em que este colide com a superfície lunar (maiores velocidades traduzem-se em maiores pressões e, consequentemente, em maior quantidade de energia térmica gerada pelas ondas de choque). Por outro lado, o estudo da morfologia dos lagos de rocha fundida permite estimar com relativa precisão não só a idade das crateras (através da observação do seu estado de preservação e do número de crateras formadas na sua superfície), como também o ângulo de impacto do projéctil relativamente à superfície da Lua (a partir da observação da direcção de dispersão da rocha fundida). Por fim, os lagos de rocha fundida podem ainda oferecer um vislumbre de como algumas porções da cratera se ajustaram durante a sua formação (como é o caso, por exemplo, dos lagos de rocha fundida do pico central e da orla da cratera Tycho).

Explorem toda a paisagem em redor de Wiener F aqui.

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