Região terminal de Hebrus Valles numa imagem obtida pela sonda europeia Mars Express a 28 de Dezembro de 2007 (norte para cima).
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).
Um grupo internacional de investigadores descobriu evidências de que as inundações catastróficas que rasgaram grandes vales nas terras baixas do hemisfério norte de Marte, há cerca de 2 mil milhões de anos, poderão ter sido drenadas para o subsolo marciano através de vastos sistemas de cavernas. A equipa liderada por J. Alexis P. Rodriguez chegou a esta conclusão após ter estudado um conjunto de estruturas situadas a jusante de Hebrus Valles, um sistema de vales com cerca de 250 km de comprimento situado na margem sudeste de Utopia Planitia, junto à base de Elysium Mons.
Estima-se que as inundações que escavaram os grandes vales fluviais marcianos foram as mais volumosas alguma vez ocorridas no Sistema Solar. Alguns cientistas sugerem que estas inundações periódicas poderão ter conduzido à formação de grandes lagos ou oceanos nas bacias mais profundas de Marte. No entanto, pouco se sabe acerca da sua natureza e do seu destino final, essencialmente, porque as estruturas terminais dos vales foram erodidas ou ocultadas por sedimentos.
Hebrus Valles é um conjunto de vales fluviais único em Marte, pois conserva a jusante formações geológicas contemporâneas à sua génese, interpretadas por Rodriguez e colegas como vulcões de lama alinhados com uma rede de valas lineares. O volume cumulativo de água drenada por Hebrus Valles excede largamente o volume que a rede de valas poderia comportar, pelo que os investigadores sugerem que estas estruturas são, provavelmente, secções colapsadas de um vasto sistema de cavernas criadas pelos vulcões de lama.
Apesar do vulcanismo de lama conseguir expelir grandes volumes de sedimentos e substâncias voláteis do subsolo, as cavernas por si formadas são altamente instáveis porque ocorrem no seio de materiais pouco consistentes. No entanto, o sistema de cavernas situadas a jusante de Hebrus Valles ter-se-á desenvolvido em solos gelados (permafrost), que nas temperaturas médias anuais típicas das latitudes de Utopia Planitia (cerca de -65º C) apresentam uma resistência mecânica semelhante ao calcário, um material rochoso que alberga a maioria das cavernas terrestres.
A recente descoberta de entradas para possíveis cavernas na superfície de Marte despertou o interesse da comunidade científica pelo seu potencial como habitats exobiológicos. No entanto, até agora, pouco se sabia acerca da sua idade e dimensões. A descoberta de um vasto sistema de cavernas em Utopia Planitia vem demonstrar que estes habitats existiram no planeta, pelo menos durante os últimos 2 mil milhões de anos.
Este trabalho foi publicado na semana passada na revista Geophysical Research Letters (leiam o resumo do artigo aqui).
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).
Um grupo internacional de investigadores descobriu evidências de que as inundações catastróficas que rasgaram grandes vales nas terras baixas do hemisfério norte de Marte, há cerca de 2 mil milhões de anos, poderão ter sido drenadas para o subsolo marciano através de vastos sistemas de cavernas. A equipa liderada por J. Alexis P. Rodriguez chegou a esta conclusão após ter estudado um conjunto de estruturas situadas a jusante de Hebrus Valles, um sistema de vales com cerca de 250 km de comprimento situado na margem sudeste de Utopia Planitia, junto à base de Elysium Mons.
Estima-se que as inundações que escavaram os grandes vales fluviais marcianos foram as mais volumosas alguma vez ocorridas no Sistema Solar. Alguns cientistas sugerem que estas inundações periódicas poderão ter conduzido à formação de grandes lagos ou oceanos nas bacias mais profundas de Marte. No entanto, pouco se sabe acerca da sua natureza e do seu destino final, essencialmente, porque as estruturas terminais dos vales foram erodidas ou ocultadas por sedimentos.
Hebrus Valles é um conjunto de vales fluviais único em Marte, pois conserva a jusante formações geológicas contemporâneas à sua génese, interpretadas por Rodriguez e colegas como vulcões de lama alinhados com uma rede de valas lineares. O volume cumulativo de água drenada por Hebrus Valles excede largamente o volume que a rede de valas poderia comportar, pelo que os investigadores sugerem que estas estruturas são, provavelmente, secções colapsadas de um vasto sistema de cavernas criadas pelos vulcões de lama.
Apesar do vulcanismo de lama conseguir expelir grandes volumes de sedimentos e substâncias voláteis do subsolo, as cavernas por si formadas são altamente instáveis porque ocorrem no seio de materiais pouco consistentes. No entanto, o sistema de cavernas situadas a jusante de Hebrus Valles ter-se-á desenvolvido em solos gelados (permafrost), que nas temperaturas médias anuais típicas das latitudes de Utopia Planitia (cerca de -65º C) apresentam uma resistência mecânica semelhante ao calcário, um material rochoso que alberga a maioria das cavernas terrestres.
A recente descoberta de entradas para possíveis cavernas na superfície de Marte despertou o interesse da comunidade científica pelo seu potencial como habitats exobiológicos. No entanto, até agora, pouco se sabia acerca da sua idade e dimensões. A descoberta de um vasto sistema de cavernas em Utopia Planitia vem demonstrar que estes habitats existiram no planeta, pelo menos durante os últimos 2 mil milhões de anos.
Este trabalho foi publicado na semana passada na revista Geophysical Research Letters (leiam o resumo do artigo aqui).
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