sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um novo mapa da superfície de Plutão

Mapa da superfície de Plutão construído a partir de imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble em 2002 e 2003.
Crédito: NASA/ESA/Marc Buie (Southwest Research Institute).

Marc Buie, do Southwest Research Institute, lançou esta semana o melhor mapa até hoje obtido da superfície de Plutão. Baseado em imagens captadas pelo telescópio espacial Hubble em 2002 e 2003, o novo mapa mostra um pequeno planeta matizado por um conjunto de cores, que oscilam entre o branco, o laranja e o cinzento-escuro. Foram precisos cerca de 4 anos de trabalho contínuo e 20 computadores a operar em simultâneo para processar as imagens e construir o mapa global. Pensa-se que a variedade de cores resulte da presença de compostos orgânicos, formados quando a radiação ultra-violeta solar atinge as moléculas de metano presentes na superfície e na atmosfera extremamente rarefeita de Plutão.

Representação artística da superfície de Plutão, mostrando metano gelado puro a cobrir a superfície. Suspensa no céu, logo acima da superfície, encontra-se Caronte, a maior lua de Plutão.
Crédito: ESO/L. Calçada.

Um dos aspectos mais interessantes do trabalho de Buie é o de permitir identificar alterações profundas na superfície de Plutão, quando se compara o novo mapa com um anterior, obtido a partir de imagens captadas pelo Hubble em 1994. Surpreendentemente, a superfície de Plutão mudou de forma significativa em 8 anos, tornando-se globalmente mais avermelhada, e acumulando mudanças radicais no padrão de distribuição da cor e do brilho. Aparentemente, Plutão é um dos objectos mais dinâmicos do Sistema Solar! Preso numa órbita bastante excêntrica e com uma inclinação do seu eixo de rotação de 119,5º, o pequeno planeta sofre profundas modificações climatéricas sazonais, responsáveis pela redistribuição dos gelos de metano, nitrogénio e monóxido de carbono entre a superfície e a atmosfera. A sublimação dos gelos para a atmosfera poderá ser, de facto, a melhor explicação para as alterações de cor e de brilho observadas (uma hipótese reforçada, ainda, por outras observações, que indicam que a massa da atmosfera de Plutão poderá ter duplicado entre 1988 e 2002).
O novo mapa vai constituir uma importante ferramenta de trabalho para a programação da missão New Horizons, uma missão da NASA que terá como expoente máximo um encontro próximo com o planeta em Julho de 2015.

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