sexta-feira, 27 de maio de 2011

Depósitos de aluvião na Lua?

Derrocada de material rochoso no interior da cratera Riccioli CA, a oeste de Oceanus Procellarum. Imagem captada a 05 de Novembro de 2009 pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Terá a Lunar Reconnaissance Orbiter identificado pequenos leques aluviais na superfície da Lua?
Na Terra, os depósitos de aluvião são formados por aglomerados grosseiros de rocha e lama depositados pelas águas de um sistema fluvial no seu leito e nas respectivas margens. A superfície da Lua é completamente seca, pelo que qualquer estrutura semelhante resultará apenas de fenómenos geológicos que não envolvam a presença de água.
Neste caso em particular, um aglomerado de material granular e de grandes blocos rochosos fluiu encosta abaixo como se de um fluido newtoniano se tratásse, simulando o aspecto de um aluvião. A derrocada poderá ter ocorrido logo após o impacto que formou Riccioli CA, ou posteriormente, como consequência de outros impactos ou de erupções vulcânicas na vizinhança.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Estou aqui!"

Spirit repousa junto ao pequeno planalto Home Plate nesta imagem captada a 31 de Março de 2011 pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

É já certo que não voltaremos a ter notícias em primeira mão do robot Spirit. No entanto, na sua posição privilegiada na órbita de Marte, a Mars Reconnaissance Orbiter vai continuando a monitorizar com alguma regularidade as condições no local de repouso deste magnífico robot, pelo que vamos ter mais oportunidades de o rever de longe.
Recentemente, a câmara HiRISE registou imagens surpreendentes do local. Ao contrário do que acontece em dezenas de imagens anteriores dos dois robots, a posição do Spirit é imediatamente denunciada pelo seu intenso brilho. O fenómeno resulta do ângulo de iluminação coincidir acidentalmente com o ponto especular dos seus painéis solares.
E este é um indício importante. Aparentemente, Spirit recebe luz solar suficiente para restabelecer a sua actividade, pelo que a sua impossibilidade em comunicar com a Terra deve-se necessariamente a outra falha qualquer.
Curiosamente, os cientistas responsáveis pela HiRISE identificaram na mesma imagem, nas proximidades de Home Plate, um torvelinho - o mesmo fenómeno que tem mantido limpos os painéis solares dos dois robots nos 7 anos de permanência na superfície de Marte.

Um redemoinho de poeira ou torvelinho junto a uma pequena cratera nas proximidades de Home Plate. Imagem captada a 31 de Março de 2011 pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Adeus, Spirit!

Representação artística de um Mars Exploration Rover na superfície de Marte.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

A NASA esgota hoje as tentativas de restabelecer contacto com o Spirit, o robot que em Maio de 2009 ficou atolado nas areias de Troy, na superfície de Marte. São certamente notícias tristes para quem (tal como eu) alimentava ainda alguma esperança no regresso deste magnífico explorador.
Spirit foi o protagonista de uma surpreendente viagem de 7.730 metros no interior da cratera Gusev. Concebido para uma missão de apenas 3 meses, o robot manteve-se operacional por mais de 6 anos! As últimas comunicações com a Terra datam de 22 de Março de 2010, altura em que os seus painéis solares forneciam baixos níveis de energia. Sem os mínimos de energia adequados para alimentar os sistemas de aquecimento, componentes vitais e conexões eléctricas ficaram mais susceptíveis a danos provocados pelas baixas temperaturas do rigoroso Inverno marciano.
Talvez um dia Spirit volte a ser tocado por mãos humanas, certamente numa outra fase da exploração do planeta vermelho. Até lá fica a saudade!

Um vislumbre da posição do Spirit no interior da cratera Gusev. Representação artística criada com imagens reais captadas pelo robot.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Astro0.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Imagens impressionantes da erupção do vulcão Grímsvötn

O vulcão islandês Grímsvötn despertou este fim-de-semana com uma violência muito superior à da sua última erupção em 2004. Em poucas horas a nuvem de cinzas ascendeu a cerca de 20 km de altitude, dispersando-se depois pelas camadas mais altas da atmosfera. Neste momento, a erupção já obrigou ao encerramento do espaço aéreo islandês e ao cancelamento de vários voos com destino à Escócia.
Deixo-vos aqui algumas imagens deste espectacular fenómeno.

Relâmpagos na coluna de cinzas expelida pelo vulcão Grímsvötn. Imagens captadas a 21 de Maio de 2011, pouco tempo depois do início da erupção.
Crédito: Jon Gustafsson.

Imagem em cor natural da coluna de cinzas do vulcão Grímsvötn captada pelo espectroradiómetro MODIS do satélite Terra um dia depois do início da erupção.
Crédito: Jeff Schmaltz/MODIS Rapid Response Team at NASA GSFC.

Podem também acompanhar em directo toda a acção nas proximidades do vulcão aqui.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cassini assiste à dança de luas na face de Saturno

Este fim de semana, a sonda Cassini teve uma oportunidade única de observar a passagem de três grandes luas sobre a face de Saturno. O evento decorreu durante o trânsito de Titã na frente do gigante e dos seus anéis, e teve os seus momentos altos nos encontros da maior lua de Saturno com as orbes geladas de Dione e de Tétis. Aqui ficam algumas imagens.

Trânsito das luas Titã e Dione na frente de Saturno. Composição a cores construída com três imagens captadas a 21 de Maio de 2011 pela sonda Cassini através de filtros de luz visível (azul, verde e vermelho). Titã e Dione encontravam-se, respectivamente, a 2,31 e a 3,15 milhões de quilómetros de distância.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

O encontro de Titã com o gigante Saturno e as duas luas Dione e Tétis. A primeira surge nas duas imagens do meio, enquanto que Tétis se encontra na última imagem da direita.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/montagem de Sérgio Paulino.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Bailado nas areias de Meridiani Planum

Marcas na areia de Meridiani Planum deixadas pelas rodas do robot Opportunity. Mosaico de imagens captadas a 01 de Abril de 2011, poucos dias depois da despedida da cratera Santa Maria (ver aqui panorama completo).
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

O robot Opportunity encontra-se agora bem distante da cratera Santa Maria, local onde permaneceu durante a recente conjunção solar de Marte.
Desde que reiniciou a sua jornada até à cratera Endeavour, o Opportunity tem deixado nas marcas das suas rodas nas areias de Meridiani Planum um distinto padrão repetitivo. Claramente visivel na imagem que aqui vos trago, este padrão é produto da marcha a ré programada com alguma regularidade pela equipa da missão com o objectivo de diminuir o esforço da roda dianteira direita (com problemas de funcionamento desde o início de 2005).
Durante estas manobras o sistema autónomo de navegação tem de imobilizar com frequência o robot e verificar a existência de potenciais perigos no solo através da análise das imagens estéreo obtidas pelas câmaras de navegação. Como na marcha a ré a vista na direcção do movimento se encontra parcialmente bloqueada pela antena montada a meio do robot, o sistema autónomo tem de comandar uma pequena deslocação lateral para completar os dados de navegação antes de tomar uma decisão. Caso não sejam visíveis quaisquer perigos no solo, o Opportunity continua a sua marcha por mais 1,2 metros até nova paragem, onde ensaia nova coreografia.
Apesar desta marcha pouco habitual, o robot da NASA tem estado a vencer com relativa rapidez a distância que o separa do Cabo York, o seu ponto de abordagem à cratera Endeavour. Neste momento, faltam menos de 4 km para atingir o sopé destas colinas ricas em filossilicatos, um precioso material argiloso indicador do passado húmido de Marte.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pormenores impressionantes de uma ejecção de massa coronal

Na semana passada, uma região activa localizada no extremo oeste do disco solar produziu uma espectacular ejecção de massa coronal. A acção que se desenrolou durante e após a violenta explosão foi acompanhada em pormenor pelos dois observatórios espaciais SOHO e SDO. Vejam em baixo duas perspectivas diferentes deste belo fenómeno.

A ejecção de massa coronal ocorrida no passado dia 09 de Maio de 2011 foi monitorizada de perto pelo Solar Dynamics Observatory no ultravioleta extremo (171 Å). A violência do fenómeno é quase invisível neste vídeo; no entanto, a acção que se lhe segue garante um magnífico espectáculo. Após a explosão, uma miríade de arcos de plasma eleva-se acima da região activa. Na verdade, a expansão dos arcos é apenas uma ilusão resultante da extensão do processo de restruturação das linhas do campo magnético (rasgadas anteriormente pela explosão) às camadas mais exteriores da coroa solar.
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

A mesma ejecção de massa coronal vista através do coronógrafo LASCO da SOHO. Reparem como a nuvem de plasma se expande a uma velocidade impressionante.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Caloris Montes

Porção sudeste de Caloris Montes, numa imagem captada a 05 de Maio de 2011 pela sonda MESSENGER.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

A MESSENGER cumpre este mês o primeiro conjunto de observações da bacia Caloris desde a sua entrada na órbita de Mercúrio. Com um diâmetro médio de 1420 km, Caloris é um testemunho silencioso de uma das mais violentas colisões ocorridas no Sistema Solar interior. Os seus domínios são definidos por um anel descontínuo de maciços montanhosos com 1 a 2 km de altura, denominados no seu conjunto por Caloris Montes.
No início do mês, a MESSENGER reuniu as primeiras fotografias desta gigantesca estrutura obtidas com baixos ângulos de iluminação. Parte integrante do mapeamento morfológico da superfície de Mercúrio, estas imagens vão permitir aos investigadores definir com maior clareza a topografia de Caloris Montes e de outras estruturas geológicas adjacentes.

Fabulosa animação das nuvens de Júpiter em movimento

Recordam-se de Björn Jónsson, o autor deste espectacular mosaico da Grande Mancha Vermelha (GMV) de Júpiter? Jónsson voltou a mergulhar nos dados da missão Voyager para criar esta magnífica animação das nuvens de Júpiter em movimento!

O intrincado movimento das nuvens de Júpiter numa animação criada a partir de imagens captadas em 1979 pela sonda Voyager 1.
Crédito: NASA/JPL/processamento de Björn Jónsson.

Na realidade, esta é uma versão melhorada de um primeiro trabalho. Para este segundo vídeo, Jónsson processou 58 imagens centradas na GMV, obtidas pela sonda Voyager 1 durante a sua aproximação a Júpiter. Cada segundo na animação corresponde a 4 dias jovianos (aproximadamente 40 horas terrestres). As cores das imagens foram processadas de forma a reproduzirem o aspecto de Júpiter, tal como seria visível pelo olho humano.
Para mais informações relativas ao trabalho de processamento, consultem aqui e aqui.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dawn avista Vesta!

Um mundo por explorar visto pela sonda Dawn. Imagem não processada, captada a 03 de Maio de 2011, a aproximadamente 1,21 milhões de quilómetros de distância.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

A Dawn atingiu na passada semana um marco histórico na sua missão. No passado dia 3 de Maio, a sonda da NASA iniciou a fase de aproximação ao asteróide Vesta, um período que se estenderá por cerca de 3 meses, e onde a principal actividade será reunir dados para o controlo da navegação e para a afinação da trajectória.
Logo no primeiro dia, a Dawn obteve a sua primeira imagem de Vesta. Com 1,21 milhões de quilómetros a separar a sonda do seu primeiro destino, o asteróide surge ainda no retrato como uma pequena colecção de pixels (teremos imagens de qualidade superior às do telescópio Hubble apenas no início do mês de Junho). No entanto, a sua proximidade é já suficiente para que o brilho deste pequeno mundo esconda o seu real tamanho. Para visualizar as dimensões de Vesta na imagem sem perder o contexto, os responsáveis da missão tiveram de reduzir consideravelmente o seu brilho e processar em separado o fundo, de forma a tornar óbvias as estrelas mais brilhantes. O resultado está reproduzido na imagem que se segue.

Versão processada da imagem de cima. Vesta surge como um pequeno objecto no centro da imagem com aproximadamente 5 pixels de diâmetro (ver ampliação no canto superior direito), emoldurado por estrelas da constelação do Escorpião.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

Prevê-se a chegada da Dawn a Vesta para o início de Agosto, local onde permanecerá até Julho de 2012, data da partida para novo encontro, desta vez com o planeta-anão Ceres.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O mergulho fatal de um cometa

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Um cometa descoberto recentemente num mergulho fatal em direcção ao Sol. Animação composta por 36 imagens captadas a 10 e 11 de Maio de 2011 pelo coronógrafo LASCO, um dos 11 instrumentos científicos que se encontram a bordo da SOHO.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

O SOHO observou esta madrugada mais um membro da família de cometas Kreutz num mergulho vertiginoso em direcção ao Sol. O objecto foi descoberto recentemente pelo astrónomo amador Sergey Shurpakov em imagens captadas pelo coronógrafo LASCO, e não deverá sobreviver a esta passagem rasante pela escaldante atmosfera solar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Atmosfera titaniana poderá ter sido criada por impactos de cometas

A complexa estrutura da atmosfera de Titã, numa composição em cores naturais construída com imagens captadas pela sonda Cassini a 12 de Outubro de 2009.
Crédito: NASA/JPL.

Titã não pára de surpreender! De acordo com um estudo publicado na revista Nature Geoscience por investigadores da Universidade de Tóquio, a atmosfera de Titã poderá ter sido criada pelo impacto de cometas na sua superfície gelada.
Para reproduzir o efeito das violentas colisões na superfície primordial titaniana, Sekine e colegas dispararam lasers sobre gelo de água e amónia. O efeito típico resultante destas experiências foi a libertação de N2 (azoto ou nitrogénio), o gás mais abundante na densa atmosfera de Titã.
Baseados nestes resultados, os investigadores criaram um cenário onde testaram a hipótese da participação das colisões de cometas na formação da atmosfera titaniana presentemente observada. Verificaram que a densidade de colisões que se pensa terem ocorrido no período do Grande Bombardeamento Tardio (à cerca de 3,9 milhares de milhões de anos), seria suficiente para gerar as quantidades actuais de azoto atmosférico! Caso se confirme este novo cenário, os mecanismos de formação da atmosfera de Titã poderão ter sido radicalmente diferentes dos propostos para outros mundos, como por exemplo, a Terra ou Plutão.

sábado, 7 de maio de 2011

Medindo a posição das pequenas luas interiores de Saturno

Jano, Telesto e uma porção do anel F de Saturno numa imagem captada a 03 de Maio de 2011 pela sonda Cassini. A posição de Jano é óbvia. Conseguem adivinhar a posição de Telesto?
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Desde a sua chegada ao sistema saturniano, a sonda Cassini tem realizado várias sessões de observação astrométrica das pequenas luas de Saturno. Estas sessões são inúteis para cartografar a superfície destes objectos, uma vez que são executadas a grande distância dos seus alvos, mas proporcionam dados importantes para os astrónomos ajustarem os cálculos das respectivas órbitas.
Esta semana, a Cassini concretizou a primeira de duas observações astrométricas (a segunda será hoje) das luas Metone, Telesto, Jano, Polideuces, Calipso, Prometeu e Pandora. A imagem que aqui vos trago faz parte dessa sessão. Conseguem encontrar na imagem Jano e Telesto?

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Sequência de duas imagens captadas pela Cassini a 03 de Maio de 2011, com as posições de Jano e Telesto assinaladas.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Turismo espacial: primeira viagem na órbita da Lua será em 2015

O nascer da Terra visto a partir da órbita da Lua pela tripulação da Apollo 8.
Crédito: NASA.

A Space Adventures tem planeada uma viagem circunlunar de uma semana! Para que se torne uma realidade em 2015, a empresa de viagens turísticas no espaço necessita apenas de garantir a venda do segundo bilhete. Está alguém interessado?
Como será, então, a primeira viagem turística à Lua?

Esquema com os pormenores da missão circunlunar da Space Adventures.
Crédito: Space Adventures.

Os dois turistas tomarão os seus lugares numa cápsula Soyuz que deverá ser lançada rumo à Estação Espacial Internacional (EEI). Aí gozarão de uma estadia de 8 a 10 dias, tempo suficiente para serem preparados e lançados num segundo foguetão um propulsor e uma segunda cápsula. Depois de separada da EEI, a cápsula Soyuz acopolar-se-á a estes dois módulos para formar um confortável veículo de transporte para a viagem à Lua. Deverão ser necessários cerca de 7 dias para completar todo o percurso de ida à Lua e regresso em segurança à Terra. Durante a viagem, os dois passageiros poderão desfrutar de uma vista única sobre o lado mais distante da Lua, a cerca de 100 km de distância da superfície lunar!
O preço? Bem... 100 a 150 milhões de dólares (cerca de 68 a 102 milhões de euros, ou 161 a 242 milhões de reais)!
Visitem o site da Space Adventures para mais informações.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Estranhas colinas na cratera King

Pequenas colinas com base circular localizadas no interior da cratera King, no lado mais distante da Lua. Imagem captada a 15 de Dezembro de 2009, pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Algumas formações geológicas fotografadas pela Lunar Reconnaissance Orbiter na superfície lunar têm levantado mais questões do que respostas. É este o caso, por exemplo, dos vários grupos de colinas de base circular ou irregular que salpicam o interior da cratera King. Não são óbvios na paisagem circundante os processos geológicos envolvidos na sua génese.
Uma das hipóteses avançadas pelos investigadores sugere que estas pequenas colinas tiveram origem no material fundido pelo calor do impacto que formou a cratera King. Quente o suficiente para ser acumulada num grande lago no interior da cratera, a rocha fundida pelo impacto deverá ter sofrido um rápido arrefecimento na superfície, formando uma fina e frágil crusta sólida descontinuada nalguns locais por pequenos poços ou fracturas. Nestas condições, a pressão no interior do lago poderá ter sido suficiente para produzir pequenas extrusões de material fluído que se expandiu lentamente na superfície até solidificar nas estruturas arredondada que vemos hoje (imaginem pasta de dentes a ser prensada contra uma placa esburacada).
Apesar deste processo se assemelhar ao vulcanismo clássico, difere deste num aspecto fundamental: ao contrário do que acontece nos processos vulcânicos, onde o magma é proveniente do manto ou de câmaras no interior da crusta, o material fundido num impacto tem origem apenas na superfície, pelo que arrefece rapidamente, formando, consequentemente, extrusões com pouco volume.
Terá sido este o fenómeno ocorrido na cratera King?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mais um eclipse solar observado pelo SDO

A Lua voltou ontem de manhã a interpôr-se entre o Solar Dynamics Observatory e o Sol. Durante cerca de meia hora, as câmaras de alta-resolução do mais moderno observatório solar da NASA registaram, com uma nitidez impressionante, a silhueta irregular da Lua a evoluir sobre o disco solar.

Um eclipse solar observado a 03 de Maio de 2011 pelo Solar Dynamics Observatory.
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.

Àparte de proporcionarem um conjunto de imagens de beleza invulgar, estes eventos são uma oportunidade única para a equipa da missão avaliar o desempenho dos sistemas ópticos do SDO.

Pormenor de uma das imagens do trânsito da Lua observado a 03 de Maio de 2011 pelo Solar Dynamics Observatory. Reparem como são visíveis algumas montanhas lunares a recortar o disco solar. É a nitidez destes contornos que serve como parâmetro para a avaliação do desempenho dos sistemas ópticos do observatório solar da NASA.
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.