terça-feira, 29 de outubro de 2013

Identificada crista de hematite no sopé do monte Sharp

Sopé do monte Sharp, numa imagem obtida pelo Curiosity, a 12 de Outubro de 2013 (sol 421). É possível ver no centro da imagem uma crista rochosa rica em hematite.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

O Curiosity poderá vir a encontrar um importante alvo científico no sopé do monte Sharp, no interior da cratera Gale, em Marte. Cientistas americanos identificaram quantidades substanciais de hematite no estrato superior de uma crista rochosa, situada a menos de dois quilómetros do ponto onde o robot da NASA iniciará a escalada pela montanha. A hematite é um mineral rico em ferro, geralmente formado na presença de água, pelo que o estudo destes depósitos é fundamental para a compreensão do passado húmido da cratera Gale.

Abigail Fraeman e colegas usaram imagens em alta resolução obtidas pelo instrumento CRISM (Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars) da sonda Mars Reconnaissance Orbiter para mapear a crista num detalhe sem precedentes. A crista tem cerca de 200 metros de largura, e corre paralela à base do monte Sharp, numa extensão aproximada de 6,5 quilómetros. Os seus estratos são coerentes com as camadas expostas nas encostas vizinhas, o que sugere que a estrutura está associada aos depósitos sedimentares do monte Sharp.

Os dados recolhidos pelo CRISM não permitiram a determinação dos processos responsáveis pela formação dos depósitos de hematite. De acordo com a equipa liderada por Fraeman, concorrem duas explicações possíveis: precipitação química no interior de rochas, por exposição de fluídos subterrâneos ricos em Fe2+ a um ambiente oxidante; ou erosão de materiais ricos em silicatos pela acção de fluídos aquosos neutros ou ligeiramente ácidos, sob condições de oxidação.

Ambos os processos indicam que o local foi palco de antigas reacções de oxidação do ferro. Na Terra, estas reacções dependem, quase em exclusivo, da presença de microrganismos, pelo que estes depósitos são locais ideais para o Curiosity procurar sinais ancestrais de habitabilidade na superfície do planeta vermelho.

Podem ler mais sobre este trabalho aqui.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sol emite um par de fulgurações classe X em menos de 8 horas!

Duas fulgurações classe X observadas a 25 de Outubro de 2013, pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly do Solar Dynamics Observatory, através de um filtro para o ultravioleta extremo (131 Å).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/montagem de Sérgio Paulino.

O Sol produziu hoje as primeiras fulgurações classe X desde Maio passado. Os dois fenómenos tiveram origem na região activa 1882, uma mancha solar recém-numerada, e foram classificados respectivamente como eventos classe X1,7 e X2,1.

A primeira fulguração ocorreu pelas 09:01 (hora de Lisboa) e esteve, aparentemente, associada à erupção de dois filamentos situados a centenas de milhares de quilómetros de distância. O segundo evento atingiu o pico de intensidade pelas 16:07 (hora de Lisboa).

Nenhuma destas erupções produziu ejecções de massa coronal direccionadas à Terra, pelo que não se esperam alterações significativas da actividade geomagnética relacionadas com estes dois eventos.

SDO observa um rasgão na superfície do Sol

No dia 29 de Setembro, o Sol exibiu-nos uma pequena amostra do seu imenso poder. Pelas 22:40 (hora de Lisboa), um filamento de matéria solar com mais de 300 mil quilómetros de comprimento elevou-se da superfície do Sol, deixando para trás o que aparenta ser um gigantesco desfiladeiro de plasma escaldante.

Vejam em baixo as espectaculares imagens deste evento captadas pelo Solar Dynamics Observatory:



A erupção do filamento arremessou violentamente para o espaço dezenas a centenas de milhões de toneladas de hidrogénio super-aquecido, o que deu origem a uma ejecção de massa coronal que atingiu a Terra dias depois. Na superfície ficou um emaranhado de arcos magnéticos formados por plasma quente movimentando-se ao longo das linhas do campo magnético solar, entretanto, restabelecidas sobre o local.

O mesmo filamento observado de outro ângulo, pelo observatório STEREO-A. Imagem obtida pelo instrumento SECCHI a 29 de Setembro de 2013.
Crédito: NASA/STEREO/Helioviewer.

Cassini observa terrenos invulgares nas margens dos mares e lagos das latitudes boreais de Titã

Variações na composição da superfície da região do pólo norte de Titã, num mosaico construído com imagens obtidas pelo instrumento VIMS da Cassini, a 12 de Setembro de 2013.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona/University of Idaho.

Com a aproximação do Verão no hemisfério norte de Titã, os lagos e mares de metano e etano da região do pólo norte, estão agora, finalmente, ao alcance dos sensores remotos de infravermelhos da sonda Cassini. Imagens obtidas recentemente por estes instrumentos mostram que muitas destas superfícies líquidas encontram-se rodeadas por materiais brilhantes nunca antes vistos noutras regiões da lua de Saturno.

Titã é o único objecto conhecido, além da Terra, com massas líquidas estáveis na sua superfície. A grande maioria reside na região do pólo norte, acima dos 55º de latitude. Mapeada em grande parte pelo radar da Cassini, esta região apenas tinha sido examinada de forma parcial e pouco detalhada pelas câmaras do subsistema de imagem e pelo espectrómetro de infravermelhos VIMS (Visual and Infrared Mapping Spectrometer).

A recente combinação da chegada da luz solar às latitudes mais setentrionais, de condições atmosféricas excepcionais na região do pólo norte, e de trajectórias polares com geometrias de observação muito favoráveis, vieram, no entanto, proporcionar à Cassini, nos últimos meses, uma visão sem precedentes dos inúmeros lagos e dos grandes mares presentes nesta região.

"A observação realizada pelo VIMS dá-nos uma visão holística de uma área que antes apenas tínhamos observado em pedaços e em baixa resolução", afirmou à NASA Jason Barnes, um dos cientistas da equipa responsável pelo instrumento da Cassini. "Parece que o pólo norte de Titã é ainda mais interessante do que pensávamos, com uma complexa interacção de líquidos em lagos e mares, e depósitos deixados pela evaporação de antigos lagos e mares."

Os mares e alguns lagos do pólo norte de Titã, numa imagem de infravermelho obtida pela Cassini, a 12 de Setembro de 2013.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI/JHUAPL/University of Arizona.

As novas imagens de infravermelho obtidas pelo VIMS revelam a presença de faixas de terreno brilhantes nas margens dos lagos e mares da região do pólo norte titaniano, semelhantes às identificadas há dois anos nos leitos secos de antigos lagos localizados a sul de Ligeia Mare. Os dados sugerem que estas áreas não são mais do que materiais depositados por processos semelhantes aos responsáveis pela formação dos evaporitos encontrados em planícies salgadas na Terra.

A presença destas unidades brilhantes numa região onde se concentram a grande maioria das massas líquidas de Titã sugere que esta é uma área com uma geologia única em toda superfície da lua de Saturno. A morfologia distintiva dos lagos, com silhuetas circulares recortadas e margens inclinadas, tem levado os cientistas a propor diversas explicações para a sua formação. Contam-se entre as mais vulgares o colapso de antigas caldeiras vulcânicas, e a presença na região de terrenos cársicos, versões extraterrestres dos terrenos que estão na origem das belas paisagens observadas, por exemplo, na costa dálmata, na Croácia.

"Desde que os lagos e mares foram descobertos, que nos temos questionado porque se concentram eles nas latitudes mais setentrionais", disse Elizabeth Turtle, cientista da equipa de imagem da missão. "Portanto, verificar que existe algo de especial relativo à superfície nesta região é uma grande pista que nos ajuda a limitar as possíveis explicações."

"A região dos lagos setentrionais de Titã é uma das regiões mais parecidas com a Terra e intrigantes do Sistema Solar", afirmou Linda Spilker, cientista do projecto Cassini. "Sabemos que aqui os lagos mudam com as estações, e a longa missão da Cassini em Saturno dá-nos também a oportunidade de observar as mudanças das estações em Titã. Agora que o Sol brilha no norte e nós temos estas maravilhosas observações, podemos começar a comparar os diferentes conjuntos de dados, e a desvendar o que os lagos de Titã estão a fazer na região do pólo norte."

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

1000 exoplanetas em duas décadas

Exoplanetas confirmados até ao dia 22 de Outubro de 2013.
Crédito:PHL/adaptado por Sérgio Paulino.

Foi ontem ultrapassada a marca dos 1000 exoplanetas confirmados. A lista de planetas extra-solares conta agora com 1010 objectos confirmados, distribuídos em 759 sistemas planetários. Ficam, ainda, a aguardar confirmação mais de 3500 candidatos.

A primeira descoberta de um sistema planetário extra-solar ocorreu em 1992, no Observatório de Arecibo. Constituído por dois pequenos objectos na órbita de um pulsar, este sistema era diferente de tudo aquilo que os cientistas imaginavam. Localizados na órbita de um remanescente de uma violenta supernova, os dois estranhos mundos formaram-se, provavelmente, após a catástrofe, a partir da agregação das cinzas de uma antiga companheira estelar. A esta fabulosa descoberta seguiu-se a detecção dos primeiros exoplanetas na órbita de estrelas semelhantes ao Sol, em 1995.

Apesar de ser um marco assinalável, alcançado em apenas 20 anos, este número corresponde apenas a uma ínfima fracção do total de planetas que existirão na órbita dos milhares de milhões de estrelas que povoam a Galáxia. Os próximos anos irão trazer-nos, certamente, uma melhor compreensão das características destes mundos, bem como novas e inesperadas descobertas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Terra vista pela Juno

O nosso planeta numa imagem obtida pela sonda Juno, a 09 de Outubro de 2013.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems.

No dia 09 de Outubro, a sonda Juno passou a cerca de 561 quilómetros da superfície terrestre, uma manobra que lhe proporcionou o impulso gravitacional necessário para alcançar a órbita de Júpiter dentro de 21 meses. Durante este breve regresso a casa, a sonda da NASA esteve ocupada a testar a maioria dos seus instrumentos científicos, incluindo a JunoCam, uma pequena câmara de grande angular desenhada para observar os intrincados padrões da atmosfera joviana.

A imagem de cima foi obtida pela JunoCam, minutos antes da Juno atingir o ponto mais próximo da Terra. Na imagem podemos reconhecer grande parte do continente sul-americano, em particular, os contornos da cadeia montanhosa dos Andes, as pampas argentinas, e os meandros do Rio Paraná, e de três dos seus maiores afluentes, os rios Paranapanema, Tietê e Grande.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Espectacular mosaico de Saturno

Recordam-se da imagem de Saturno que aqui publiquei no passado Domingo? Na altura, expliquei que a composição era apenas uma pequena fracção de um mosaico que incluía um total de 36 imagens.

Construir mosaicos com as imagens da Cassini não é tarefa fácil. Tipicamente, a sonda viaja a uma velocidade entre 3 a 10 km.s-1 relativamente aos seus alvos, o que produz uma notória mudança de perspectiva entre os diferentes enquadramentos de um mosaico. Esta particularidade leva a que seja extremamente difícil alinhá-los na perfeição.

Felizmente, o croata Gordan Ugarkovic abraçou este desafio, e deu-nos a conhecer o que é provavelmente o mais belo retrato de sempre do planeta dos anéis. Vejam em baixo:

Saturno visto pela Cassini, a 10 de Outubro de 2013.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Gordan Ugarkovic.

Na imagem podemos apreciar detalhes incríveis na atmosfera e nos anéis do planeta. Na altura, a Cassini pairava sobre o pólo norte de Saturno, a uma distância de aproximadamente 1,5 milhões de quilómetros, o que lhe oferecia uma ampla visão sobre o hemisfério norte do planeta e o lado iluminado do sistema de anéis.

Nesta perspectiva, é possível observar toda a extensão do vórtice do pólo norte, uma bizarra tempestade com uma forma hexagonal, bem como o subtil bandeamento que ornamenta a alta atmosfera nas latitudes inferiores. O sistema de anéis surge destacado de Saturno, iluminando com o seu intenso brilho o lado nocturno do planeta.

Podem admirar todos os pormenores deste magnífico retrato aqui.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Recuperado enorme fragmento do meteorito de Chelyabinsk

Grande fragmento do meteorito de Chelyabinsk recuperado hoje do fundo do lago Chebarkul.
Crédito: IA Novosti / Aleksandr Kondratuk.

Mergulhadores russos recuperaram esta manhã o que aparenta ser o maior fragmento do objecto que em Fevereiro passado explodiu sobre a cidade de Chelyabinsk, nos montes Urais. O fragmento tinha sido encontrado no início de Setembro, enterrado numa espessa camada de sedimentos no fundo do lago Chebarkul, a uma profundidade de cerca de 20 metros.

"O exame preliminar... mostra que este é realmente uma fracção do meteorito de Chelyabinsk", afirmou à agência noticiosa Interfax Sergey Zamozdra, professor da Universidade Estatal de Chelyabinsk. "Tem uma espessa crusta de fusão; são claramente visíveis sinais de oxidação; e tem um grande número de indentações. Este pedaço é provavelmente um dos dez maiores fragmentos de meteoritos alguma vez descobertos."

Logo após ter sido retirado das águas lodosas do lago, o fragmento foi içado para cima de uma balança, uma operação que imediatamente correu mal. Depois de se fracturar em três pedaços, o pesado meteorito acabou por partir a balança no momento em que esta marcava 570 kg.

O objecto foi, entretanto, transportado para um museu de história natural local, para ser analisado.

domingo, 13 de outubro de 2013

Sobrevoando o pólo norte de Saturno

Saturno em cores naturais, numa composição de imagens obtidas pela sonda Cassini a 10 de Outubro de 2013, através de filtros para o azul, o verde e o vermelho.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/Sérgio Paulino.

A sonda Cassini obteve na passada quinta-feira um conjunto de 36 imagens que farão parte de um mosaico onde será possível contemplar Saturno e o seu sistema de anéis em cores naturais. O mosaico foi captado no âmbito do programa Cassini Scientist for a Day, um programa da NASA que possibilita aos estudantes americanos do ensino secundário escolherem alvos no sistema saturniano para a Cassini fotografar.

A composição de cima foi construída com três imagens dessa sessão e mostra os padrões de nuvens que adornam o hemisfério norte do planeta. No canto superior esquerdo é possível ver parte do gigantesco vórtice que paira sobre o pólo norte.

Crateras secundárias nas proximidades de Mare Moscoviense

Crateras secundárias na orla de uma cratera sem nome nas proximidades de Mare Moscoviense. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter, a 15 de Outubro de 2012.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

A imagem de cima mostra um grupo de crateras secundárias localizadas nas terras altas adjacentes a Mare Moscoviense, no lado mais distante da Lua.

As crateras secundárias são produzidas pelo impacto de detritos arremessados durante a formação das crateras primárias. Estas estruturas podem ser difíceis de distinguir dos impactos primários, especialmente quando têm uma forma circular e um manto de ejecta bem definido, pelo que, frequentemente, constituem um problema para os cientistas quando pretendem contar crateras para determinar a idade de uma superfície planetária. Este método de datação assume que o fluxo de impactos se manteve constante desde o Grande Bombardeamento Tardio, um período que terminou há cerca de 3,8 mil milhões de anos.

A datação radiométrica das rochas lunares recolhidas pelas missões Apollo e Luna possibilitou a calibração do método de contagem de crateras, o que o tornou bastante fiável. Infelizmente, a estatística pode ser enviesada pela inclusão de crateras secundárias na contagem, o que cria a falsa impressão de uma superfície mais antiga.

Na imagem de cima podem observar que a distinção entre os dois tipos de crateras é, frequentemente, ambígua. Neste caso, as crateras secundárias encontram-se concentradas num pequeno aglomerado, o que denuncia a sua natureza. O seu ejecta é também significativamente mais brilhante que o da maioria das crateras nas áreas envolventes.

Podem explorar toda esta região aqui.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Cometa ISON tem um lado sombrio

Cometa ISON visto pelo telescópio espacial Hubble a 30 de Abril de 2013. Na imagem é possível ver ainda numerosas galáxias e uma mão cheia de estrelas.
Crédito: NASA/ESA/Hubble Heritage Team (STScI/AURA).

Imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble em Abril passado sugerem que o cometa ISON manteve um lado permanentemente escondido da luz solar. "Determinámos a posição do pólo de rotação do núcleo", afirmou na passada quarta-feira Jian-Yang Li do Instituto de Ciência Planetária, na 45ª Reunião da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Americana de Astronomia. "A posição do pólo indica que o Sol está a aquecer apenas um dos lados do cometa, pelo menos até aproximadamente uma semana antes da sua chegada ao ponto mais próximo do Sol."

Li e os seus colegas identificaram o eixo de rotação do cometa ao inferirem a posição de um jacto de material particularmente proeminente no núcleo cometário. De acordo com os investigadores, o jacto marca muito provavelmente a localização de um dos pólos de rotação.

"Uma vez que a superfície do lado sombrio do cometa deverá reter ainda uma fracção significativa de materiais muito voláteis, a sua súbita exposição à intensa radiação solar, quando se encontrar mais próximo do Sol que Mercúrio, poderá desencadear enormes erupções de material", disse Li." Estas erupções poderão contribuir para um aumento significativo do brilho aparente do cometa, dias antes da sua chegada ao periélio.

Li explicou, ainda, que a parte mais exterior da coma é ligeiramente mais vermelha que a interior. "Esta alteração de cor é invulgar nos cometas, e parece sugerir que a parte interior contém alguns grãos de gelo de água, que sublimam à medida que se afastam do núcleo."

O cometa ISON foi descoberto em Setembro de 2012, quando se encontrava além da órbita de Júpiter. A tão grande distância, o cometa exibia já sinais de actividade, uma particularidade que o distingue de outros cometas rasantes ao Sol. "Como recém-chegado ao Sistema Solar interior, o cometa ISON providencia ao astrónomos uma rara oportunidade para estudar um cometa preservado desde a formação do Sistema Solar", afirmou Li. "O intenso brilho que se espera que o cometa atinja à medida que se aproxima do Sol, permitirá a obtenção de muitas importantes medições que são impossíveis em outros cometas inalterados."

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Descoberta primeira evidência do impacto de um cometa na superfície terrestre

Representação artística da explosão de um cometa na atmosfera terrestre.
Crédito: Terry Bakker.

Uma equipa de investigadores descobriu o que aparenta ser o remanescente de um fragmento de um núcleo cometário que colidiu com a Terra há 28,5 milhões de anos. O achado constitui a primeira evidência alguma vez observada do impacto de um cometa na superfície do nosso planeta.

A pequena rocha tem apenas 30 g de massa e foi encontrada em Dezembro de 1996 por um geólogo egípcio, numa remota região do sudoeste do Egipto. Localizada em pleno deserto líbio, esta região é caracterizada pela presença de inúmeros fragmentos de vidro natural dispersos por uma área de aproximadamente 6.000 km2. Trabalhos anteriores mostram que estes fragmentos são tudo o que resta de uma camada de vidro formada pelo aquecimento a 2.000 ºC de uma superfície arenosa, gerado pela explosão de um cometa na atmosfera terrestre. É possível admirar um magnífico exemplar deste vidro de tom amarelado numa das peças de joalharia encontradas no interior do túmulo do faraó Tutankhamun.

Broche descoberto no túmulo de Tutankhamun ostentando uma gema de vidro do deserto líbio em forma de escaravelho.
Crédito: Jon Bodsworth.

"Os cometas sempre visitaram os nossos céus (...), mas nunca antes na história se encontrou material de um cometa na Terra", afirmou David Block, professor da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul, e membro da equipa responsável pela descoberta.

Depois de realizarem um conjunto de sofisticadas análises químicas e mineralógicas, os investigadores chegaram à conclusão que a pequena rocha é o primeiro fragmento de um núcleo cometário alguma vez recuperado na Terra. A equipa deu a este impressionante objecto o nome Hipátia, em honra à primeira mulher matemática, filósofa e astrónoma da história, Hipátia de Alexandria.

Hipátia é constituída principalmente por carbono, em concentrações que se assemelham às observadas em partículas de poeira provenientes dos cometas Halley e 81P/Wild2. No seu interior, os cientistas observaram aglomerados de nanodiamantes, estruturas microscópicas formadas pela esmagadora pressão gerada pelo impacto. "Os diamantes são produzidos em materiais que contêm carbono", afirmou Jan Kramers da Universidade de Joanesburgo, primeiro autor do trabalho. "Normalmente, eles formam-se nas profundezas da Terra, onde a pressão é elevada, mas também pode ser gerada uma pressão muito alta pelo choque. Parte do cometa colidiu, e o choque do impacto produziu diamantes."

Até hoje, nunca tinham sido encontrados quaisquer fragmentos de cometas na Terra, à excepção de partículas microscópicas de poeira cometária na alta atmosfera e nos gelos antárcticos. As agências espaciais gastam milhares de milhões de dólares para assegurarem a obtenção de quantidades diminutas destes materiais no espaço. "Os cometas contêm segredos que permitem desvendar a formação do nosso sistema solar", afirmou Block. "Esta descoberta dá-nos uma oportunidade sem precedentes de estudar material cometário em primeira mão."

Podem ler mais sobre este trabalho aqui e aqui.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

No centro de Degas

Picos centrais da cratera Degas numa imagem obtida pela MESSENGER a 17 de Setembro de 2013. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

Esta imagem obtida recentemente pela sonda MESSENGER mostra o conjunto de majestosos picos que adornam o centro de Degas, uma cratera mercuriana com 55 km de diâmetro. Formados por materiais erguidos do interior da crusta pela violência do impacto, os picos centrais de Degas têm uma constituição distinta das áreas envolventes.

Na imagem é possível ver materiais brilhantes expostos nas suas encostas por sucessivas derrocadas. As longas fracturas visíveis em redor dos picos foram provavelmente formadas pelo arrefecimento e contracção da rocha fundida acumulada no chão da cratera.

Degas recebeu o nome do artista francês Edgar Degas, um dos fundadores do movimento impressionista.

domingo, 6 de outubro de 2013

LADEE atinge a órbita lunar

Representação artística da sonda LADEE na órbita lunar.
Crédito: NASA Ames/Dana Berry.

A sonda LADEE alcançou hoje, pelas 11:57 (hora de Lisboa), a órbita lunar. A notícia foi divulgada durante a tarde por um dos navegadores da missão na sua conta do Twitter.

Aparentemente, a sonda está em excelentes condições. Infelizmente, devido ao fecho das instituições públicas americanas, não haverá nos próximos dias qualquer comunicado oficial da NASA com mais detalhes sobre esta fase da missão.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Curiosity tem um furo numa roda

Uma imagem obtida ontem pela câmara MAHLI mostra o que aparenta ser um grande buraco na roda dianteira esquerda do Curiosity. Vejam em baixo:

Pormenor da roda dianteira esquerda do Curiosity numa imagem obtida a 02 de Outubro de 2013 pela câmara MAHLI.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

Apesar de ser relativamente grande, o buraco não irá limitar a mobilidade do Curiosity na superfície de Marte, pelo que não há qualquer motivo para preocupação. Testes realizados pela equipa de engenheiros da missão mostram que os motores das rodas são potentes o suficiente para ultrapassar danos estruturais graves como, por exemplo, rupturas localizadas nos raios de titânio, ou a ovalização dos aros de alumínio.

Mars Reconnaissance Orbiter fotografa cometa ISON

O cometa C/2012 S1 (ISON) realizou anteontem uma passagem a 10,8 milhões de quilómetros de Marte. Numa tentativa de estudar e fotografar o cometa a partir do planeta vermelho, as sondas Mars Reconnaissance Orbiter e Mars Express, e os robots Curiosity e Opportunity, têm estado todos envolvidos numa campanha de observação que se estenderá até ao próximo Sábado. A Mars Reconnaissance Orbiter foi, aparentemente, a primeira missão a ter sucesso. Vejam em baixo as primeiras imagens do cometa visto da órbita marciana:

Cometa ISON visto pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a 29 de Setembro de 2013.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Aparentemente, a coma do cometa é ainda muito difusa, pelo que estas imagens poderão ser úteis para calcular as dimensões e o brilho do núcleo, dados essenciais para determinar o comportamento do cometa durante a sua passagem pelo periélio no próximo dia 28 de Novembro.

Baseados numa análise preliminar dos dados, os investigadores Alan Delamere e Alfred McEwen da equipa da câmara HiRISE, afirmam que o cometa aparenta estar no limite inferior da gama de previsões de brilho para observação. "Como resultado, a imagem não é visualmente agradável, mas esta actividade é melhor para a determinação das dimensões do núcleo", explicam Delamere e McEwen no site da HiRISE. "A imagem tem uma escala de aproximadamente 13,3 quilómetros por pixel, maior que o cometa, no entanto o tamanho do núcleo pode ser estimado com base no brilho típico dos outros núcleos cometários."

Entretanto, foram já disponibilizadas na internet as primeiras tentativas de observação do ISON dos robots Curiosity e Opportunity (ver aqui e aqui). Infelizmente, mesmo que o cometa se encontre nessas imagens, não se distingue dos artefactos de compressão.