domingo, 28 de junho de 2009

Um oceano em Encélado?

As especulações acerca da existência de um oceano abaixo da superfície gelada de Encélado parecem ganhar agora novo fôlego com o recente anúncio de uma equipa de cientistas europeus na revista Nature, da descoberta no anel E de uma população de grãos de gelo ricos em sais de sódio. Maior e muito menos brilhante que o sistema de anéis mais conhecido, o anel E é formado predominantemente por materiais provenientes das colunas de vapor de água e grãos de gelo emitidas pela pequena lua de Saturno, pelo que o conhecimento da sua composição química proporciona uma oportunidade única de entender a estrutura interna de um dos corpos mais interessantes do Sistema Solar.

Imagem de Encélado obtida em contraluz pela sonda Cassini a 27 de Novembro de 2005, mostrando as colunas de vapor de água e grãos de gelo emitidas pela pequena lua gelada.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

As colunas de vapor de água e partículas de gelo foram observadas pela primeira vez em 2005, em imagens da pequena lua Encélado (500 km de diâmetro) obtidas em contraluz pela sonda Cassini. Estas colunas supersónicas provenientes de fracturas com cerca de 120 Km de comprimento, localizadas junto ao pólo sul, expelem para o espaço a centenas de quilómetros da superfície, nuvens de pequenas partículas de gelo que escapam à gravidade da lua e preenchem o anel E de Saturno.

Mosaico de imagens de alta resolução em cor-falsa do hemisfério sul de Encélado, obtidas pela sonda Cassini, a 14 de Julho de 2005. Destacam-se em azul as 4 fracturas paralelas, conhecidas informalmente por listas de tigre, que se encontram associadas às colunas de vapor de água e grãos de gelo.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.


Utilizando o Analisador de Poeira Cósmica existente a bordo da sonda Cassini, a equipa de investigadores dirigidos por Ralf Srama, do Instituto Max Planck de Física Nuclear de Heidelberg, Alemanha, examinou directamente a composição química das partículas de gelo do anel E. Descobriram que, embora as partículas sejam compostas predominantemente por água sob a forma de gelo, cerca de 6% contém aproximadamente 1,5% de uma mistura de cloreto de sódio, carbonato de sódio e bicarbonato de sódio. A existência desta população de partículas ricas em sódio sugere a presença de um oceano subsuperficial em Encélado. Segundo os mesmos investigadores, é possível que a formação das partículas ocorra por congelação directa da água salgada em câmaras pressurizadas na base da formação das colunas, enquanto que os restantes grãos de gelo pobres em sais poder-se-ão formar por simples destilação da água salgada.
Esta descoberta intensifica a imagem de Encélado como um local exótico, com capacidade para albergar um conjunto de habitats perfeitos para o desenvolvimento de vida extraterrestre. A sonda Cassini vai executar mais 4 passagens pela pequena lua em 2010 e, caso a NASA autorize nova extensão da missão, mais 12 passagens até 2015. Determinar a natureza e a origem das colunas será a prioridade principal da Cassini para essa nova extensão.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

LRO entra em órbita lunar

Representação artística da sonda LRO em órbita em redor da Lua.
Crédito: Chris Meaney/NASA.

Segundo os controladores da missão, a inserção orbital da Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) foi executada com sucesso ontem pelas 11:27 (hora de Lisboa). Segue-se agora a transferência da sonda norte-americana para uma órbita de transição, onde irá passar cerca de 60 dias a ligar e a calibrar os 7 instrumentos científicos existentes a bordo. Após essa fase, a LRO vai reposicionar-se numa órbita operacional a uma altitude de apenas 50 Km, mais próximo da superfície da Lua que qualquer outra sonda lunar.
Durante a fase operacional, a LRO vai compilar uma série de mapas de alta resolução a 3D da topografia e dos recursos da Lua, que servirão de base para a selecção de locais de alunagem para a fase seguinte de exploração humana. Prevê-se que a sonda norte-americana reúna mais informações acerca da Lua que qualquer uma das antecessoras.

terça-feira, 23 de junho de 2009

LCROSS em directo da Lua

A sonda norte-americana LCROSS vai sobrevoar a face lunar mais distante durante a manhã de hoje, manobra que a irá posicionar numa órbita terrestre alongada, favorável para o desfecho da missão: o impacto algures perto do pólo sul lunar. Prevê-se que a sonda atinja a periselene pelas 10:30 da manhã (hora de Lisboa). A NASA vai transmitir a parte final da manobra em directo aqui, com início previsto para as 13:20. Um espectáculo a não perder!

domingo, 21 de junho de 2009

Solstício de Verão

O Verão no Hemisfério Norte terá o seu início para hoje às 06:46 (hora de Lisboa), quando o Sol atingir a máxima declinação acima do equador celeste. Esta estação prolonga-se por 93,65 dias até ao próximo Equinócio que irá ocorrer no dia 22 de Setembro de 2009 às 22:19 (hora de Lisboa). Feliz Solstício!

sábado, 20 de junho de 2009

As últimas imagens da Kaguya

A JAXA disponibilizou ontem no seu site as últimas imagens captadas pela câmara de alta definição HDTV, que se encontrava a bordo da sonda nipónica Kaguya. Poderão observar a sequência completa aqui.

Imagem da superfície lunar perto do pólo sul, captada pela sonda Kaguya minutos antes do impacto.
Crédito: JAXA/NHK.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Próxima paragem: Lua

Lançamento das sondas lunares norte-americanas LRO e LCROSS.

Lançamento bem sucedido! As sondas Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) e Lunar CRater Observation and Sensing Spacecraft (LCROSS) viajam neste momento no espaço em direcção à Lua, após uma separação bem sucedida. Devido às tempestades que ameaçaram o Complexo 41 em Cabo Canaveral, na Florida, EUA, o lançamento das duas sondas lunares norte-americanas só se concretizou na última janela de oportunidade de ontem. A chegada da LRO encontra-se assim prevista para a madrugada de terça-feira, dia 23 de Junho, enquanto que os impactos da parte superior do foguetão Centauro e da sonda LCROSS com a superfície lunar ficam agendados para o próximo dia 9 de Outubro.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Lançamento das sondas LRO e LCROSS marcado para hoje

Foguetão Atlas V Centauro na rampa de lançamento aguardando o sinal de partida que irá levar as sondas LRO e LCROSS em direcção ao espaço. É ainda visível na imagem (ao fundo à esquerda) o space shuttle Endeavour colocado em posição para o lançamento, entretanto adiado devido a uma fuga de hidrogénio durante o abastecimento.
Crédito: NASA/Jack Pfaller.

Se tudo correr bem, será hoje às 22:12 (hora de Lisboa) o lançamento das sondas norte-americanas LCROSS e Lunar Reconnaissance Orbiter. Fiquem a aguardar novas notícias!

domingo, 14 de junho de 2009

Viagem à cratera Tycho

Viagem ao interior da cratera Tycho.
Crédito: JAXA.

Perdoem-me a nostalgia mas a missão Kaguya à Lua gerou, de facto, uma série de vídeos e imagens de rara beleza.
A animação que vos trago aqui foi criada pela JAXA a partir de dados extraídos das imagens da superfície lunar captadas pela câmara TC a bordo da sonda Kaguya, e mostra o interior da cratera Tycho, uma estrutura de impacto proeminente com 84 km de diâmetro e 4,6 Km de profundidade, localizada no hemisfério sul da Lua. Esta animação é mais um dos exemplos dos extraordinários vídeos disponibilizados na internet pela agência espacial nipónica. Formada há cerca de 100 milhões de anos (em pleno reinado dos dinossauros na Terra), a cratera Tycho é uma das formações geológicas mais recentes da superfície lunar.

sábado, 13 de junho de 2009

As ondas de Dafne

À medida que se aproxima o equinócio vernal no hemisfério norte de Saturno, são cada vez mais e maiores as sombras projectadas pelas luas saturnianas no sistema de anéis. A sonda norte-americana Cassini tem acompanhado nos últimos meses os trânsitos das sombras no sistema de anéis, obtendo imagens que começam agora a desvendar aspectos nunca antes vistos na estrutura dos anéis, apenas revelados pela geometria da iluminação solar própria de cada equinócio. Destacam-se entre estes, as estruturas verticais induzidas por perturbações gravitacionais das luas pastoras nas pequenas partículas que formam os anéis.
Recentemente, a sonda Cassini fotografou uma série de ondulações verticais junto a Dafne, uma lua pastora com cerca de 8 Km de diâmetro, que orbita no interior da Divisão de Keeler, na região exterior do anel A. Medições das sombras projectadas indicam que estas estruturas verticais atingem dimensões que variam entre os 0,5 e os 1,5 Km, até 150 vezes maiores que a espessura média dos anéis. Estas estruturas em conjunto com estruturas horizontais semelhantes são esculpidas em formas onduladas pelas perturbações gravitacionais induzidas pela proximidade entre Dafne e os rebordos que delimitam a Divisão de Keeler.

Imagem captada em luz visível pela sonda Cassini a 24 de Maio de 2009, mostrando Dafne e as ondulações provocadas nos dois rebordos do sistema anéis que definem a divisão de Keeler. Tanto a pequena lua como as ondulações verticais projectam longas sombras além do rebordo interno da divisão.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Portas abertas para a entrada em cena das sondas americanas

A frota de exploradores robóticos em missão na Lua, que no início do ano contava com três membros, ficou recentemente reduzida apenas à sonda indiana Chandrayaan-1, depois do impacto da sonda Kaguya na superfície lunar... Mas não por muito tempo. As sondas Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) e Lunar CRater Observation and Sensing Satellite (LCROSS) já se encontram posicionadas confortavelmente no topo do foguetão Atlas V Centauro, a aguardar pacientemente o seu lançamento, que se encontra previsto para o dia 17 de Junho.

Foguetão Altas V Centauro e sondas LRO e LCROSS posicionadas no topo, no interior do complexo de lançamento 41, em Cabo Canaveral, Florida, EUA.
Crédito: NASA/Dimitri Gerondidakis.

A viagem à Lua demorará cerca de 4 dias e colocará as duas sondas em posição para as respectivas missões. A LRO irá entrar numa série de órbitas elípticas antes de se posicionar na sua órbita polar final, a aproximadamente 50 Km da superfície lunar. A missão será a primeira a se enquadrar no plano da NASA de regresso do Homem à exploração lunar. A sonda irá ter como objectivos principais: o estudo do ambiente lunar, focado na detecção de radiações nocivas para os seres humanos; a identificação de recursos existentes na superfície; e a selecção de pontos de alunagem seguros.
A LCROSS, por seu lado, depois do lançamento, vai manter-se ligada à parte superior do foguetão, executar uma passagem pela Lua e entrar numa órbita terrestre alongada que a irá posicionar numa rota de colisão com a superfície lunar. Na fase final de aproximação à Lua, a LCROSS irá separar-se do foguetão, que por sua vez se deslocará a grande velocidade na rota de impacto. A nuvem de destroços produzidos pela parte superior do foguetão Centauro será analisada pela LCROSS antes mesmo de ela própria executar um segundo impacto com a superfície lunar. Prevê-se que os dois impactos sejam observáveis a partir da Terra.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Impacto na Lua confirmado

A JAXA confirmou o final da missão Kaguya com o impacto da sonda nipónica na superfície lunar. O impacto ocorreu ontem às 18H25 (UTC) a poucos quilómetros da cratera Gill, no hemisfério sul da Lua, produzindo uma bola de fogo visível a partir da Terra. Quem estiver interessado em ver as primeiras imagens do impacto poderá consultar o arquivo do dia 11 de Junho do site SpaceWeather.com.

Local de impacto da sonda Kaguya na superfície lunar (assinalado ao centro da imagem com uma cruz branca).
Figura construída usando o software NASA World Wind 1.4.0.0.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Recordando o trânsito de Vénus de 2004

Faz hoje 5 anos que Vénus fez um trânsito histórico sobre o disco solar. Quem quiser recordar o evento poderá consultar a galeria de imagens do site SpaceWeather.com ou a página do observatório europeu ESO dedicada ao Trânsito de Vénus de 2004.

sábado, 6 de junho de 2009

Uma viagem inesquecível à Lua

A primeira grande aventura nipónica à Lua está prestes a chegar ao fim. Equipada com uma série de sofisticados instrumentos, a sonda Kaguya esquadrinhou a superfície lunar durante cerca de ano e meio, em busca das origens e evolução da companheira da Terra. De todos os instrumentos científicos a bordo da sonda japonesa, na minha opinião, o mais impressionante foi o conjunto de câmaras de vídeo de alta definição (HDTV). As câmaras HDTV produziram fabulosas sequências de vídeo que mais parecem épicas sequências cinematográficas de grandes películas de ficção científica produzidas em Hollywood.
As sequências de vídeo que se seguem representam uma parte do material disponibilizado pela JAXA na página do YouTube.

O pôr da Terra visto pelas câmaras de alta definição da sonda nipónica Kaguya.

Schrödinger e Planck, duas crateras de impacto situadas perto do pólo sul lunar.

Copérnico e Mare Imbrium, estruturas de impacto localizadas na face voltada para a Terra.

Rümker, local de antiga actividade vulcânica lunar.