sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SDO observa filamento gigante em erupção

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Um gigantesco filamento magnético eleva-se acima da superfície solar nesta sequência de 44 imagens captadas a 27 e 28 de Outubro de 2010 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA), a bordo do Solar Dynamics Observatory (SDO), através do canal de 304 Å (He II).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/animação de Sérgio Paulino.

Um gigantesco filamento elevou-se ontem, ao início da madrugada, no rebordo oeste do disco solar. A estrutura pairou durante algumas horas a mais de 350 mil quilómetros acima da superfície solar, antes de produzir uma espectacular erupção. A nuvem de plasma foi lançada no espaço numa direcção perpendicular à da Terra, pelo que não deverá produzir alterações significativas na actividade geomagnética.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

LCROSS encontra água e outros compostos voláteis no pólo sul da Lua

Esta foi uma notícia amplamente divulgada na semana passada nos meios de comunicação social em todo o mundo. Foram finalmente publicados na revista Science os resultados da missão da NASA Lunar CRater Observation and Sensing Satellite (LCROSS), a mesma missão que no ano passado conduziu a parte superior de um foguetão Centauro a uma colisão directa com a superfície de uma das crateras permanentemente sombrias do pólo sul da Lua.
Como já havia sido antecipado nas semanas que se seguiram ao impacto, a sonda LCROSS detectou quantidades substanciais de água no interior da cratera Cabeus. Localizada nas proximidades do pólo sul da Lua, esta cratera é um dos poucos locais da superfície lunar permanentemente escondidos da luz solar. Consequentemente, Cabeus encontra-se entre os locais mais frios conhecidos no Sistema Solar.

Mapa das temperaturas observadas na região do pólo sul da Lua durante os meses de Setembro e Outubro de 2009, pelo Diviner Lunar Radiometer Experiment, um dos sete instrumentos científicos da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter. O mapa revela algumas das regiões mais frias da superfície lunar. Situados nos fundos sombrios das crateras mais profundas da região, estes locais poderão funcionar como armadilhas frias para a água e para outros compostos voláteis. O local de impacto da sonda LCROSS encontra-se sinalizado no interior de Cabeus, uma cratera com temperaturas inferiores a 100 K (-173 ºC).
Crédito: UCLA/NASA/JPL/GSFC.

Depois de um ano de análise detalhada dos resultados recolhidos pela sonda LCROSS e pela Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), os investigadores da missão concluiram que o impacto da parte superior do foguetão Centauro criou uma cratera com cerca de 25 a 30 metros de diâmetro no interior da cratera Cabeus. Logo após o impacto, a sonda LCROSS observou cerca de 4 a 6 mil quilogramas de detritos a elevarem-se acima das montanhas que delimitam Cabeus. Cerca de 155 quilogramas de material da nuvem de ejecta foram identificados como água sob a forma de vapor e de gelo, o que permitiu à equipa da missão estimar que aproximadamente 5,6% (±2,9%) do total da massa localizada no interior da cratera corresponderia a água no estado sólido. O vapor de água foi detectado sob duas formas de moléculas de hidróxilo: uma primeira resultante do calor do impacto, e uma segunda formada por fotólise das moléculas de água (por exposição à luz solar).

A vertente norte da cratera Cabeus fotografada pela Lunar Reconnaissance Orbiter a 12 de Outubro de 2009, dois dias e meio depois do impacto da LCROSS.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

A água não foi o único composto volátil identificado nos dados recolhidos pelos instrumentos da LCROSS. Observações realizadas com o instrumento LAMP (Lyman Alpha Mapping Project) permitiram a identificação na nuvem de ejecta de outros materiais, alguns completamente inesperados. Em termos de massa, os compostos voláteis mais abundantes (para além da água) foram o monóxido de carbono e o ácido sulfídrico. O LAMP detectou ainda em menores quantidades: dióxido de carbono, dióxido de enxofre, metano, formaldeído, hidrocarbonetos (provavelmente etileno), amónia, mercúrio e prata. Curiosamente, o metano e a amónia surgem em concentrações relativas à massa total da água, semelhantes ao que se observa nos cometas, o que sugere a participação de impactos cometários na acumulação destes compostos no interior das crateras lunares permanentemente sombrias. As elevadas concentrações de metano e de ácido sulfídrico indiciam, por outro lado, a presença de actividade química no solo lunar, apesar das baixas temperaturas detectadas nestas regiões. Quais as fontes de energia envolvidas na manutenção de reacções químicas nestes lugares extremos da superfície lunar, mantém-se um mistério.
Em resumo, a missão LCROSS foi um verdadeiro sucesso. A sonda encontrou água em abundância na interior da cratera Cabeus, quantidades aparentemente suficientes para, em teoria, poderem suportar missões tripuladas prolongadas à Lua. A detecção de outros compostos voláteis sugere a participação de complexos processos dinâmicos na sua acumulação e na sua distribuição ao longo das crateras permanentemente escondidas da luz solar.
Para mais informações consultem os respectivos artigos publicados na revista Science.

sábado, 23 de outubro de 2010

Assistam em directo à montagem do próximo robot a visitar Marte!

O JPL (acrónimo inglês de Laboratório de Propulsão a Jacto) instalou esta semana uma webcam na sala limpa onde está a ser montado o Curiosity, o próximo robot a visitar a superfície marciana. Poderão assistir em directo a toda a actividade de montagem e teste de um robot que em 2012 estará a explorar a superfície de Marte!


Durante todo o fim-de-semana, como é óbvio, vão encontrar a sala sem qualquer actividade. No entanto, como tive oportunidade de confirmar ontem, nos dias da semana poderão observar vários engenheiros da NASA vestidos com fatos e máscaras brancos, trabalhando arduamente na complexa estrutura do robot; alguns com bastante estilo...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Momentos derradeiros da vida de um cometa

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Sequência de 48 imagens mostrando um recém-descoberto cometa num aparente mergulho vertiginoso em direcção ao Sol. As imagens foram captadas nas primeiras horas do dia 21 de Outubro de 2010, pelo coronógrafo LASCO, um dos 11 instrumentos científicos que se encontram a bordo do SOHO.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/animação de Sérgio Paulino.

O SOHO observou ontem o mergulho suicida de um cometa em direcção ao Sol. Aparentemente, o objecto volatizou-se pouco antes de completar o seu voo rasante pela escaldante atmosfera solar.

O cometa kamikaze foi descoberto no passado dia 19 de Outubro pelo caçador de cometas chinês Bo Zhou, em imagens captadas pelo coronógrafo do SOHO. O novo objecto é provavelmente um membro da família Kreutz, um grupo de cometas resultantes da fragmentação de um cometa gigante há pelo menos 2.000 anos.

São mais de 1.900 os cometas descobertos até hoje em imagens do SOHO. Para comemorar tal desempenho, a equipa da missão lançou recentemente o SOHO 2000th Comet Contest, um concurso que propõe a todos os que estejam interessados em participar, a realização de uma previsão da data e da hora da descoberta do seu duomilésimo cometa. O vencedor será aquele cuja previsão se aproxime mais da verdadeira data desse acontecimento. Para mais informações consultem a página do concurso.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Primavera em Titã

Duas imagens de Titã captadas pela sonda Cassini a 18 de Outubro de 2010, a cerca de 2,5 milhões de quilómetros de distância. A imagem da esquerda é uma composição em cores naturais obtida a partir da combinação de imagens captadas através de filtros para comprimentos de onda no visível. A imagem da direita mostra o aspecto de Titã na banda do infravermelho próximo (a 938 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/ composição a cores e montagem de Sérgio Paulino.

A sonda Cassini realizou na passada segunda-feira uma nova sessão de observação do complexo sistema de nuvens descoberto no final de Setembro sobre a região de Senkyo. Aparentemente, o sistema evoluiu para uma extensa banda que cobre agora grande parte das áridas regiões equatoriais. A formação é acompanhada a sul por pequenos sistemas nebulosos em deslocação para latitudes médias.
O aparecimento de densas nuvens de metano na atmosfera de Titã resulta provavelmente das alterações climatéricas induzidas pela chegada da Primavera ao hemisfério norte. Serão, no entanto, necessárias novas sessões de observação para verificar se o sistema de nuvens produziu precipitação suficiente para provocar pequenas inundações nas regiões mais planas.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cassini observa a "Estrela da Morte" de Saturno

A sonda Cassini captou esta imagem de Mimas no dia 16 de Outubro de 2010, quando se encontrava a 102.694 km da pequena lua de Saturno.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

No passado fim-de-semana, a sonda Cassini realizou uma série de encontros não planeados com algumas das luas geladas de Saturno. No sábado iniciou a ronda com uma passagem pela lua Mimas a cerca de 70 mil quilómetros da sua superfície. Apesar de distante, o encontro permitiu a realização de um conjunto de observações das regiões que rodeiam a gigantesca cratera Herschel, à medida que estas emergiam do lado nocturno da lua. O baixo ângulo de iluminação observado nestas regiões durante o encontro vai possibilitar à equipa de imagem da missão uma melhor compreensão da topografia local.
Com quase um terço do diâmetro de Mimas, Herschel confere à pequena lua de Saturno um aspecto muito semelhante à icónica Estrela da Morte, a temível estação espacial imperial da saga cinematográfica Guerra das Estrelas. A semelhança entre os dois objectos é, no entanto, pura coincidência. Herschel só seria descoberta três anos depois da estreia do primeiro filme da saga, película onde a Estrela da Morte realiza a sua primeira aparição.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

P/2010 A2 (LINEAR): uma colisão de asteróides em câmara lenta

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Animação construída com sete imagens captadas pelo telescópio espacial Hubble, mostrando a evolução da morfologia de P/2010 A2 (LINEAR) ao longo dos 5 meses que sucederam à sua descoberta.
Crédito: NASA/ESA/David Jewitt (UCLA)/ animação de Sérgio Paulino.

Recordam-se de P/2010 A2 (LINEAR), o estranho objecto de aspecto cometário descoberto em Janeiro passado na Cintura de Asteróides?
Na altura, o somatório de alguns aspectos invulgares na sua órbita e na sua morfologia levaram os astrónomos a suspeitar que P/2010 A2 seria o resultado de uma violenta colisão entre dois asteróides. Imagens captadas pelo telescópio espacial Hubble algumas semanas mais tarde confirmariam a presença de um pequeno núcleo com cerca de 120 metros de diâmetro ligado por um fino filamento de poeira a uma cauda difusa onde se observava uma complexa estrutura de filamentos entrelaçados, aspectos morfológicos que reafirmavam um cenário de colisão muito recente.
Um grupo de astrónomos liderados por David Jewitt veio agora anunciar novas informações que revelam algumas surpresas acerca deste objecto. Baseados na evolução morfológica de P/2010 A2 observada através do telescópio Hubble nos 5 meses que sucederam à sua descoberta, Jewitt e colegas verificaram que a dispersão das partículas de poeira da cauda realizou-se muito mais lentamente que o esperado. O estudo do movimento de pequenos núcleos identificados nos filamentos da cauda revelou ainda que a colisão entre os asteróides deu-se meses antes do que havia sido inicialmente sugerido (provavelmente, algures entre os meses de Fevereiro e Março de 2009).
Podem ler mais acerca deste trabalho na edição de hoje da revista Nature (ver artigo aqui).

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Asteróide recentemente descoberto passará hoje a cerca de 46.000 Km da superfície da Terra!

Trajectória do asteróide 2010 TD54 durante a sua passagem pela Terra.
Crédito: NASA/JPL.

Começa a ser já uma rotina a descoberta de pequenos asteróides em trajectórias interiores à orbita da Lua. Desta vez a Terra receberá a visita de um objecto com cerca de 5 a 10 metros de diâmetro, descoberto no passado Sábado pelo Catalina Sky Survey.
Denominado provisoriamente 2010 TD54, o pequeno asteróide fará uma aproximação ao nosso planeta hoje pelas 11:50 (hora de Lisboa), a cerca de 46.000 km da superfície terrestre, algures sobre a região de Singapura. Demasiado pequeno para ser observado a olho nú, poderá ser acompanhado através de um telescópio amador ao longo das constelações de Peixes e de Aquário (ver efemérides aqui), podendo brilhar no ponto de maior aproximação à Terra a magnitude 14.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Seis luas numa única imagem

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Seis luas de Saturno passaram em simultâneo em frente da câmara de ângulo estreito da sonda Cassini no dia 06 de Outubro de 2010. Fazem parte desta animação duas longas exposições, a segunda repetida com anotações.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação e anotações de Sérgio Paulino.

A sonda Cassini realizou na passada quarta-feira uma série de observações astrométricas de algumas das pequenas luas de Saturno. Estas observações têm como objectivo melhorar o conhecimento relativo aos respectivos movimentos orbitais. Por vezes, por coincidência, cruzam-se outras luas saturnianas no campo de observação da Cassini. Embora raro, este fenómeno proporciona sempre uma oportunidade para a equipa de imagem da missão programar a Cassini para o registo de belas fotografias.
Na imagem que aqui vos trago, foram seis as luas fotografadas em simultâneo. Encélado e Jano surgem logo abaixo dos anéis com o seu lado nocturno iluminado pelo brilho de Saturno. Embutidas nos anéis encontram-se a lua Atlas, à direita, e as luas Pã e Dafne, à esquerda. Por fim, logo acima dos anéis, paira a pequena lua Epimeteu.

sábado, 9 de outubro de 2010

Melas Chasma: um profundo abismo em Marte

Melas Chasma, uma das depressões mais profundas de Marte. Imagem captada a 01 de Julho de 2006 pela câmara estéreo de alta resolução da sonda europeia Mars Express.
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).

Melas Chasma constitui uma fracção do complexo sistema de desfiladeiros de Valles Marineris, uma gigantesca depressão que rasga a superfície marciana ao longo de cerca de 4.000 km. É também um dos locais mais profundos do planeta vermelho, mergulhando cerca de 9 km abaixo da superfície circundante.
São abundantes os vestígios da passagem de grandes quantidades de água líquida em Melas Chasma. Além dos evidentes canais formados pelo fluxo de água corrente, existem ao longo das paredes do desfiladeiro depósitos de cor clara formados por compostos de sulfato, provavelmente precipitados no fundo de um antigo lago.
A Mars Express captou em 2006 um conjunto de imagens de uma parte do extremo norte de Melas Chasma. A imagem que aqui vos trago (em cima) cobre cerca de 20.000 km2 de superfície, uma área comparável à do Alentejo. São inúmeros os deslizamentos de rocha nesta região do desfiladeiro. A sua textura indica que terão sido formados pela acção de água líquida, gelo ou lama.

O chão do desfiladeiro de Melas Chasma nesta imagem em perspectiva construída a partir das imagens captadas pela Mars Express a 01 de Julho de 2006.
Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).

Hubble prepara visita da sonda Dawn a Vesta

Quatro imagens em cores falsas do asteróide Vesta captadas a 28 de Fevereiro de 2010 pela nova câmara WFC3 do telescópio espacial Hubble, através de filtros para comprimentos de onda curtos (ultra-violeta próximo e azul).
Crédito: NASA/ESA/J.-Y. Li (University of Maryland, College Park)/L. McFadden (NASA GSFC).

A NASA publicou ontem um conjunto de imagens do asteróide Vesta, o primeiro dos dois objectos da Cintura de Asteróides a ser visitado pela sonda Dawn. Captadas em Fevereiro passado, através do telescópio espacial Hubble, as imagens mostram variações no brilho e na cor ao longo da superfície de Vesta, em particular, em latitudes que não haviam sido observadas anteriormente. As novas imagens permitiram ainda redefinir a localização do eixo de rotação de Vesta, uma informação importante para o correcto planeamento do encontro do próximo mês de Julho da sonda Dawn com este asteróide.
Pensa-se que Vesta é um dos poucos protoplanetas sobreviventes na região interior do Sistema Solar. A visita da Dawn a este pequeno mundo deverá elucidar os astrónomos acerca das condições e dos processos que determinaram a evolução dos planetas.

Vídeo resultante da combinação de 73 imagens de Vesta obtidas pelo telescópio espacial Hubble no período de 25 a 28 de Fevereiro de 2010. Vesta completa uma rotação a cada 5,34 horas. São visíveis algumas variações de cor que não correspondem ao que seria observado pelo olho humano. As áreas mais escuras são interpretadas como regiões ricas em basalto, enquanto que as áreas mais avermelhadas serão provavelmente regiões preenchidas por poeira fina ou regolito.
Crédito: NASA/ESA/J.-Y. Li (University of Maryland, College Park)/L. McFadden (NASA GSFC).

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Chang'E-2 entra em órbita lunar

Já se encontra em órbita lunar a sonda Chang'E-2. A chegada deu-se ontem por volta das 04:40 (hora de Lisboa), depois de uma primeira manobra de desacelaração que colocou a sonda chinesa numa órbita elíptica preliminar de 12 horas. Os responsáveis da missão planeiam agora uma nova série de manobras de desacelaração no perilúnio, de forma a realizar gradualmente a transferência da sonda da sua actual órbita de 100X8.000 km para uma órbita operacional de 15X100 km.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

WISE com missão prolongada

Representação artística do telescópio espacial WISE.
Crédito: NASA/JPL.

A NASA anunciou anteontem o prolongamento da missão do telescópio espacial WISE. Com dois dos quatro detectores de infravermelhos inoperacionais devido ao esgotamento das reservas de hidrogénio líquido, o WISE encontrava-se neste momento no fim da sua missão primária.
Utilizado como fluido refrigerador, o hidrogénio líquido mantinha os detectores de infravermelhos (instrumentos sensíveis à radiação térmica dos objectos) a uma temperatura aproximada de 12 K. Com o seu esgotamento no passado mês de Agosto, o WISE perdeu a sensibilidade nos comprimentos de onda mais longos, mantendo, no entanto, bons desempenhos nos dois detectores sensíveis a comprimentos de onda no infravermelho próximo.
Denominada NEOWISE Post-Cryogenic Mission (NEO em referência ao acrónimo em inglês de objecto próximo da Terra), a nova missão vai explorar os dois detectores que ainda se encontram operacionais. A nova fase da vida do WISE terá como principal foco a continuação do mapeamento de pequenos objectos do Sistema Solar, em particular, dos objectos com órbitas próximas da órbita da Terra, actividade que deverá ser mantida por mais um a quatro meses, dependendo dos primeiros resultados.
Até à data, o telescópio espacial WISE descobriu 19 cometas e mais de 33.500 asteróides, incluindo 120 NEOs.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O toque da lua pastora

Imagem em cor natural da pequena lua Prometeu, construída com três imagens captadas a 27 de Dezembro de 2009 pela sonda Cassini através de filtros de luz visível para as cores azul (460 nm), verde (567 nm) e vermelho (648 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Gordan Ugarkovic.

Prometeu, a lua pastora interior do anel F de Saturno, lança a sua influência gravitacional sobre a miríade de pequenas partículas que povoam a região dos anéis, nesta imagem composta pelo croata Gordan Ugarkovic a partir de imagens captadas pela Cassini. Medindo 135,6 × 79,4 × 59,4 km, a pequena lua seria descoberta apenas em Outubro de 1980 (precisamente há 30 anos), em imagens captadas pela sonda Voyager 1.

sábado, 2 de outubro de 2010

Mundo de água

O planeta Terra visto do espaço numa imagem detalhada construída a partir de observações realizadas em 2005 pelo MODIS, um dos principais instrumentos do satélite Terra da NASA.
Crédito: NASA/MODIS/Robert Simmon/Marit Jentoft-Nilsen.

Admito que esta fabulosa imagem da Terra quase que me deixa sem palavras. Dias depois do anúncio da descoberta de um planeta na "zona habitável" do sistema planetário de Gliese 581, esta visão de uma orbe azul suspensa no espaço fez-me reflectir no quanto frágil e único é o nosso planeta. No entanto, esta imagem também estimula a minha imaginação. Os futuros exploradores de distantes novos mundos terão certamente oportunidade de lançar um último olhar sobre o nosso planeta; um olhar sentido sobre a única casa que até então conheceram: um mundo de água onde a vida floresce à milhares de milhões de anos. Quão semelhantes serão esses novos mundos?

Sonda chinesa Chang'E-2 a caminho da Lua


A China está de parabéns após o lançamento bem sucedido da sua segunda sonda lunar, ontem às 11:59:57 (hora de Lisboa). Ao contrário da sua predecessora, a Chang'E-2 rumará directamente para uma órbita lunar, prevendo-se a sua chegada na madrugada de quarta-feira, dia 6 de Outubro. A sonda deverá, no entanto, realizar algumas manobras de travagem antes de se posicionar numa órbita operacional a cerca de 100 km da superfície lunar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gliese 581g, um admirável novo mundo

Representação artística dos quatro planetas interiores do sistema planetário Gliese 581. Em primeiro plano encontra-se representado Gliese 581g, um planeta telúrico, aparentemente, com condições ambientais favoráveis para a existência de água no estado líquido.
Crédito: Lynette Cook.

Investigadores americanos liderados por Steven S. Vogt da Universidade da Califórnia e R. Paul Butler do Carnegie Institution of Washington, anunciaram anteontem (ver aqui) a descoberta de dois novos planetas a orbitar a anã vermelha Gliese 581, elevando agora a contagem neste sistema para seis planetas. A descoberta resultou da combinação de 11 anos de observações realizadas com o espectrógrafo HIRES (High Resolution Echelle Spectrometer) num dos telescópios do W. M. Keck Observatory, no Hawaii, com as observações publicadas no ano passado pela equipa de astrofísicos europeus do Observatório de Genebra.
Situado a cerca de 20,5 anos-luz de distância da Terra, na direcção da constelação de Balança, o sistema planetário de Gliese 581 já era conhecido anteriormente por albergar o gigante gasoso Gliese 581b e três outros planetas telúricos: Gliese 581c, Gliese 581d e Gliese 581e. Juntam-se agora a estes quatro os planetas f e g.
Dos dois novos objectos, Gliese 581g é, sem dúvida, o mais interessante. Com cerca de 3 vezes a massa da Terra e um diâmetro 1,2 a 1,4 vezes o diâmetro da Terra, este novo planeta telúrico orbita a sua estrela a cerca de 0,146 UA de distância, no interior da chamada "zona habitável", uma região em torno da estrela onde a água poderá existir no seu estado líquido! Este aspecto tem, sem dúvida, fortes implicações para a potencial existência de vida (como a conhecemos) na sua superfície. No entanto, como o próprio Paul Butler afirma: "Nesta altura, qualquer discussão relativa à existência de vida [em Gliese 581g] é pura especulação".

As órbitas dos 6 planetas no sistema de Gliese 581 em comparação com as órbitas dos três planetas interiores do Sistema Solar. De notar que o planeta mais exterior do sistema se encontra numa órbita mais próxima da estrela que a órbita da Terra relativamente ao Sol.
Crédito: Zina Deretsky, National Science Foundation.

Gliese 581g possui outra particularidade interessante. O planeta apresenta sempre o mesmo hemisfério voltado para a estrela hospedeira, o que indicia a existência de diferenças significativas de temperatura entre o lado diurno e o lado nocturno.