segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Philae irá pousar no cometa no dia 12 de Novembro

O "local J", visto pela NavCam da sonda Rosetta, a 21 de setembro de 2014.
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam.

Está decidido! Será no próximo dia 12 de novembro que a pequena sonda Philae pousará na superfície do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko - um dia depois da data inicialmente planeada. O alvo primário é uma área pouco acidentada na "cabeça" do cometa, denominada "local J". Os responsáveis da missão reservam ainda como opção alternativa o "local C", uma área relativamente plana no "corpo" do cometa. A confirmação final do destino da Philae será anunciada no dia 14 de outubro, depois de serem analisadas imagens adicionais em alta-resolução dos dois locais.



A Philae deverá separar-se da Rosetta pelas 08:35 (hora de Lisboa), a uma distância de 22,5 quilómetros do centro do cometa. A descida será documentada pela câmara ROLIS, um dos dois sistemas de imagem que seguem a bordo da Philae. A chegada ao "local J" ocorrerá cerca de 7 horas após a separação. Na altura, o sinal da Rosetta levará aproximadamente 28 minutos e 20 segundos a alcançar a Terra, pelo que o centro de controlo da missão receberá a confirmação do sucesso da manobra apenas pelas 16:00 (hora de Lisboa).

Caso seja selecionado o "local C", a separação ocorrerá pelas 13:04 (hora de Lisboa), a 12,5 quilómetros do centro do cometa. A chegada da Philae à superfície do cometa concretizar-se-á cerca de 4 horas depois, com a respetiva confirmação na Terra pelas 17:30 (hora de Lisboa).

sábado, 27 de setembro de 2014

Descobertas evidências de vulcanismo explosivo no lado mais distante da Lua

Mapa da concentração de tório na região de Compton-Belkovich baseado em dados recolhidos pela sonda Lunar Prospector.
Crédito: Jolliff et al, 2011.

Cientistas descobriram evidências de erupções vulcânicas explosivas na região de Compton–Belkovich, um complexo vulcânico relativamente recente localizado entre as crateras de Compton e Belkovich, no lado mais distante da Lua. Usando dados obtidos pelo espetrómetro de raios gama da sonda Lunar Prospector, a equipa liderada por Jack Wilson, da Universidade de Durham, no Reino Unido, reanalisou a distribuição de tório na região, um dos elementos radioativos tipicamente associados a rochas eruptivas. Os resultados mostram que o elemento se encontra espalhado por uma extensa área, que se estende até 300 quilómetros a leste do complexo vulcânico, o que é consistente com a ocorrência de dispersão piroclástica provavelmente criada por violentas erupções explosivas de magma rico em sílica na região.

O complexo vulcânico de Compton–Belkovich foi identificado pela primeira vez em 1998, depois da sonda Lunar Prospector ter detetado uma elevada concentração de tório numa pequena área com um diâmetro de cerca de 35 quilómetros. Imagens obtidas pela sonda Clementine em 1994 revelaram que a anomalia se encontra associada a uma superfície coberta com depósitos particularmente brilhantes. A sua natureza só viria a ser, no entanto, definitivamente confirmada em 2010, quando as câmaras de alta resolução da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter fotografaram pela primeira vez o local. As imagens permitiram aos cientistas reconhecer numerosas estruturas vulcânicas na região, incluindo cones e cúpulas com centenas de metros de diâmetro.

Pequena cúpula vulcânica no complexo de Compton-Belkovich. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (largura da imagem: 600 m).
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Um estudo baseado em dados geoquímicos obtidos pelo espetrómetro de raios gama da Lunar Prospector e pelo instrumento Diviner da Lunar Reconnaissance Orbiter viria a revelar que estas estruturas foram criadas por erupções efusivas de lava viscosa muito rica em sílica - o único exemplo de vulcanismo riolítico conhecido no lado mais distante da Lua. A baixa densidade de crateras, e a morfologia bem conservada de muitas das estruturas estudadas, levaram os cientistas a especular que a região poderá ter estado ativa há apenas algumas centenas de milhões de anos - uma idade muito inferior à dos terrenos vulcânicos que formam os maria no lado mais próximo da Lua (entre 3 a 4 milhares de milhões de anos).

Distribuição de tório na vizinhança do complexo de Compton-Belkovich.
Crédito: Wilson et al, 2014.

Neste novo trabalho, Wilson e colegas usaram o método de reconstrução de imagens Pixon para produzirem um mapa mais detalhado da distribuição de tório em redor do complexo de Compton-Belkovich. Esta abordagem permitiu aos investigadores não só definir com maior rigor a extensão do excesso central de tório, como também definir uma anomalia adicional mais esparsa, numa área com cerca de 300 quilómetros de comprimento, situada a leste do complexo vulcânico. Esta distribuição é consistente com a ocorrência de uma mistura de erupções efusivas e explosivas em condutas vulcânicas tendencialmente inclinadas para leste. Na Terra, estas condutas resultam, vulgarmente, do colapso parcial do edifício vulcânico, como consequência da natureza violenta destas erupções.

Estes resultados correspondem às primeiras evidências de vulcanismo explosivo na superfície da Lua. O trabalho foi submetido para publicação na revista científica Journal of Geophysical Research e pode ser encontrado aqui.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

MOM capta primeiras imagens do planeta vermelho

A ISRO divulgou ontem as primeiras imagens de Marte captadas pela Mars Orbiter Mission (MOM). As imagens foram obtidas na primeira meia hora após a conclusão da manobra de inserção orbital, e mostram extensas áreas da superfície marciana, desde a região meridional de Syrtis Major até à fronteira ocidental de Terra Sabaea. Vejam em baixo:

A região meridional de Syrtis Major, numa imagem obtida pela sonda Mars Orbiter Mission, a 24 de setembro de 2014, a uma altitude de 7300 km.
Crédito: ISRO.

A atmosfera marciana vista pela sonda Mars Orbiter Mission, a 24 de setembro de 2014, a partir de uma altitude de 8449 km. Na imagem podemos reconhecer os contornos da região ocidental de Terra Sabaea.
Crédito: ISRO.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Sonda indiana entra com sucesso na órbita de Marte

Cientistas e técnicos da ISRO celebrando a chegada da sonda Mars Orbiter Mission ao planeta vermelho.
Crédito: Reuters/Abhishek N. Chinnappa.

A Índia atingiu ontem um novo marco histórico no seu programa espacial, ao colocar a sua primeira sonda interplanetária na órbita de Marte. Denominada Mars Orbiter Mission (MOM) ou, mais informalmente, Mangalyaan (que em hindi significa engenho espacial de Marte), a pequena sonda indiana completou com sucesso a manobra de inserção orbital pelas 03:24 (hora de Lisboa), o que lhe permitiu alcançar uma órbita elíptica em redor do planeta, com uma periapside de 421,7 km, uma apoapside de 76993,6 km, e uma inclinação de 150º relativamente ao plano equatorial de Marte.

O evento foi efusivamente celebrado no centro de controlo da missão, em Bagalore, na Índia, não só pelos técnicos e cientistas da ISRO, mas também pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que se deslocou ao local para presenciar o desenrolar de todas as operações. Com esta conquista, a Índia junta-se a um clube restrito de nações com missões bem sucedidas ao planeta vermelho - um grupo que apenas incluía, até ontem, os Estados Unidos e a União Soviética (a Mars Express é uma missão da responsabilidade da ESA, uma organização intergovernamental europeia, pelo que não foi incluída nesta contagem).

A MOM transporta 5 instrumentos científicos, incluindo uma câmara com múltiplos filtros e um sensor para deteção de metano na atmosfera marciana. As observações científicas deverão arrancar nas próximas semanas, logo após a conclusão do comissionamento dos instrumentos científicos na órbita marciana.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Começou hoje o Outono

Pôr-do-sol no Guincho, junto a Cascais, no dia 21 de Setembro de 2013. Nos dias próximos dos equinócios, o Sol põe-se diretamente na direção oeste.
Crédito: Sérgio Paulino.

Assinalou-se hoje, pelas 03:29 (hora de Lisboa), o equinócio de Outono. O instante marca o início do Outono no hemisfério norte, e corresponde ao momento exato em que o Sol, no seu movimento anual aparente, cruza o equador celeste em direção a sul. Esta estação prolonga-se por 89,82 dias, até ao próximo solstício, que ocorrerá no dia 21 de dezembro, pelas 23:03 (hora de Lisboa).

A palavra equinócio deriva da expressão latina aequus nox, que significa "noite igual ao dia", uma alusão à ideia de que nestas datas dia e noite têm igual duração. No entanto, a realidade é um pouco diferente. Como podem confirmar aqui, hoje o dia teve 12 horas e 07 minutos. Porquê esta diferença? Podem encontrar a resposta aqui.

MAVEN entra na órbita de Marte

Representação artística da sonda MAVEN.
Crédito: Lockheed Martin.

Eram 02:50 (hora de Lisboa) de ontem quando a MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution) alcançou a órbita de Marte. Depois de posicionar os seus propulsores na direção do seu movimento, a sonda da NASA realizou uma queima de combustível durante 34 minutos e 26 segundos - uma manobra que lhe permitiu diminuir a velocidade o suficiente para que fosse capturada numa órbita elíptica inicial com um período de 35 horas.

"Sendo a primeira sonda dedicada a estudar a parte superior da atmosfera de Marte, a MAVEN irá melhorar significativamente a nossa compreensão da história da atmosfera marciana, como o clima se alterou ao longo do tempo, e como isso influenciou a evolução da superfície e a potencial habitabilidade do planeta", afirmou o administrador da NASA, Charles Bolden. "Irá também melhorar a informação disponível para uma futura missão tripulada ao planeta vermelho nos anos 2030."

Membros da equipa da missão celebrando a inserção bem sucedida da MAVEN na órbita marciana.
Crédito: Lockheed Martin.

Depois de uma inserção orbital bem sucedida, segue-se agora uma fase de comissionamento que durará cerca de 6 semanas. Durante esse período, a MAVEN irá testar os seus 8 instrumentos científicos, e completar uma sequência de manobras que a colocará numa órbita operacional com um período de 4,5 horas. Após esta fase, a sonda embarcará numa missão primária de um ano, dedicada a medir a composição, estrutura e perda de gases voláteis na camada superior da atmosfera do planeta vermelho, bem como a sua interação com o vento solar.

"Este foi um grande dia para a MAVEN", disse o diretor do projeto David Mitchell. "Estamos muito entusiasmados por nos juntarmos à constelação de sondas na órbita e na superfície do planeta vermelho. A fase de comissionamento irá manter a equipa de operações ocupada durante as próximas 6 semanas, e depois iremos, finalmente, iniciar a fase científica da missão. Parabéns à equipa pelo trabalho bem feito."

A MAVEN foi lançada a 18 de novembro de 2013, a partir de Cabo Canaveral, na Florida, nos Estados Unidos. A sonda transporta consigo três conjuntos de instrumentos científicos. O primeiro, o conjunto Partículas e Campos, é composto por seis instrumentos, concebidos para caracterizar o vento solar e a ionosfera de Marte. O conjunto de Deteção Remota inclui um espetrómetro de ultravioletas, e irá determinar características globais da alta atmosfera do planeta e da ionosfera. O terceiro conjunto é formado por um espetrómetro de gás neutro e de massa iónica, e terá como tarefa medir a composição e os isótopos dos iões atmosféricos.

sábado, 20 de setembro de 2014

Curiosity alcança o sopé do monte Sharp

Pahrump Hills, no sopé do monte Sharp. Imagem obtida pelo robot Curiosity, a 16 de setembro de 2014 (sol 751 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Damia Bouic.

A jornada do Curiosity no interior da cratera Gale atingiu mais um momento alto. Na semana passada, responsáveis da missão anunciaram a chegada definitiva do robot da NASA ao sopé do monte Sharp, o destino primário da missão na superfície do planeta vermelho. "O Curiosity vai iniciar agora um novo capítulo de uma já notável introdução ao mundo", disse Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA. "Depois de uma amartagem histórica e inovadora, juntamente com descobertas científicas bem-sucedidas, a sequela científica está agora aqui à nossa porta."

Elevando-se cerca de 5,5 quilómetros acima do chão da cratera Gale, o monte Sharp tem expostas nas suas encostas camadas sedimentares, possivelmente depositadas no leito de um grande lago que outrora preencheu o interior da cratera. A aventura do Curiosity na base da grande montanha irá começar com uma série de observações detalhadas das suas camadas mais profundas. O robot da NASA irá iniciar este processo num ponto de entrada próximo de um afloramento rochoso, denominado Pahrump Hills. A equipa da missão selecionou este local em detrimento de Murray Buttes, o ponto de entrada inicialmente programado, localizado a cerca de 2 quilómetros de distância. Ambos os locais encontram-se na fronteira entre a camada mais profunda do monte Sharp e os depósitos do chão da cratera, formados por materiais provenientes das montanhas que constituem a orla setentrional de Gale.

A nova rota do Curiosity na base do monte Sharp (indicada a amarelo) em comparação com a antiga rota até Murray Buttes (indicada a branco).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Univ. of Arizona.

"Foi uma longa mas histórica jornada até esta montanha marciana", afirmou o cientista do projeto Curiosity, John Grotzinger. "A natureza do terreno em Pahrump Hills, e nas áreas que se seguem, torna este local mais vantajoso que Murray Buttes para aprendermos acerca do significado deste contato. As camadas expostas nos pontos de contato são melhores porque têm um maior relevo topográfico."

A decisão de atalhar em direção a Pahrump Hills foi também influenciada por uma melhor compreensão da geografia da região, providenciada por imagens de diversos afloramentos rochosos, obtidas pelo Curiosity ao longo deste último ano. Neste momento, o robot da NASA encontra-se posicionado na base da montanha, numa estrutura geológica bem distinta, denominada formação de Murray. Comparada com o chão da cratera, esta estrutura apresenta rochas mais macias, e com cicatrizes de impacto mais degradadas. Imagens obtidas a partir da órbita marciana revelam ainda uma estratigrafia menos definida que a de outras unidades geológicas da base de monte Sharp.

Bonanza King visto pelo Curiosity, a 22 de agosto de 2014 (sol 726 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

No passado mês de agosto, o Curiosity realizou as primeiras observações detalhadas de dois afloramentos rochosos da formação de Murray. Ambas as estruturas revelaram diferenças notáveis em relação aos terrenos explorados pelo robot da NASA no último ano. O primeiro afloramento, denominado Bonanza King, mostrou-se demasiado instável para ser perfurado. No entanto, observações realizadas pelos instrumentos do robot permitiram determinar um elevado teor de silício. O segundo afloramento foi fotografado pelas câmaras MastCam, o que revelou uma superfície finamente granulada, entrelaçada com veios preenchidos com depósitos de sulfato.

Apesar destas diferenças não serem evidentes nas observações realizadas a partir da órbita marciana, a equipa da missão Curiosity baseia ainda muitas das suas decisões nos dados que lhes chegam da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO). Por exemplo, foram as imagens obtidas pela câmara HiRISE da MRO que permitiram aos cientistas identificar mesas com 18 metros de altura, a curta distância de Pahrump Hills. Foram estas estruturas que denunciaram a presença de uma extensa área exposta da formação de Murray nesta região da base do monte Sharp. A equipa da missão planeia obter algumas amostras neste local para serem analisadas no interior do robot.

Roda frontal esquerda do Curiosity numa imagem obtida pela câmara MAHLI, a 08 de agosto de 2014 (sol 713 da missão).
Crédito: NASA/JPL/MSSS/Emily Lakdawalla.

O Curiosity alcançou esta área depois da sua rota ter sido modificada, como resposta à crescente deterioração das suas rodas. Terrenos densamente preenchidos por rochas pontiagudas e extremamente afiadas abriram grandes buracos em quatro das seis rodas do robot, pelo que a equipa da missão decidiu encaminhar o robot por terrenos menos contundentes, junto ao sopé do monte Sharp.

"A questão das rodas contribuiu para levarmos o robot para sul mais cedo do que planeávamos, mas não é um fator na decisão motivada por questões científicas, de iniciar a escalada aqui, em vez de continuarmos primeiro até Murray Buttes", explicou Jennifer Trosper, membro da equipa responsável pelo projeto Curiosity. "Estivemos a conduzir com esforço durante muitos meses para alcançarmos um ponto de acesso ao monte Sharp. Agora que chegámos, vamos ajustar o estilo das operações, dando prioridade às investigações necessárias para cada camada da montanha, em detrimento da prioridade em conduzirmos."

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Uma nova cratera em Mare Nubium

Jovem cratera formada a 11 de setembro de 2013, na região ocidental de Mare Nubium, na superfície da Lua. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

No dia 11 de setembro de 2013, astrónomos espanhóis da equipa do projeto MIDAS (Moon Impacts Detection and Analysis System) detetaram um clarão na região ocidental de Mare Nubium, no lado da Lua mais próximo da Terra. O evento teve uma duração de cerca de 8,3 segundos, e terá sido provocado pelo impacto de um meteoróide com cerca de 450 kg, viajando a uma velocidade de 61 mil quilómetros por hora. Na altura, os investigadores estimaram que a energia libertada pelo impacto seria suficiente para criar uma cratera com 46 a 56 metros de diâmetro.

Imagens antes e depois do impacto.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Nos meses seguintes, a equipa de imagem da missão Lunar Reconnaissance Orbiter apontou repetidamente o sistema de imagem da sonda da NASA em direção às coordenadas onde tinha sido observado o clarão (17,2°S, 339,5°E), até que no dia 13 de abril de 2014 descobriram uma pequena cratera com um aspeto muito jovem. Imagens da região obtidas antes do impacto permitiram confirmar que a estrutura é de fato a cratera que procuravam.

A jovem cratera tem cerca de 34 metros de diâmetro e está localizada nas coordenadas 17,167°S, 339,559°E, a apenas 3 quilómetros de distância do local previsto. Como podem ver na imagem de cima, o impacto lançou fragmentos de rocha a mais de 500 metros de distância, em todas as direções!

Podem explorar toda a zona envolvente aqui (final da página).

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Escolhido o destino da sonda Philae

Local J, na superfície do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. Imagens obtidas pela sonda Rosetta.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA.

Foi ontem anunciado o destino final da pequena sonda Philae na superfície do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. O alvo, denominado "local J", foi selecionado de uma lista de 5 candidatos, e situa-se na "cabeça" do cometa, numa área pouco acidentada, próxima de uma região ativa. A opção alternativa é o "local C", uma área relativamente plana no "corpo" do cometa.

O local J visto pela sonda Rosetta, a 20 de agosto de 2014, a uma distância de 67 km (resolução da imagem: 1,2 metros/pixel).
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA.

"Nenhum dos cinco candidatos satisfazia 100% dos critérios, mas o local J é claramente a melhor solução", afirmou Stephan Ulamec, responsável do projeto Philae. O local oferece um risco mínimo para a sonda Philae. Nesta região, a maioria dos declives tem menos de 30% de inclinação, o que reduz o risco da pequena sonda tombar durante as manobras de contato com a superfície do cometa. O terreno tem poucos blocos comparativamente aos outros locais, e recebe luz solar suficiente para manter os instrumentos científicos da sonda em pleno funcionamento, usando apenas a energia disponibilizada pelos painéis solares.

Philae deverá pousar no cometa no dia 11 de novembro. Nas próximas semanas, o local será examinado em maior detalhe, com o objetivo de calcular com maior precisão a trajetória de descida da pequena sonda, desde a sonda-mãe Rosetta até à superfície do cometa.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Asteroide 2014 RC tem período de rotação vertiginoso

Sequência de 65 imagens do asteroide 2014 RC obtidas a 07 de setembro de 2014, no Observatório Lowell.
Crédito: A. Thirouin, B. Skiff, e N. Moskovitz.

Como previsto, o asteroide 2014 RC sobrevoou a Terra incólume no passado domingo, pelas 19:01 (hora de Lisboa), a uma altitude de 33550 quilómetros. Astrónomos em todo o mundo aproveitaram a oportunidade para estudarem as propriedades físicas desta pequena rocha espacial. O que aprenderam foi verdadeiramente surpreendente.

2014 RC tem um período de rotação de apenas 15,8 segundos! Este é o asteroide com a mais rápida rotação até agora observado - quase 9 segundos mais rápido que o anterior detentor do recorde, o asteroide 2010 JL88. O resultado baseia-se na análise das variações de brilho do asteroide, ao longo de várias noites, realizada por astrónomos do Observatório de Lowell, nos Estados Unidos.

Deteção de radar do asteroide 2014 RC, obtida pelas antenas de radar do Deep Space Network de Goldstone, na Califórnia, Estados Unidos.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Entretanto, imagens obtidas no dia 6 de setembro, por investigadores da Universidade do Hawaii, na banda do infravermelho próximo, permitiram concluir que 2014 RC tem um albedo médio de 0,24, e características espectrais típicas dos asteroides pertencentes à classe Sq (objetos rochosos ricos em piroxeno).

O diâmetro do asteroide foi confirmado através de observações de radar realizadas em Goldstone, nos Estados Unidos. O sinal foi mais fraco do que o esperado, devido a um alargamento do espetro de radar em cerca de 500 Hz, pelo que, tendo em conta o período de rotação de 15,8 segundos, 2014 RC deverá ter um diâmetro mínimo de 22 metros.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Philae e Rosetta tiram "selfie" com o cometa

"Selfie" da missão Rosetta, obtido no dia 07 de Setembro de 2014, a cerca de 50 quilómetros de distância do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Crédito: ESA/Rosetta/Philae/ÇIVA.

No passado domingo, a pequena sonda Philae usou o sistema de imagem ÇIVA (Comet Infrared and Visible Analyser) para captar esta belíssima fotografia da sonda Rosetta junto ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

ÇIVA é um dos dez instrumentos científicos que seguem a bordo da Philae. O sistema inclui um conjunto de sete microcâmaras que irão criar uma imagem panorâmica de 360º do local de pouso, assim que a pequena sonda alcançar em segurança a superfície do cometa.

Drama na órbita de Saturno: o nascimento e morte das miniluas do anel F

Sistema de anéis de Saturno visto pela sonda Cassini a 22 de outubro de 2013.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

Cientistas descobriram evidências de um fenómeno cíclico que provoca o nascimento e destruição de pequenos objetos no sistema de anéis de Saturno, em escalas de tempo que não são mais do que um mero piscar de olhos na história do Sistema Solar.

A equipa liderada por Robert French do Instituto SETI, nos Estados Unidos, comparou o aspeto do anel F em 6 anos de observações da missão Cassini, com a sua aparência durante os encontros das sondas Voyager com Saturno, em novembro de 1980 e agosto de 1981. O que descobriram foi que, embora o número de aglomerados de partículas no anel F se tenha mantido o mesmo, o número de aglomerados excecionalmente brilhantes caiu a pique nos últimos 30 anos - uma diferença que poderá ser explicada pela formação de uma breve mas tumultuosa horda de miniluas colidindo repetidamente como a estrutura principal do anel.

"O anel F é uma estrutura fina e irregular, inteiramente constituída por gelo de água, que se situa no exterior dos mais extensos e luminosos anéis A, B e C", explicou French num comunicado de imprensa do Instituto SETI. "[Este anel] tem pontos brilhantes, mas mudou a sua aparência de forma fundamental desde o tempo da [missão] Voyager. Atualmente, os aglomerados mais brilhantes encontram-se em menor quantidade." Estas formações materializam-se e desaparecem em intervalos de dias ou de apenas algumas horas - um mistério que French e os seus colegas pensam ter solucionado.

A complexa estrutura do anel F. Imagem obtida pela sonda Cassini a 25 de dezembro de 2012.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

"Pensamos que os nós mais luminosos ocorrem quando luas minúsculas, menores que uma grande montanha, colidem com a parte mais densa do anel", disse French. "Estas luas são pequenas o suficiente para coalescerem e depois se fragmentarem num curto período de tempo."

O anel F encontra-se numa região na órbita de Saturno muito próxima do limite de Roche - um local correspondente à distância mínima a que um objeto consegue aproximar-se do planeta sem ser destruído pela força de maré. Como consequência, os materiais nesta região ficam presos numa precária fronteira entre a coalescência em miniluas, e a sua permanência como partículas individualizadas na estrutura principal do anel. Estas miniluas têm diâmetros tipicamente inferiores a 5 km, pelo que podem formar-se com uma incrível rapidez.

Prometeu interagindo com as partículas do anel F numa imagem em cores naturais obtida pela sonda Cassini, a 27 de dezembro de 2009.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Gordan Ugarkovic.

A lua Prometeu tem um órbita mais interior que a do anel F, e contribui de forma decisiva para o comportamento caótico das partículas do anel. A cada 17 anos, Prometeu alinha-se de tal forma com o anel F, que a sua influência gravitacional torna-se particularmente intensa, o que precipita a formação de miniluas.

"Estas miniluas colidem de forma repetida com o anel F (...), produzindo aglomerados brilhantes à medida que navegam através das faixas de material", afirmou Mark Showalter, um dos membros da equipa. "No entanto, este é um comportamento autodestrutivo, e as luas, estando nas proximidades do limite de Roche, acabam por ter uma fraca estabilidade, pelo que rapidamente se fragmentam."

Esta hipótese poderá ser testada muito em breve. Os encontros das duas sondas Voyager com Saturno ocorreram poucos anos após o alinhamento de 1975, entre o anel e a pequena lua pastora. A Cassini presenciou o último alinhamento, em 2009, pelo que se a influência periódica de Prometeu for, de fato, responsável pela criação das miniluas, então iremos assistir, certamente, nos próximos anos, a um novo aumento do número de aglomerados brilhantes.

"O tipo de processos que ocorrem em redor de Saturno são muito semelhantes aos que tiveram lugar aqui há 4,6 mil milhões de anos, quando a Terra e os outros planetas se formaram", explicou French. "É importante compreender este processo."

Este trabalho foi publicado em julho passado na edição on-line da revista Icarus. Podem encontrar todos os detalhes aqui.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Cientistas descobrem evidências de subducção na crusta gelada de Europa

A lua Europa em cores aproximadamente naturais. Mosaico construído com imagens obtidas pela sonda Galileo.
Crédito: NASA/Ted Stryk.

Europa poderá ter placas tectónicas semelhantes às da Terra. Num trabalho publicado anteontem na revista Nature Geoscience, o geólogo Simon Kattenhorn e a cientista planetária Louise Prockter anunciaram a descoberta das primeiras evidências de subducção na fronteira entre duas placas de gelo, nas latitudes mais setentrionais do hemisfério líder da lua de Júpiter.

Imagens obtidas pelas missões Voyager e Galileo permitiram aos cientistas identificar claras evidências da expansão da crusta gelada de Europa. Esta expansão foi responsável pela completa reformulação da superfície europeana nos últimos 40 a 90 milhões de anos, no entanto, até agora, não tinham sido encontradas áreas onde este processo fosse contrabalançado pela destruição de porções mais antigas da crusta.

"Há anos que andamos intrigados sobre a forma como todo este novo terreno poderia ter sido formado, mas não conseguíamos descortinar como tinha sido acomodado", afirmou à NASA Simon Kattenhorn, investigador da Universidade do Idaho, nos Estados Unidos. "Pensamos que finalmente encontrámos a resposta."

Representação gráfica do processo de subducção na lua Europa.
Crédito: Noah Kroese (I.NK).

Kattenhorn e a sua colega Louise Prockter usaram imagens de alta resolução obtidas pela sonda Galileo, entre 1995 e 2003, para estudarem uma série de cristas e fraturas numa área com aproximadamente 134000 km2, localizada a norte de Falga Regio, no hemisfério líder de Europa. Depois de reconstruírem a configuração original da superfície nesta região, os dois investigadores descobriram uma área em branco com mais de 20000 km2! Esta porção em falta - concluíram - deve ter sido, de alguma forma, arrastada para o interior de Europa.

Kattenhorn e Prockter sugerem que a região foi absorvida, não pelo oceano subsuperficial, mas sim pela crusta, através de zonas de subducção que se estendem ao longo da superfície, por mais de 1700 km. A hipótese é sustentada pela observação de evidências de criovulcanismo junto à fronteira entre as duas placas.

"Se Europa tem um sistema global de placas tectónicas, então poderá ser mais semelhante à Terra do que antes imaginávamos", disse Kattenhorn. "Esta descoberta, não só torna [Europa] um dos corpos do Sistema Solar mais interessantes do ponto de vista geológico, como também sugere a presença de um sistema de comunicação em dois sentidos, entre o exterior e o interior - uma forma de mover materiais da superfície para o oceano - um processo que tem implicações significativas para o potencial de Europa como um mundo habitável."

Podem ler mais pormenores sobre este trabalho aqui.

domingo, 7 de setembro de 2014

Incrível vídeo de uma explosão vulcânica!

Um casal australiano de férias na Papua Nova Guiné teve um encontro imediato com um dos mais violentos fenómenos naturais. Depois de saberem que o monte Tavurvur exibia sinais de atividade, Phil e Linda McNamara meteram-se num barco e rumaram em direção ao local. Quando lá chegaram, pegaram na câmara e registaram em vídeo o momento exato em que o vulcão sucumbia à imensa pressão acumulada no seu interior. Vejam em baixo:



O vídeo foi obtido no passado dia 29 de Agosto, e mostra o poder destrutivo de uma explosão vulcânica. O fenómeno lançou lava e detritos a centenas de metros de altitude, e gerou uma violenta onda de choque que atingiu o barco cerca de 13 segundos após a explosão.

Cinzas em redor do monte Tavurvur numa imagem obtida pelo satélite Landsat 8, a 02 de setembro de 2014. A cidade de Rabaul situa-se a cerca de 7 quilómetros de distância do vulcão.
Crédito: OLI - Landsat 8/Jesse Allen (USGS)/anotações de Sérgio Paulino.

Tavurvur é um pequeno estratovulcão, situado na extremidade nordeste da ilha de Nova Bretanha. O vulcão tem estado particularmente ativo nos últimos 20 anos. Em 1994 foi responsável pela destruição de dois terços da vizinha cidade de Rabaul, o que forçou a população ao seu abandono temporário.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Asteroide sobrevoará a Terra no próximo domingo

Gráfico mostrando a trajetória do asteroide 2014 RC, no dia 07 de setembro de 2014.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

No próximo domingo, a Terra receberá a visita de um pequeno asteroide. Designado 2014 RC, este objeto com cerca de 20 metros de diâmetro foi inicialmente descoberto no dia 31 de Agosto pelo programa Catalina Sky Survey, nos Estados Unidos, e independentemente detetado no dia seguinte pelo telescópio Pan-STARRS 1, em Maui, no Hawaii. Observações posteriores permitiram traçar com rigor a sua órbita.

2014 RC deverá sobrevoar a superfície terrestre pelas 19:01 (hora de Lisboa), a uma altitude de apenas 33,5 mil quilómetros - um pouco abaixo do anel de satélites geoestacionários de comunicações e meteorológicos. Durante o período de maior aproximação, brilhará com uma magnitude aparente de 11,5, pelo que deverá ser observável apenas através de um pequeno telescópio.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ESA convida amadores a produzirem retratos do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko

A Rosetta encontra-se agora tão próxima da superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que se tornou impossível enquadrar o cometa numa única imagem da NavCam. Para criar um retrato completo, a sonda europeia tem de captar quatro imagens distintas. Como leva algum tempo a rodar e a apontar a sonda para os locais pretendidos, as imagens não combinam na perfeição, pelo que não é simples produzir um mosaico perfeito a partir destas imagens.

Quatro imagens do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, obtidas pela NavCam da sonda Rosetta, a 31 de agosto de 2014, a uma distância de 61 quilómetros.
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam.

Para envolverem os entusiastas da missão neste processo, a ESA desafiou todos os interessados a criarem os seus próprios mosaicos, e a partilhá-los com a equipa da missão e nos seus próprios perfis nas redes sociais.

Deixo-vos aqui o meu mosaico:

67P/Churyumov-Gerasimenko, visto pela NavCam da sonda Rosetta, a 31 de agosto de 2014.
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam/Sérgio Paulino.