terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Hiperião

A lua Hiperião vista pela Cassini a 25 de Janeiro de 2012.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Esta nova imagem de Hiperião foi obtida na semana passada, a uma distância de 521 mil quilómetros. Podem ler mais sobre esta misteriosa lua de Saturno aqui, aqui e aqui.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As vertentes de Pytheas

Pytheas é uma cratera de impacto lunar com 19,6 km de diâmetro, localizada no extremo sul de Mare Imbrium. O seu epónimo foi um famoso geógrafo e explorador grego do século IV a. C., natural da antiga colónia grega de Massália (actual Marselha), conhecido por ter sido o primeiro a associar o movimento das marés às fases da Lua.

A cratera Pytheas vista pela sonda da NASA Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

No passado mês de Setembro, a Lunar Reconnaissance Orbiter registou pormenores impressionantes da geologia de Pytheas. Na vertente sul da cratera observou espantosos exemplares de fluxos granulares a rasgarem caminho através das sucessivas camadas de basalto negro expostas ao longo do declive. Constituídos por cascalho altamente reflectivo escoado da orla da cratera, os estreitos fluxos granulares espraiam-se nas proximidades da base de Pytheas em magníficas escombreiras de gravidade. Ao contrário do que sucede na Terra, as escombreiras de gravidade lunares são criadas inteiramente pela acção da força gravitacional.

Camadas de basalto, fluxos granulares e escombreiras de gravidade fotografadas pela LRO a 15 de Setembro de 2011, na vertente sul da cratera Pytheas, na Lua (norte está para baixo). Diâmetro da imagem correspondente a 735 metros (resolução de 0,49 metros/pixel).
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Explorem o resto desta imagem aqui.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Água nos pólos de Vesta?

O pólo sul de Vesta fotografado pela sonda Dawn em Setembro de 2011. A região é dominada pela gigantesca bacia de impacto Rheasilvia.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA.

No interior da Cintura de Asteróides, região onde Vesta reside, a radiação solar é suficientemente forte para rapidamente volatilizar quaisquer depósitos superficiais de água ou de outros compostos voláteis. Ao contrário de Mercúrio e da Lua, o gigantesco asteróide também não tem crateras permanentemente sombrias para suportar a sobrevivência desses compostos por longos períodos de tempo. O seu eixo de rotação está inclinado cerca de 27,2º (para comparação, o eixo de rotação da Lua tem uma inclinação de apenas 1,5º), pelo que virtualmente todos os pontos da sua superfície recebem luz solar em algum momento do ano vestiano. Por estes motivos, durante muito tempo, os cientistas consideraram Vesta uma das superfícies mais secas do Sistema Solar.
Um novo estudo vem agora, no entanto, revelar uma nova e interessante possibilidade. Baseados em imagens recolhidas pelo telescópio espacial Hubble em 1994 e em 1996, os investigadores Timothy Stubbs e Yongli Wang criaram novos modelos para as distribuições globais da irradiação e das temperaturas em Vesta. As previsões produzidas pelos modelos mostram que, apesar dos pólos vestianos passarem por estações (tal como os pólos terrestres), a sua temperatura média anual fica abaixo dos 145 K (equivalente a -128º C), o limiar térmico da sobrevivência do gelo de água nos primeiros metros abaixo da superfície do asteróide. Mais ainda, estas condições estendem-se até à latitude de 27º, linha a partir do qual as médias se tornam demasiado elevadas.

Mapa das temperaturas médias de Vesta (em K) previstas pelo modelo de Stubbs e Wang. A linha cinzenta delimita a estreita banda em redor do equador em que se torna impossível a presença de gelo de água junto à superfície.
Crédito: NASA/GSFC/UMBC.

Mapa das temperaturas médias da região do pólo sul de Vesta (em K) previstas pelo modelo de Stubbs e Wang.
Crédito: NASA/GSFC/UMBC.

Os resultados do modelo de Stubbs e Wang terão o seu escrutínio definitivo quando forem analisados os dados recolhidos pela sonda Dawn, no final da sua missão na órbita de Vesta. Serão particularmente determinantes as observações realizadas pelo espectrómetro GRaND, o único equipamento com capacidade para detectar água no regolito vestiano.
Podem encontrar este trabalho aqui.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Hayabusa - os filmes



No próximo dia 7 de Março será lançado em DVD e Blu-ray pela 20th Century Fox Japan o filme Hayabusa, uma longa-metragem nipónica que retrata a épica viagem da sonda Hayabusa, a primeira a recolher e a enviar para a Terra amostras de um asteróide. O filme teve a sua estreia em salas de cinema no Japão a 1 de Outubro de 2011 e conta com a participação da actriz Yuko Takeuchi no papel principal (conhecida pelos fãs da série televisiva FlashForward pelo seu desempenho na personagem Keiko).


Entretanto têm estreia marcada para as próximas semanas em salas de cinema nipónicas duas outras dramatizações com o mesmo pano de fundo. A primeira tem por título Hayabusa, o regresso a casa e acompanha o dia-a-dia de um investigador da missão durante a odisseia de 7 anos da pequena sonda da JAXA no espaço. A personagem principal é interpretada por Ken Watanabe (papel principal no filme de Clint Eastwood As cartas de Iwo Jima) e foi inspirada no líder do projecto Prof. Junichiro Kawaguchi.
O segundo filme explora os dramas familiares de um engenheiro assistente responsável pela criação dos propulsores da sonda nipónica. O filme intitula-se Bem-vinda Hayabusa e terá a sua estreia a 10 de Março.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Novo impacto! Auroras previstas para esta noite!

A ejecção de massa coronal de ontem vista pelo SOHO.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/comentários de Phil Plait.

Tal como havia sido previsto, o campo magnético terrestre foi atingido esta tarde por uma ejecção de massa coronal (EMC) com origem na fulguração de ontem na região activa 1402. De acordo com a NOAA, o impacto da nuvem de plasma deverá desencadear nas próximas horas uma intensa tempestade geomagnética, com a possibilidade da manifestação de auroras em latitudes acima dos 55º. À partida, estão excluídos do espectáculo de luzes celestes os territórios português e brasileiro. No entanto, sublinho que esta é apenas uma previsão. Se estiverem num local com pouco poluição luminosa, não deixem de espreitar os céus a norte. Quem sabe... talvez tenham um pouco de sorte.
Entretanto, a chegada da EMC intensificou ainda mais a actual tempestade de radiação solar, transformando-a na maior desde as grandes tempestades de Outubro de 2003!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Terra atingida pela maior tempestade de radiação solar desde 2005


Fluxo de protões detectado na órbita da Terra pelo satélite GOES-13.
Crédito: NOAA.

Está neste momento em actividade uma forte tempestade de radiação solar classe S3, a maior desde Maio de 2005. O fenómeno teve origem numa fulguração de longa duração classe M9, com um pico de intensidade por volta das 04:00 (hora de Lisboa). A explosão produziu ainda uma ejecção de massa coronal que viaja agora no espaço interplanetário a uma velocidade de 2.200 km.s-1!
Segundo os analistas da NOAA, a Terra deverá ser atingida por um dos flancos da nuvem de plasma amanhã, por volta das 14:00 (hora de Lisboa), com intensidade suficiente para produzir uma forte tempestade geomagnética (ver modelo). Esperam-se mais uma vez intensas auroras nos próximos dias.

Impacto! Tempestade solar produz belas auroras!

Chegou mais tarde que o previsto, mas não desiludiu. Ontem de madrugada, a Terra sofreu o impacto de uma ejecção de massa coronal libertada pelo Sol na passada quinta-feira, produzindo períodos de forte actividade geomagnética. Durante todo o dia, observadores nas latitudes mais setentrionais relataram a ocorrência de auroras boreais particularmente brilhantes. Infelizmente, a tempestade geomagnética não foi forte o suficiente para trazer o espectáculo de luzes coloridas até aos céus portugueses.
Como compensação ficam aqui dois vídeos que ilustram o fenómeno visto na Noruega nas últimas duas noites.

Auroras boreais em Tromvik, Noruega.
Crédito: Helge Mortensen.

Auroras boreais em Kattfjorden, Noruega.
Crédito: Helge Mortensen.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Marte visto pela Rosetta

A ESA disponibilizou (finalmente!) no Planetary Data System todas as imagens obtidas nos primeiros quatro anos da missão Rosetta, incluindo tesouros há muito aguardados, recolhidos durante a única assistência gravitacional realizada pela sonda em Marte. Os membros do fórum UnmannedSpaceflight.com apressaram-se logo a mergulhar na abundância de dados para trazerem a público belíssimos retratos do planeta nunca antes vistos. Apreciem estas três imagens processadas pelo croata Gordan Ugarkovic.

Marte em cores naturais, fotografado pela sonda Rosetta a 24 de Fevereiro de 2007, a uma distância de 240.800 km. É possível ver próximo do centro da imagem a cratera Gale, o futuro local de amartagem do robot Curiosity.
Crédito: ESA/equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA/Gordan Ugarkovic.

Fobos em trânsito sobre Marte. Nesta imagem, a pequena lua paira sobre Syrtis Major Planum, um vasto planalto basáltico localizado no hemisfério norte de Marte. Imagem obtida pela sonda Rosetta a 24 de Fevereiro de 2007, a uma distância de 149.700 km.
Crédito: ESA/equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA/Gordan Ugarkovic.

Outra imagem mostrando Fobos em trânsito sobre Marte, desta vez acompanhada da sua sombra projectada a oeste sobre Elysium Planitia. Reparem também nas abundantes nuvens de gelo visíveis em perfil a leste.
Crédito: ESA/equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA/Gordan Ugarkovic.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Alerta! Nuvem de plasma a caminho da Terra!

Ontem ao final da tarde, a região activa 1402 produziu uma fulguração classe-M de longa duração. A explosão enviou uma ejecção de massa coronal na direcção da Terra, a uma velocidade de cerca de 1.100 km.s-1.

Ejecção de massa coronal registada ontem pelo coronógrafo LASCO do observatório solar SOHO.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA/anotações de Sérgio Paulino.


De acordo com os analistas do Goddard Space Weather Laboratory, a densa nuvem de plasma deverá atingir a magnetosfera terrestre com força suficiente para produzir uma forte tempestade geomagnética. O impacto deverá ocorrer amanhã, pelas 22:30 ± 7 horas (hora de Lisboa).
Apesar de improvável, não é de excluir a ocorrência de auroras a latitudes médias. Por isso, amanhã à noite estejam atentos ao céu, de preferência num local com pouca ou nenhuma poluição luminosa.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Erupção vulcânica no arquipélago de Al-Zubair chega ao fim

Terminou a erupção vulcânica que em Dezembro passado fez emergir uma nova ilha no Mar Vermelho, nas proximidades da costa do Iémen. Uma imagem captada este fim-de-semana pelo satélite Earth Observing-1 mostra um novo pedaço de terra firme com cerca de 760 metros de comprimento por 480 metros de largura, sem quaisquer indícios de actividade vulcânica em curso.

O nascimento de uma ilha no arquipélago de Al-Zubair, no Mar Vermelho. Depois de quatro semanas de intensa actividade, o novo vulcão parece estar agora adormecido.
Crédito: NASA (montagem de Sérgio Paulino).

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Phobos-Grunt regressa à Terra

Representação artística da reentrada da Phobos-Grunt na atmosfera terrestre.
Crédito: Michael Carroll/SPACE.com.

Segundo informação oficial do Ministério da Defesa Russo, os destroços da sonda russa Phobos-Grunt repousam agora nas águas do Oceano Pacífico, a cerca de 1.250 km da ilha Wellington, Chile. A reentrada deverá ter ocorrido um pouco antes do previsto, pelas 17:45 (hora de Lisboa).
Até agora não surgiram quaisquer imagens ou relatos que confirmem o local e a hora da queda da sonda de 13,5 toneladas. Na verdade, o comunicado oficial baseou-se em modelos matemáticos e não em qualquer meio de detecção, pelo que esta informação poderá não estar inteiramente correcta.
Farei uma actualização desta mensagem caso surjam novidades.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Phobos-Grunt: reentrada prevista para hoje

De acordo com as mais recentes estimativas, a sonda Phobos-Grunt deverá fazer a sua reentrada na atmosfera terrestre hoje pelas 18:02 ± 24 minutos (hora de Lisboa). Neste momento, a sonda viaja a uma velocidade de 8 km.s-1, numa órbita com um período de 87,21 minutos, um apogeu de 145 km, um perigeu de 128 km e uma inclinação de 51,41º. Apesar do conhecimento preciso sobre estes dados, é impossível determinar com segurança a altura em que a sonda irá ceder ao atrito exercido pela atmosfera terrestre, e consequentemente, o local na superfície terrestre em que os destroços cairão.
Fica aqui um mapa com os possíveis locais de reentrada da Phobos-Grunt.

Mapa oficial da reentrada da sonda Phobos-Grunt emitido hoje ao final da manhã pela agência espacial russa Roskosmos.
Crédito: Roskosmos.

Pôr-do-sol num mundo distante

Conhecemos as cores do pôr-do-sol na Terra e em Marte. Mas já imaginaram um pôr-do-sol num dos distantes mundos recentemente descobertos fora do Sistema Solar?
Embora seja ainda impossível observar directamente estes fenómenos, os cientistas conhecem suficientemente bem a composição da atmosfera de alguns exoplanetas e o espectro das respectivas estrelas para os poderem reproduzir com algum rigor. Frédéric Pont, um astrofísico da Universidade de Exeter, especialista no estudo de atmosferas exoplanetárias, usou recentemente os dados científicos disponíveis do sistema planetário HD209458 para construir uma imagem de um pôr-do-sol no gigante gasoso HD209458b.

Representação artística de um ocaso visto 10 mil quilómetros acima de HD209458b. Reconstrução fiel ao que seria observado pelo olho humano, realizada a partir de espectros de transmissão obtidos pelo espectrómetro STIS do telescópio espacial Hubble.
Crédito: Frédéric Pont.

A imagem mostra um pôr-do-sol verdadeiramente extraterrestre. Apesar de HD209458 ser uma estrela semelhante ao Sol, existe sódio neutro suficiente na atmosfera do seu companheiro planetário para que a luz vermelha seja removida de forma eficaz. Nas camadas mais profundas da atmosfera, a luz azul é dispersa da mesma forma que na Terra, pelo que a estrela adquire uma estranha coloração esverdeada junto ao horizonte. Por fim, como o estrela se encontra a apenas 7 milhões de quilómetros de distância, aparenta um tamanho muito superior ao do Sol quando observado a partir do nosso planeta. Como resultado, o disco estelar de HD209458 não se limita a apenas uma camada atmosférica (como acontece na Terra). Em vez de mudar de cor à medida que se move em direcção ao horizonte, exibe as várias tonalidades descritas em cima em simultâneo!
HD209458b foi o primeiro exoplaneta a ser descoberto pelo método dos trânsitos. Podem ler mais sobre este curioso mundo aqui.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Regolito sobre basalto

Conjunto de pequenas crateras (possivelmente secundárias) localizadas no interior da cratera Tsiolkovskiy. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter a 31 de Maio de 2011 (resolução: 61 cm/pixel).
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

A Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) localizou este curioso grupo de crateras na base da antiga cratera Tsiolkovskiy, nos limites dos depósitos basálticos que preenchem o seu interior.
Tsiolkovskiy é uma das mais espectaculares crateras de impacto do lado mais distante da Lua. Formada há cerca de 3,5 mil milhões de anos, teve tempo para acumular uma camada significativa de regolito, uma fina poeira resultante da meteorização das rochas lunares.

A cratera Tsiolkovskiy vista de uma das janelas do módulo de comando Endeavour da missão Apollo 15. Tsiolkovskiy tem cerca de 180 km de diâmetro e é uma das poucas crateras do lado mais distante da Lua inundadas por grandes volumes de basalto negro.
Crédito: NASA.

Algumas das pequenas crateras que compõem o grupo observado pela LRO apresentam uma estrutura anómala. Ao contrário da forma típica de taça, estas crateras possuem uma base abruptamente plana. Porquê?
Estas são provavelmente crateras secundárias formadas por material projectado de um impacto primário próximo. Os impactos secundários ocorrem geralmente a velocidades muito menores, pelo que dispõem de menos energia para escavar uma cratera. No caso dos exemplares aqui mostrados, os impactos responsáveis pela sua formação não tiveram energia suficiente para pulverizar a camada mais profunda de rocha sólida. A base plana destas crateras representa assim a fronteira entre a camada de basalto intacto e o regolito superficial. Ao medirem a profundidade destas crateras, os cientistas conseguem estimar com segurança a profundidade do regolito acumulado em Tsiolkovskiy.
Explorem esta e outras regiões vizinhas aqui.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Saturno em infravermelho

A sonda Cassini iniciou o ano de 2012 com várias sessões de observação dedicadas à atmosfera superior de Saturno, com o objectivo principal de estudar a sua opacidade a comprimentos de onda particulares na banda do infravermelho próximo. Deixo-vos aqui uma das mais recentes imagens de uma dessas sessões.

Saturno em cores falsas, visto pela sonda Cassini no passado dia 07 de Janeiro de 2012. Foram combinadas neste retrato do planeta três imagens obtidas na banda do infravermelho próximo, através de filtros sensíveis a diferentes graus de absorção do metano (727 nm, 752 nm e 890 nm). As cores vermelha e laranja correspondem a nuvens localizadas em camadas profundas da atmosfera. As nuvens das camadas intermédias surgem coloridas de amarelo e verde, enquanto que as nuvens mais altas e as camadas de neblina da atmosfera superior surgem tingidas de azul e branco. Os anéis aparecem coloridos de azul porque se encontram fora da atmosfera (o seu brilho não é afectado pela absorção de luz pelo metano atmosférico).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

domingo, 8 de janeiro de 2012

"Porque é que a Lua está sempre a seguir-nos?"

Hoje, à saída de uma festinha de aniversário, fiz notar ao meu filho Gonçalo uma gloriosa Lua Cheia no céu, um pouco acima do horizonte.
- Que linda que está a Lua,  papá.
- Queres tirar uma fotografia com ela. - perguntei-lhe.
- Siiiiim!

Crédito: Sérgio Paulino.

- Papá, porque que é que a Lua está sempre a seguir-nos? - perguntou já dentro do carro, enquanto observava o seu brilho reflectido nas águas do rio Tejo.
- A Lua parece estar sempre a seguir-nos porque está muito longe e é muito grande. Está tão longe que os astronautas tiveram de viajar alguns dias no espaço para a visitar. Depois de descerem na sua superfície, viram muitas crateras e montanhas muito altas, e apanharam algumas rochas para trazerem para a Terra. Quando olharam para o céu, sabes o que é que viram?
- Não.
- Viram uma grande bola azulada... a Terra, o planeta onde tu vives.
- Uauu!

O autronauta Eugene Cernan, comandante da missão Apollo 17, segurando a bandeira norte-americana na superfície da Lua. Acima brilhava uma bola azul pálido, a Terra.
Crédito: NASA.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

As cavidades de Eminescu

O anel de picos central da cratera Eminescu e as suas estranhas "cavidades". Imagem obtida pela sonda MESSENGER a 05 de Dezembro de 2011.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

Durante a sua missão de 1 ano em Mercúrio, a sonda MESSENGER tem mapeado a superfície do planeta com uma resolução máxima de 250 metros/pixel. Porém, algumas pequenas áreas com particular interesse científico têm sido seleccionadas para observação a resoluções superiores. Foi este o caso da cratera Eminescu, fotografada em alta resolução no início do passado mês de Dezembro.
Eminescu é uma cratera de impacto com 130 km de diâmetro, que alberga um anel de picos central rodeado por estranhas depressões brilhantes. Desde a sua chegada à órbita de Mercúrio em Março passado, a MESSENGER tem identificado estruturas semelhantes por toda a superfície do planeta, geralmente agrupadas no interior de grandes crateras e rodeadas por terreno altamente reflectivo, tingido de um azul-claro.
Até agora, os cientistas têm apenas especulado quanto à sua origem e natureza. No entanto, a análise de imagens como esta tem revelado aos investigadores da missão detalhes surpreendentes, que os levam a concluir que estas estruturas poderão resultar de processos geológicos recentes, provavelmente, ainda presentes nos dias de hoje.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

SDO observa três gigantescas proeminências solares

Três grandes proeminências solares no extremo oeste do disco solar. Imagem obtida a 02 de Janeiro de 2012 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory, através do canal de 304 Å (He II). Foi incluída no lado direito da imagem uma representação da Terra à escala para comparação de dimensões.
Crédito: SDO (NASA)/AIA consortium/NASA (imagem da Terra)/montagem de Sérgio Paulino.

Ontem, três gigantescas colunas de plasma elevaram-se violentamente da superfície do Sol a uma altitude superior a 200 mil quilómetros! O fenómeno teve origem numa erupção classe C2 ocorrida na região activa 1384, agora localizada além do extremo oeste do disco solar. O Solar Dynamics Observatory registou toda a acção numa espectacular sequência de imagens. Vejam:


A erupção gerou uma ejecção de massa coronal numa direcção perpendicular à da Terra, pelo que não deverá provocar quaisquer efeitos no campo magnético terrestre.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sondas gémeas da NASA alcançam a órbita lunar

Representação artística das sondas gémeas GRAIL.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

2012 começou com duas novas sondas da NASA na órbita lunar. Depois de uma jornada de 3 meses e meio no espaço, as sondas gémeas GRAIL completaram este fim-de-semana a manobra de inserção orbital decisiva que as fez alcançar uma órbita elíptica quase polar em redor da Lua. GRAIL-A foi a primeira a chegar, pouco mais de duas horas antes do início do Ano Novo. GRAIL-B juntou-se à sua companheira de missão pelas 22:43 de ontem (hora de Lisboa), depois de uma última ignição de 40 minutos dos seus sistemas de propulsão.
Nas próximas semanas, as duas sondas vão moldar as respectivas órbitas com uma série de ignições que farão baixar o seu período orbital de 11,5 horas para menos de duas horas. A NASA prevê o arranque da fase científica da missão em Março, quando as sondas gémeas alcançarem um órbita quase circular a apenas 55 quilómetros de altitude da superfície lunar. O objectivo principal da missão GRAIL será a criação de um mapa global do campo gravitacional lunar, que permita aos cientistas deduzir a composição, densidade e estrutura do interior da Lua. Durante cerca de 82 dias, as duas sondas estarão em constante comunicação rádio, medindo a distância entre si com uma precisão de cerca de 1 μm (o equivalente a metade da espessura de um glóbulo vermelho)! Através desta técnica, as GRAIL conseguirão detectar pequeníssimas alterações nas suas posições relativas induzidas por pequenas variações locais da força da gravidade.
As duas sondas transportam ainda consigo um conjunto de câmaras designado GRAIL MoonKAM, que serão activadas no início da fase científica da missão. As câmaras fazem parte de um projecto educativo que permitirá a alunos americanos do ensino secundário o acesso a imagens de alta resolução da superfície lunar para o desenvolvimento de trabalhos e de outras actividades escolares.