quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Pedaço mais antigo da crusta terrestre encerra pistas sobre o aparecimento dos primeiros oceanos

Cristal de zircão com 4,4 mil milhões de anos de idade encontrado há 15 anos, em Jack Hills, a cerca de 800 quilómetros a norte de Perth, na Austrália.
Crédito: John Valley/University of Wisconsin-Madison.

Cientistas dataram um minúsculo pedaço de zircão proveniente de uma região remota da Austrália Ocidental, e confirmaram que se trata do mais antigo fragmento de crusta terrestre até hoje descoberto. Com uma idade aproximada de 4,37 mil milhões de anos, o pequeno cristal revela que a Terra começou a formar uma crusta sólida em pleno Éon Hadeano, apenas 160 milhões de anos após a formação do Sistema Solar!

"Isto confirma a nossa visão de como a Terra arrefeceu e tornou-se habitável", afirmou John Valley, investigador da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, e primeiro autor do artigo onde foram divulgados no início da semana estes resultados. "[O cristal] é 300 milhões de anos mais velho que as amostras mais antigas previamente datadas, e apenas 100 milhões de anos posterior ao oceano de magma. Isto foi quando a Terra começou a formar uma crusta protocontinental, que é quimicamente diferente do manto. A evidência química dos zircões corresponde de forma satisfatória àquilo que nós chamamos de composição intermédia... a meio caminho entre o granito e o basalto."

Escala de tempo mostrando alguns dos principais eventos da história do nosso planeta. A formação do zircão de Jack Hills ocorreu em pleno Hadeano, pouco depois do nascimento da Lua.
Crédito: Andree Valley.

A equipa liderada por Valley tinha já datado anteriormente o pequeno cristal de zircão, usando o método de datação radiométrica urânio-chumbo. O urânio (U) decai para chumbo (Pb) a uma taxa conhecida, pelo que é possível determinar a idade de uma amostra medindo a razão U/Pb. Preocupações relativas à precisão deste método levaram, no entanto, os investigadores a confirmarem os resultados recorrendo a uma nova técnica.

Denominada tomografia de sonda atómica, esta técnica permite verificar se o fraccionamento de átomos observado na estrutura cristalina do zircão afecta de forma significativa a precisão da datação. O zircão tende a concentrar átomos de U em locais específicos, e a segregar os átomos de Pb formados por decaimento do U para outros pontos do cristal. Este fenómeno resulta da diferença de tamanhos existente entre os átomos dos dois elementos. "Se isto acontecer, os locais donde o Pb foi removido vão parecer mais jovens do que são na realidade, enquanto que os locais para onde o Pb migrou vão parecer mais velhos", disse Valley.

Usando a tomografia de sonda atómica, os investigadores verificaram que o fraccionamento de átomos na estrutura do zircão não afecta a razão U/Pb, pelo que este fenómeno não põe em causa a validade do método de datação usado. "Capturámos ambos os domínios enriquecidos e empobrecidos em Pb, pelo que a razão que medimos resulta de uma média", afirmou Valley. "Estamos a obter a razão real entre o U original e o Pb resultante do decaimento, e por conseguinte a verdadeira idade [do cristal]."

Estes resultados sugerem que, há 4,4 mil milhões de anos, a temperatura da superfície terrestre seria suficientemente baixa para permitir a existência de oceanos de água líquida. "A Terra foi criada a partir de uma diversidade de materiais provenientes do Sistema Solar", explica Valley. Na sua infância, o nosso planeta sofreu um intenso bombardeado por asteróides e planetas embrionários, incluindo uma violenta colisão com um objecto do tamanho de Marte, há cerca de 4,5 mil milhões de anos. Este evento catastrófico terá levado à formação da Lua e terá deixado na superfície da jovem Terra um oceano incandescente de magma.

Valley e colegas sugerem que o nascimento da Lua terá homogeneizado os materiais com que foi formado o nosso planeta. A equipa encontrou evidências desta homogeneização na razão dos isótopos de oxigénio medidos no cristal de zircão. "As nossas amostras formaram-se após o arrefecimento do oceano de magma, o que prova que estes acontecimentos foram muito precoces. (...) O estudo reforça a nossa conclusão que a Terra teria uma hidrosfera há mais de 4,3 mil milhões de anos."

Este trabalho foi publicado na revista Nature Geoscience, e pode ser consultado aqui.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Astrónomos registam o maior impacto alguma vez observado na Lua



Astrónomos espanhóis detectaram no passado mês de Setembro um espectacular clarão produzido pelo impacto de um meteoróide na superfície lunar. Com um pico de magnitude de 2,9 e uma duração de cerca de 8,3 segundos, este foi o mais brilhante e mais longo fenómeno desta natureza alguma vez testemunhado na Lua. A descrição deste evento foi publicada esta semana na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

A explosão ocorreu no dia 11 de Setembro, pelas 21:07 (hora de Lisboa) e foi documentada por câmaras de vídeo CCD incorporadas em pequenos telescópios que monitorizam a superfície lunar no âmbito do projecto MIDAS (Moon Impacts Detection and Analysis System), um programa pioneiro devotado à detecção de clarões produzidos por impactos lunares.

"Normalmente, os impactos lunares têm uma duração muito curta - apenas uma fracção de segundo", afirmou José Madiedo, investigador da Universidade de Huelva e um dos líderes do projecto. "No entanto, o impacto que detectámos durou mais de 8 segundos. Foi quase tão brilhante como a estrela polar, o que o torna no mais brilhante impacto registado a partir da Terra."

Mosaico de imagens mostrando a evolução do clarão observado no dia 11 de Setembro de 2013, no lado nocturno da Lua, durante os primeiros 2 segundos após o impacto.
Crédito: Madiedo et al., 2014.

Os investigadores espanhóis estimam que o meteoróide teria entre 0,6 e 1,4 metros de diâmetro, e uma massa aproximada de 450 kg. O impacto terá ocorrido na região ocidental de Mare Nubium, a uma velocidade de cerca de 61 mil quilómetros por hora, e terá libertado uma energia equivalente a aproximadamente 15 toneladas de TNT, o suficiente para abrir uma cratera com 40 a 50 metros de diâmetro. Estes valores tornam este evento três vezes mais energético que o impacto testemunhado por cientistas da NASA em Março passado.

Em média chegam à Terra dezenas de toneladas por dia de detritos interplanetários. A maioria destes objectos acabam desintegrados nas camadas superiores da atmosfera terrestre, formando ocasionais bolas de fogo no céu. Na Lua não existe atmosfera, pelo que nada impede os meteoróides de atingirem a sua superfície. Como ocorrem a velocidades elevadas, estes impactos transportam energia cinética suficiente para vaporizarem instantaneamente as rochas no local do impacto, o que produz um brilho térmico detectável a partir da Terra sob a forma de um súbito clarão.

A observação destes fenómenos é bastante informativa, porque permite aos astrónomos extrapolar a taxa de impactos semelhantes no nosso planeta. Uma das conclusões da equipa espanhola é que estes impactos são significativamente mais frequentes que o estimado em trabalhos anteriores.

"Os nossos telescópios vão continuar a observar a Lua da mesma forma que as nossas câmaras monitorizam a atmosfera terrestre em busca de meteoros", disse Madiedo. "Esperamos desta forma identificar grupos de rochas que possam estar na origem de eventos comuns em ambos os corpos planetários. Queremos também determinar donde vêm estes objectos."

Podem ler mais pormenores sobre este trabalho aqui.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Antiga mancha solar marca regresso com violenta fulguração classe-X

Fulguração classe X4,9 observada a 25 de Fevereiro de 2014 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly do Solar Dynamics Observatory, através de filtros para o ultravioleta extremo (131, 171, 193 e 304 Å).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium/montagem de Sérgio Paulino.

O Sol produziu na madrugada passada uma poderosa fulguração classe-X4,9, a mais intensa até agora registada em 2014. O fenómeno teve origem na região activa 1990, uma mancha solar de longa duração que iniciou ontem a sua terceira travessia pelo lado do Sol mais próximo da Terra. Nas duas anteriores passagens, esta região tinha recebido as designações AR1944 e AR1967.

Ejecção de massa coronal observada no início da madrugada de 25 de Fevereiro de 2014 pelo coronógrafo C2 do observatório espacial SOHO.
Crédito: LASCO/SOHO Consortium/NRL/ESA/NASA.

Imagens obtidas pelo observatório SOHO mostram que a fulguração desencadeou a libertação de uma ejecção de massa coronal no extremo sudeste do disco solar. Dados preliminares sugerem que a nuvem de plasma se expande a uma velocidade aproximada de 2.000 km.s-1, numa trajectória que a levará para longe do nosso planeta, pelo que não deverá produzir efeitos significativos na actividade geomagnética.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Um pico acima das sombras

Pico central de Icarus numa imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter a 01 de Junho de 2013.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Icarus é uma cratera lunar com cerca de 93,7 quilómetros de diâmetro, situada a oeste da cratera Korolev, nos antigos planaltos do hemisfério mais distante da Lua. Na imagem de cima podemos ver o seu pico central iluminado pelos primeiros raios da manhã.

Topografia da cratera Icarus.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Icarus é um raro exemplo de uma cratera lunar com um pico central desproporcionado. A maioria das crateras possuem picos centrais com uma altura inferior a metade da altitude da orla. O pico central de Icarus eleva-se 4475 metros acima do chão da cratera, uma altura que se aproxima à dos pontos mais altos das montanhas da sua orla. Esta particularidade resulta provavelmente do facto desta cratera apresentar um diâmetro próximo da fronteira que marca a transição entre crateras com um único pico no seu centro e crateras com anéis de picos centrais.

Imagem de contexto mostrando a cratera Icarus e os terrenos em seu redor. A imagem tem uma largura correspondente a 365 quilómetros.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

O chão de Icarus é relativamente brilhante e encontra-se coberto pelos mesmos materiais observados nos extensos planaltos em seu redor. Estes materiais foram, aparentemente, depositados durante a formação de Mare Orientale, uma gigantesca bacia de impacto com cerca de 950 quilómetros de diâmetro, situada 1500 quilómetros a oeste.

Podem ver a perspectiva de cima na sua máxima resolução aqui.

Distante pulsar perturbado pela presença de asteróides na sua órbita

Representação artística da fragmentação de um asteróide.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Uma equipa de astrónomos descobriu evidências de que o pulsar PSR J0738-4042 poderá estar a sofrer múltiplas perturbações provocadas pela destruição de asteróides na sua magnetosfera. "Uma destas rochas parece ter uma massa de cerca de mil milhões de toneladas", afirmou Ryan Shannon, astrónomo da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) e membro da equipa responsável por este trabalho.

PSR J0738-4042 encontra-se a cerca de 37 mil anos-luz de distância da Terra, na direcção da constelação Puppis. Com apenas algumas dezenas de quilómetros de diâmetro, este pequeno objecto ultra-denso é uma estrela de neutrões que gira periodicamente sobre o seu eixo, emitindo um feixe de ondas de rádio na direcção da Terra a cada 0,375 segundos.

O ambiente em redor destas estrelas é particularmente inóspito. Sendo objectos altamente magnetizados em rápida rotação, os pulsares produzem intensa radiação e emitem poderosos ventos de partículas ao longo das linhas dos campos magnéticos por si gerados. "Se for possível formar aqui um grande objecto rochoso, então os planetas poderão formar-se em redor de qualquer estrela", disse Shannon.

Entre 1988 e 2012, os astrónomos detectaram múltiplas alterações na estrutura dos pulsos emitidos por PSR J0738-4042. A estes fenómenos juntaram-se, em Setembro de 2005, uma mudança abrupta no período de rotação do pulsar, acompanhada pelo aparecimento de uma emissão de rádio destacada do restante pulso periódico.

Em 2008, Shannon e o seu colega James Cordes demonstraram como um asteróide numa órbita decadente poderia perturbar não só o período de rotação de um pulsar, como também a forma do pulso de rádio detectado na Terra. "É exactamente isso que observamos neste caso", afirmou Shannon. "Pensamos que o feixe de rádio do pulsar varre o asteróide, vaporizando-o. No entanto, as partículas vaporizadas encontram-se electricamente carregadas, pelo que alteram ligeiramente o processo responsável pela criação do feixe do pulsar."

É possível que estes asteróides tenham sido formados a partir de material expelido pela supernova que criou o pulsar. Em 2006, uma equipa de astrónomos descobriu um disco de detritos em redor de J0146+61, um pulsar situado a cerca de 13 mil anos-luz de distância, na direcção da constelação de Cassiopeia. "Este tipo de discos de poeira poderiam providenciar as sementes para a formação de grandes asteróides", disse Paul Brook, doutorando da Universidade de Oxford e primeiro autor deste trabalho.

O novo estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, e pode ser encontrado na íntegra aqui.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mars Reconnaissance Orbiter avista Opportunity em Murray Ridge

O robot Opportunity na orla da cratera Endeavour (seta vermelha). Imagem obtida a 14 de Fevereiro de 2014 pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter. As setas azuis assinalam as marcas deixadas no terreno pelas rodas do robot.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Na semana passada, a sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) apontou a sua câmara de alta resolução na direcção da cratera Endeavour para observar o robot Opportunity em Murray Ridge, no extremo sul de Solander Point. Esta observação foi planeada em Janeiro passado, depois da rocha Pinnacle Island ter aparecido inesperadamente junto ao robot da NASA. Na altura, os investigadores da missão ponderavam a hipótese da pequena rocha ter sido arremessada para o local por um impacto nas proximidades do robot, pelo que a nova imagem permitiria verificar se se teria formado uma nova cratera na região.

Como podem confirmar na imagem de cima não existe qualquer evidência da presença de uma jovem cratera nas imediações do Opportunity. Entretanto, imagens obtidas pelo robot no início de Fevereiro tinham já desvendado a origem da misteriosa rocha. Pinnacle Island não passa de um fragmento partido e arremessado por uma das rodas do robot, numa das manobras realizadas dias antes da sua descoberta.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Vista fantástica sobre a cratera Hayn

Vista oblíqua sobre o complexo de picos centrais da cratera Hayn. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter a 18 de Outubro de 2010.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Hayn é uma jovem cratera complexa com cerca de 86 quilómetros de diâmetro, situada a norte de Mare Humboldtianum, no extremo nordeste do hemisfério mais próximo da Lua. Na imagem de cima podemos ver o seu sistema de picos centrais iluminado pelo Sol vespertino.

Imagem de contexto mostrando a cratera Hayn, a bacia Belkovich, a cratera Belkovich A e a bacia de Mare Humboldtianum. A largura da imagem corresponde a aproximadamente 220 km.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Hayn conserva em si estruturas remanescentes do violento impacto que a formou. No chão da cratera podemos observar lagos de lava solidificada com rochedos embebidos no seu interior, bem como vastas áreas cobertas com detritos depositados pouco depois do impacto. As suas paredes exibem grandes terraços esculpidos durante a última fase de formação da cratera - a fase de modificação.

Vista completa sobre a cratera Hayn. Hayn é uma cratera copernicana com 86 quilómetros de diâmetro.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Os terraços são uma expressão superficial das falhas lístricas concêntricas criadas pelo colapso gravitacional da cavidade transitória. A formação dos terraços alarga a cavidade formada pelo impacto cerca de 1,5 a 2 vezes o diâmetro original, e torna mais plano o chão da cratera. Este movimento descendente das paredes e do chão é seguido pelo levantamento do centro da cratera, como consequência da acomodação da crusta ao stress do impacto.

Podem observar todos os pormenores desta magnífica cratera aqui.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Passagem por Dingo Gap

Passagem do Curiosity por Dingo Gap, numa sequência de imagens obtidas pela HazCam traseira, a 06 de Fevereiro de 2014 (sol 535 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

No passado dia 06 de Fevereiro, o Curiosity atravessou Dingo Gap, uma abertura entre duas escarpas, preenchida por uma duna de areia com 1 metro de altura. A escolha desta rota foi motivada pela crescente preocupação da equipa da missão com a integridade das seis rodas do robot da NASA. Meses de viagem por terrenos cobertos por rochas extremamente afiadas têm produzido danos consideráveis na fina película de metal que cobre os aros das rodas, pelo que os membros da equipa decidiram tomar uma rota por superfícies mais benignas, através de um pequeno vale denominado "Moonlight Valley".

Mapa mostrando a rota seguida pelo Curiosity entre os sóis 472 e 541.
Crédito: NASA/JPL/UA/Phil Stooke.

Vista através de Dingo Gap. Mosaico construído com imagens obtidas pelo Curiosity a 30 de Janeiro de 2014 (podem vê-lo aqui na sua máxima resolução).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

O Curiosity aumentou o ritmo de andamento, depois da travessia em Dingo Gap, atingindo na passada quarta-feira a marca dos 5 quilómetros. O robot viaja agora em terreno arenoso, na direcção de um ponto situado a algumas centenas de metros a sul, local onde fará uma curta paragem para mais uma perfuração, antes de retomar a sua jornada em direcção a um acesso seguro à base do monte Sharp.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Pigmento pré-histórico irá proteger sonda solar da ESA

Belíssimas pinturas de animais com cerca de 30 mil anos, encontradas no interior da caverna de Chauvet-Pont-d'Arc, no sul de França.
Crédito: Wikimedia.

A sonda europeia Solar Orbiter irá beneficiar da protecção de um pigmento outrora usado em pinturas pré-históricas no interior de cavernas. De acordo com a ESA, os engenheiros da missão irão aplicar carvão de osso queimado no escudo térmico de titânio da sonda, o mesmo material usado há cerca de 30 mil anos por artistas pré-históricos em pinturas na caverna de Chauvet-Pont-d'Arc, no sul de França.

A Solar Orbiter deverá ser lançada em 2017 numa missão a curta distância do Sol. A sonda irá aventurar-se até cerca de 42 milhões de quilómetros da superfície solar (pouco mais de 1/4 da distância média entre a Terra e o Sol), numa região do espaço onde as temperaturas atingem cerca de 520º C.

"O corpo principal da sonda fica protegido atrás de um escudo térmico com várias camadas, com cerca de 3,1 por 2,4 metros", afirmou à ESA Pierre Olivier, engenheiro responsável pela segurança da missão. "Os instrumentos irão funcionar na extremidade de calhas que correm pelo escudo, alguns sob coberturas protectoras de berílio ou vidro."

Representação artística da sonda europeia Solar Orbiter.
Crédito: ESA/AOES.

Em 2010, durante a primeira fase de planeamento, especialistas em materiais da ESA começaram a verificar se a missão era, de facto, praticável, tendo em conta os métodos de produção e os materiais disponíveis. "Cedo identificámos um problema com os requisitos do escudo", disse Andrew Norman, especialista em tecnologia de materiais.

"Para absorver a luz solar, e convertê-la em radiação infravermelha para a irradiar de volta ao espaço, os materiais da sua superfície precisam de manter propriedades termo-ópticas constantes - ou seja, manter a mesma cor apesar de anos de exposição a radiação ultravioleta extrema. Ao mesmo tempo, o escudo não pode libertar materiais ou gases, porque criará o risco de contaminar os instrumentos altamente sensíveis da Solar Orbiter. E tem de evitar quaisquer cargas estáticas criadas pelo vento solar, porque poderão causar uma descarga prejudicial ou mesmo destruidora."

A solução acabou por ser encontrada fora da indústria aeroespacial. Usando uma técnica originalmente desenvolvida para revestir implantes médicos de titânio, os engenheiros da missão irão aplicar no escudo um tipo de fosfato de cálcio preto processado a partir de ossos queimados.

Equipa da empresa Enbio testando uma folha de titânio revestida com fosfato de cálcio preto.
Crédito: Enbio/NovaUCD.

"O processo funciona com metais reactivos como o titânio, o alumínio e o aço inoxidável, metais que possuem uma camada de óxido superficial", afirmou John O’Donoghue, director da Enbio, a empresa irlandesa que desenvolveu a técnica. "Pulverizamos a superfície de metal com um material abrasivo para remover esta camada, mas (...) também incluímos um segundo material dopante possuindo as características que precisamos. Isto ocorre em simultâneo com a remoção da camada de óxido. A grande vantagem é que a nova camada acaba embebida, em vez de pintada ou presa. Torna-se efectivamente parte do metal (...)."

O osso carbonizado é amplamente usado na indústria, desde a produção de fertilizantes até à purificação do açúcar branco e a filtração de metais pesados na água. A sua robustez foi demonstrada pela excelente conservação das pinturas da caverna de Chauvet-Pont-d'Arc, no sul de França - pinturas realizadas há cerca de 30 mil anos com pigmentos negros produzidos a partir de ossos queimados.

Amostras do novo material passaram já por uma série de testes nos Laboratórios de Materiais e Componentes Electrónicos do Centro Europeu de Investigação Espacial e Tecnologia (ESTEC) da ESA, em Noordwijk, na Holanda, pelo que a nova técnica será aplicada em breve num modelo do escudo térmico, que deverá ser testado no interior de uma gigantesca câmara onde serão simuladas as condições que a sonda Solar Orbiter experimentará durante a sua missão.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Opportunity identifica local de origem da pequena rocha Pinnacle Island

"Pinnacle Island" (seta em baixo, à esquerda) e o seu ponto de origem numa rocha denominada "Stuart Island" (seta em cima, à direita). Imagem obtida pelo robot Opportunity, a 04 de Fevereiro de 2014 (3.567º sol da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell University/Arizona State University.

Investigadores da missão Mars Exploration Rovers (MER) identificaram o local de origem da pequena rocha marciana em forma de donut recentemente descoberta em Solander Point. Imagens obtidas na semana passada mostram que a rocha, denominada Pinnacle Island, é um pedaço de um bloco rochoso movido e fragmentado por uma das rodas do Opportunity, num local um pouco mais acima, no início de Janeiro. Com apenas 4 centímetros, Pinnacle Island causou sensação quando apareceu, aparentemente vinda do nada, na frente do robot da NASA, num ponto onde não estava presente apenas 4 dias antes.

"A partir do momento que deslocámos um pouco o Opportunity, após ter inspeccionado Pinnacle Island, podemos ver directamente mais acima uma rocha virada, que tinha a mesma aparência invulgar", afirmou à NASA Ray Arvidson, investigador principal da missão. "Conduzimos sobre a rocha. Podemos ver as marcas das rodas. Foi daí que veio Pinnacle Island."

Análises realizadas à pequena rocha revelaram níveis elevados de manganésio e enxofre, elementos solúveis em água, o que sugere que foram depositados na rocha pela acção de soluções aquosas concentradas. "Isto deverá ter acontecido logo abaixo da superfície, há relativamente pouco tempo", disse Arvidson. "Ou aconteceu a uma maior profundidade, há mais tempo, e depois, por acaso, a erosão terá removido o material por cima, tornando-a acessível às nossas rodas."

Escarpa McClure-Beverlin vista pelo Opportunity, a 25 de Dezembro de 2013 (3.527º sol da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell University/Arizona State University.

Agora que o Opportunity terminou a inspecção de Pinnacle Island, a equipa da missão planeia conduzi-lo em direcção a sul, para investigar um conjunto de camadas rochosas expostas na vertente mais acima. O afloramento rochoso recebeu o nome de Escarpa McClure-Beverlin, em honra aos engenheiros Jack Beverlin e Bill McClure, os primeiros funcionários da NASA a serem condecorados com a Medalha de Bravura Excepcional. Beverlin e McClure foram distinguidos pela suas acções a 14 de Fevereiro de 1969, que permitiram o salvamento da Mariner 6, a segunda missão americana a Marte, quando esta se encontrava ainda na plataforma de lançamento, no interior de um dos novos foguetões Atlas/Centauro com uma anomalia no interruptor de uma válvula de pressão, que o levaria a descair no cimo da plataforma.

"A nossa equipa que trabalha na contínua missão de exploração e descoberta do Opportunity tem consciência da dívida que tem para com o trabalho das pessoas que tornaram possiveis as primeiras missões a Marte, e em particular ao heroísmo de Jack Beverlin e Bill McClure", disse James Rice, um dos membros da equipa da MER. "Sentimos que este era realmente um tributo apropriado a estes bravos homens, especialmente com a chegada do 45º aniversário dos seus actos."

A exploração da parte inferior da escarpa dará ao Opportunity vantagens em termos energéticos, uma vez que manterá os seus painéis solares devidamente orientados na direcção do Sol de Inverno. Hoje, 14 de Fevereiro, ocorre o solstício de Inverno no Hemisfério Sul de Marte, hemisfério que inclui Meridiani Planum, a região onde o Opportunity tem viajado desde a sua chegada ao planeta vermelho em Janeiro de 2004.

"Passámos além do ponto mínimo de energia solar deste Inverno marciano" afirmou John Callas, responsável do projecto Opportunity. "Podemos agora esperar termos mais energia disponível a cada semana. Mais ainda, ventos recentes removeram alguma poeira dos painéis solares, pelo que temos agora um melhor desempenho na produção de energia do que nos dois Invernos anteriores."

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Yutu dá sinais de vida depois de uma noite atribulada

Representação artística de um nascer do Sol lunar visto pelo robot Yutu.
Crédito: Don Davis.

A missão chinesa Chang'E-3 foi ensombrada por uma má notícia no final do seu segundo dia lunar. Aparentemente, o pequeno rover Yutu sofreu uma anomalia mecânica no momento em que se preparava para iniciar a segunda hibernação nocturna. De acordo com fontes não oficiais, um dos painéis solares não fechou correctamente sobre a caixa de aquecimento onde deveriam ficar encerrados componentes electrónicos vitais, pelo que o rover corria sérios riscos de não sobreviver às baixíssimas temperaturas da noite lunar.

Apesar da luz solar ter regressado ao local de alunagem da sonda chinesa na passada segunda-feira, até agora não foi emitido qualquer comunicado oficial sobre a situação actual do pequeno rover chinês. Notícias veiculadas durante a manhã por diversas fontes chinesas davam conta de que o Yutu não teria sobrevivido às provações das últimas duas semanas. No entanto, a principal agência noticiosa estatal chinesa viria a revelar mais tarde informações bastante mais esperançosas. Segundo a agência Xinhua, esta manhã havia evidências de que o rover estaria acordado, pelo que os responsáveis da missão estarão ocupados neste momento a tentar recuperar ao máximo todos os seus sistemas.

Entretanto, um site de radioamadorismo dedicado à monitorização de sinais de rádio espaciais confirmou a detecção de um sinal com origem no Yutu, o que sugere que o pequeno rover está, de facto, "vivo". Fica, no entanto, por saber se está em condições de prosseguir a sua missão. Vamos aguardar por novidades, para ver se se confirmam estas informações.

Solar Dynamics Observatory - 4 anos a observar o Sol

Comemorou-se ontem o quarto aniversário do lançamento do Solar Dynamics Observatory (SDO), um sofisticado observatório espacial que tem como objectivo a contínua monitorização da estrela mais próxima da Terra, o Sol. Para assinalar a data, a NASA divulgou um espectacular vídeo onde incluiu alguns dos melhores momentos captados pelas suas câmaras durante os últimos 12 meses. Vejam em baixo:



O SDO regista a actividade solar a cada 0,75 segundos em 10 comprimentos de onda distintos, cada um evidenciando diferentes regiões da atmosfera solar. Todos os dias, o observatório envia para a Terra cerca de 1,5 terabytes de dados - o equivalente a aproximadamente 380 filmes de longa duração!

Podem encontrar aqui informações detalhadas acerca de cada sequência exibida no vídeo.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Perspectiva sobre Dürer

Dürer e o antigo terreno a leste, numa imagem obtida pela sonda MESSENGER, a 16 de Novembro de 2013.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington.

A bacia de Dürer surge em primeiro plano nesta belíssima perspectiva sobre a região a sudeste de Sobkou Planitia, em Mercúrio. Com cerca de 195 quilómetros de diâmetro, Dürer exibe uma anel de montanhas concêntrico bem definido, ponteado por brilhantes concavidades.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O lado nocturno de Prometeu

Prometeu e o anel F, numa imagem obtida pela sonda Cassini a 05 de Fevereiro de 2014.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Nesta imagem podemos ver o lado nocturno da pequena lua Prometeu iluminado pelo brilho de Saturno.

Prometeu é a mais exterior interior das duas luas pastoras do anel F, uma das mais dinâmicas estruturas do Sistema Solar. Com uma forma elipsoidal extremamente alongada (135,6 × 79,4 × 59,4 km) , Prometeu aponta sempre o seu maior eixo na direcção de Saturno. A sua densidade é muito inferior à da água (cerca de 0,48 g/cm3), o que sugere que o seu interior é bastante poroso.

Podem ver aqui uma belíssima imagem de Prometeu interagindo com as partículas do anel F.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Uma cratera recém-formada em Terra Sabaea

Cratera recém-formada na superfície marciana, numa imagem obtida a 19 de Novembro de 2013, pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Esta imagem recentemente obtida pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) mostra uma jovem cratera de impacto com 30 metros de diâmetro, localizada no antigo planalto de Terra Sabaea, em Marte. Imagens da região obtidas antes e depois do impacto sugerem que a cratera deverá ter sido formada entre Julho de 2010 e Maio de 2012.

Imagem de contexto mostrando toda a extensão do sistema de raios desta jovem cratera marciana.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Dados obtidos pela MRO ao longo de quase 8 anos mostram que a superfície do planeta vermelho sofre cerca de 200 impactos por ano, no entanto, a maioria produz crateras muito mais pequenas. A violência deste recente impacto é denunciada pelo manto de detritos que irradia da orla da cratera, e que se estende até cerca de 15 quilómetros de distância.

A Terra num céu extraterrestre

Na passada sexta-feira, o Curiosity presenciou um momento mágico na superfície do planeta vermelho. Pouco depois do pôr-do-sol, um pequeno ponto azulado fez uma aparição fugaz acima da orla ocidental da cratera Gale. Esse ponto era um mundo familiar - o nosso planeta espreitando num céu extraterrestre!

Apreciem:

A Terra vista pelo Curiosity, num mosaico construído com imagens obtidas pela MastCam34, a 31 de Janeiro de 2014 (sol 529 da missão), pelas 18:47 na hora local (22:23 na hora de Lisboa). Na altura, o nosso planeta encontrava-se a cerca de 159 milhões de quilómetros de distância de Marte.
Crédito: NASA/JPL/MSSS/Damia Bouic.

Actualização:

Entretanto, a NASA publicou a sua versão do mosaico, onde inclui uma pequena imagem ampliada da Terra acompanhada de perto pela Lua. Vejam em baixo:

A Terra e a Lua vistas da superfície marciana. A imagem no centro foi obtida pela MastCam100 e evidencia a separação e o brilho relativos dos dois objectos na altura, no céu vespertino de Marte.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS/TAMU.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Desvendada pela primeira vez a estrutura interna de um pequeno asteróide

Estrutura do asteróide Itokawa.
Crédito: ESO/JAXA.

Cientistas descobriram a primeira evidência directa do quão complexas podem ser as estruturas internas dos pequenos asteróides. Partindo de observações realizadas no Observatório Europeu do Sul, no Chile, e em outros observatórios nas Canárias e na Califórnia, EUA, a equipa liderada por Stephen Lowry, da Universidade de Kent, no Reino Unido, identificou detalhes intrigantes na estrutura interna do asteróide (25143) Itokawa.

Através da medição precisa do seu brilho ao longo de pouco mais de 11 anos, Lowry e colegas desvendaram não só a velocidade de rotação do pequeno asteróide, como também a taxa a que esta velocidade varia ao longo do tempo. Estas observações foram, em seguida, combinadas com o conhecimento da forma e topografia do asteróide, o que permitiu revelar a complexidade da sua estrutura interna.

“Esta é a primeira vez que conseguimos determinar como é o interior de um asteróide”, explicou Lowry. “Podemos ver que Itokawa tem uma estrutura extremamente variada – este achado é um importante passo em frente na nossa compreensão dos corpos rochosos do Sistema Solar.”

Itokawa é um asteróide Apollo de tipo espectral S, com uma órbita que cruza as órbitas da Terra e de Marte. Em 2005, a sonda japonesa Hayabusa visitou o asteróide, revelando a sua estranha forma semelhante à de um amendoim.

O asteróide Itokawa visto pela sonda Hayabusa em Setembro de 2005.
Crédito: JAXA.

Itokawa tem apenas 535 metros de comprimento, pelo que o seu eixo e velocidade de rotação podem ser fortemente afectados pela luz solar. Este fenómeno, conhecido por efeito de Yarkovsky-O’Keefe-Radzievskii-Paddack (YORP), ocorre quando a radiação solar absorvida por um pequeno objecto irregular é reemitida pela sua superfície sob a forma de calor. O efeito foi medido pela primeira vez em 2007, no asteróide (54509) YORP, e é um processo determinante na evolução dos parâmetros físicos dos pequenos corpos do Sistema Solar.

A equipa liderada por Lowry descobriu que o efeito YORP está a acelerar lentamente a taxa de rotação de Itokawa. A variação no período de rotação do pequeno asteróide é mínima - uns meros 0,045 segundos por ano – no entanto, o desvio é muito diferente do esperado, e só pode ser explicado se o asteróide for constituído por duas partes com diferentes densidades. Este resultado sugere que Itokawa poderá ter sido formado pela coalescência de dois asteróides no resclado de uma colisão catastrófica na Cintura de Asteróides, ou como consequência do colapso de um sistema binário.

“Descobrir que os asteróides não têm um interior homogéneo tem implicações muito profundas, em particular para os modelos de formação de asteróides binários”, afirma Lowry. “[Esta descoberta] poderá ser igualmente importante em trabalhos que visam diminuir as colisões de asteróides com a Terra, ou no planeamento de futuras viagens a estes corpos rochosos.”

Podem encontrar mais pormenores relativos a este trabalho aqui.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Vulcanismo recente em Valles Marineris

A presença de vestígios de vulcanismo recente no interior de Valles Marineris foi proposta, pela primeira vez, há algumas décadas, com base em estruturas fotografadas pelas duas sondas orbitais da missão Viking. Mais tarde, os potenciais vestígios vulcânicos viriam a revelar-se em imagens de alta-resolução, como formações de natureza distinta, como, por exemplo, complexas dunas de areia.

Cones vulcânicos em Coprates Chasma. Imagem obtida a 07 de Novembro de 2013, pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.

Imagens recentemente obtidas pela Mars Reconnaissance Orbiter têm, no entanto, permitido aos cientistas reconhecer inegáveis edificações vulcânicas nesta região de Marte. Na imagem de cima podemos apreciar, um conjunto de cones com depressões no topo em Coprates Chasma, um dos gigantescos canhões que formam o sistema de Valles Marineris. Estas estruturas assemelham-se muito a cones de escórias, como os que podemos encontrar, por exemplo, na ilha de São Miguel, nos Açores. As poucas crateras de impacto acumuladas na sua superfície sugerem uma formação muito recente, provavelmente, inferior a algumas centenas de milhões de anos.

Imagem de contexto mostrando o conjunto de cones vulcânicos que povoa a região central de Coprates Chasma.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.