sábado, 26 de junho de 2010

As duas metades de Titã

A lua saturniana Titã numa composição a cores obtida a partir de imagens captadas a 21 de Junho de 2010, pela câmara de grande ângulo do sistema de imagem da sonda Cassini, através de filtros de cor azul, verde e vermelho.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

É notória nesta composição a cores a dicotomia sazonal entre os dois hemisférios de Titã. No Inverno, a neblina das camadas superiores da atmosfera titaniana tende a ser mais densa, o que a torna relativamente mais brilhante, em particular nos comprimentos de onda no infra-vermelho. Encontram-se ainda por esclarecer os mecanismos reponsáveis por tais alterações; no entanto, são elas que assinalam a mudança das estações em cada hemisfério.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Bola de fogo sobre Carnaxide!

Espectacular! No regresso a casa (pelas 12:05) fui surpreendido por uma brilhante bola de fogo a rasgar os céus de Carnaxide em direcção a Oeste. Tenho a percepção de que o fenómeno não durou mais de um segundo; no entanto, durante esse breve instante, iluminou as fachadas dos prédios situados entre a Outurela e o Alto dos Barronhos. Não ouvi qualquer som nem notei qualquer odor estranho no ar circundante, mas consegui distinguir nitidamente a formação de um halo esverdeado à passagem do meteoróide.
O fenómeno foi observado por uma outra testemunha no Alto dos Barronhos, que me informou ter notado um cheiro invulgar no local, logo após a sua passagem.
Deixem mensagem caso tenham alguma informação ou imagem.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Solstício de Verão

Inicia-se hoje o Verão no Hemisfério Norte quando o Sol atingir a máxima declinação acima do equador celeste pelas 12:28 (hora de Lisboa). Esta estação prolongar-se-á por 93,65 dias até ao próximo Equinócio que irá ocorrer no dia 23 de Setembro de 2010 às 04:09 (hora de Lisboa).
Feliz Solstício!

domingo, 20 de junho de 2010

As profundezas de Mare Ingenii

A entrada de uma caverna em Mare Ingenii, no lado mais distante da Lua, numa imagem captada pela Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Será esta abertura na superfície lunar o resultado do colapso parcial de um tubo de lava?
Localizada em Mare Ingenii ("Mar da Ingenuidade"), esta formação geológica com cerca de 130 metros de diâmetro surge aparentemente algo descontextualizada. A Lunar Reconnaissance Orbiter já havia observado anteriormente uma estrutura semelhante perto das colinas de Marius, em Oceanus Procellarum, uma região dominada por cones vulcânicos e por vales sinuosos de origem vulcânica, onde os tubos de lava poder-se-ão ter formado com facilidade. A paisagem de Mare Ingenii não possui este tipo de formações vulcânicas.
Mare Ingenii é um dos poucos maria localizados no lado mais distante da Lua.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma vela no espaço

Imagem da IKAROS obtida pela pequena câmara DCAM2 após a sua separação da sonda.
Crédito: JAXA.

Se ainda vos resta alguma dúvida relativamente ao sucesso da abertura da primeira vela solar no espaço, então podem confirmar na imagem que aqui vos trago a vela solar da sonda nipónica IKAROS completamente estendida. Esta e outras imagens semelhantes foram obtidas no início da semana por uma das pequenas câmaras de monitorização, depois de esta ter sido ejectada do corpo da sonda. Com apenas 5 centímetros de diâmetro, a pequena câmara funcionou apenas durante 15 minutos, captando imagens em intervalos regulares, enquanto se afastava lentamente da IKAROS.

Marte, o próximo passo lógico


Aqui têm mais um tema musical do projecto Sinfonia da Ciência. Desta vez as vozes de Robert Zubrin, Carl Sagan, Brian Cox e Penelope Boston falam-nos da exploração humana do planeta vermelho.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Missão cumprida!

A cápsula das amostras devolvida pela sonda Hayabusa, intacta no chão, em Woomera, no sul da Austrália.
Crédito: JAXA.


A sonda nipónica Hayabusa conseguiu cumprir a sua missão! A cápsula que contém as amostras de regolito colhidas na superfície do asteróide Itokawa aterrou no passado Domingo, em segurança no deserto de Woomera, na Austrália, encontrando-se neste momento a caminho do Campus de Sagamihara, em Kanagawa, no Japão, para ser devidamente inspeccionada.
Apenas com um propulsor iónico em funcionamento, a Hayabusa não conseguiu evitar a colisão com a atmosfera terrestre, pelo que acabou por se desintegrar pouco tempo depois de ejectar a cápsula das amostras. Mesmo que a cápsula das amostras se encontre vazia, a pequena sonda será recordada no Japão como um verdadeiro herói nacional. A Hayabusa superou uma série de problemas técnicos graves que, por diversas vezes, colocaram a missão à beira do insucesso. Felizmente, os engenheiros da JAXA souberam sempre, de forma criativa, ultrapassar todas as dificuldades, e guiar o falcão peregrino com a sua preciosa carga em direcção à Terra.
Parabéns, JAXA!

A reentrada da Hayabusa na atmosfera terrestre. É possível ver a pequena cápsula das amostras em voo à direita dos destroços.
Crédito: NASA/ARC-SST/SETI Institute.

sábado, 12 de junho de 2010

Abertura da vela solar da IKAROS bem sucedida!

Câmara 1 da IKAROS mostrando a vela solar completamente desfraldada.
Crédito: JAXA/JSPEC.

Esquema da IKAROS evidenciando o campo de visão coberto por cada uma das quatro câmaras de monitorização da abertura da vela solar.
Crédito: JAXA/JSPEC.

Segundo comunicado da JAXA, a vela solar da IKAROS não só já foi completamente desfraldada, como também as pequenas células fotovoltaicas inseridas na vela se encontram a gerar energia! Este era o objectivo mínimo delineado pela agência nipónica para a missão da IKAROS. Faltará ainda determinar a eficiência das células fotovoltaicas, a aceleração produzida pela vela solar, e o controlo e a manobrabilidade da sonda durante a aceleração. O pleno sucesso da missão passará pela superação destas três últimas etapas na viagem interplanetária de 6 meses até ao planeta Vénus.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Hayabusa de regresso a casa

Rochedos inclinados na mesma direcção na superfície do asteróide Itokawa, perto da cratera Komaba. Imagem captada durante a primeira descida da Hayabusa ao asteróide Itokawa, a 12 de Novembro de 2005.
Crédito: JAXA / ISAS / University of Tokyo.

Faltam pouco menos de 72 horas para o final da aventura da Hayabusa no seu regresso à Terra. Espera-se que a sonda nipónica se desintegre na atmosfera terrestre três horas depois de libertar a pequena cápsula de 40 centímetros de diâmetro contendo as amostras recolhidas no asteróide Itokawa. Com a destruição da Hayabusa chegam ao final 7 anos de uma das mais acidentadas missões da História da exploração espacial. Caso a JAXA consiga recuperar a cápsula das amostras, que se prevê aterre algures no deserto de Woomera, na Austrália, a Hayabusa cumprirá a primeira missão bem sucedida a devolver à Terra amostras da superfície de outro mundo além da Lua!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A pequena Pandora

A lua saturniana Pandora numa composição a cores construída com imagens captadas pela sonda Cassini a 3 de Junho de 2010.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

Esta não é (obviamente) a exuberante lua Pandora celebrizada no filme Avatar de James Cameron. Muito mais pequena que o imaginário mundo dos Na'vi, a lua pastora exterior do anel F de Saturno é um pequeno corpo gelado alongado com cerca de 103 Km de comprimento. À semelhança das outras pequenas luas interiores de Saturno, a sua baixa densidade indicia uma estrutura interna porosa composta, em grande parte, por gelo de água e por outras substâncias voláteis.
Pandora foi descoberta em 1980 em imagens captadas pela sonda Voyager 1.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um novo impacto na atmosfera de Júpiter

Momento do impacto de um objecto na atmosfera joviana, numa composição a cores produzida a partir de imagens captadas através de filtros azul, verde e vermelho, pelo astrónomo amador Anthony Wesley no passado dia 3 de Junho de 2010.
Crédito: Anthony Wesley.

Vídeo captado por Anthony Wesley mostrando o brilhante flash na atmosfera de Júpiter.
Crédito: Anthony Wesley.

A notícia tem corrido o mundo nos últimos dias. No mesmo dia em que a NASA anuncia a publicação de um artigo com novas informações relativas à natureza do objecto que colidiu com Júpiter em Julho do ano passado, dois astrónomos amadores observam independentemente um novo impacto na atmosfera do gigante gasoso! Os autores da proeza foram o australiano Anthony Wesley (o mesmo astrónomo amador que descobriu o impacto de 2009) e o filipino Christopher Go. Wesley foi o primeiro a anunciar a descoberta, logo após a sua observação.

Cicatriz do impacto de um objecto na atmosfera de Júpiter em 2009, numa imagem captada pelo telescópio espacial Hubble a 23 de Julho de 2009. À direita, a mesma cicatriz desvanecida na turbulenta atmosfera joviana ao longo dos meses seguintes. Segundo os autores do artigo recentemente publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, o objecto seria provavelmente um asteróide com 500 metros de diâmetro pertencente à família de asteróides Hilda, um grupo de objectos com mais de 1.100 membros que orbitam perto do gigante gasoso Júpiter.
Crédito: NASA/ESA/M. H. Wong (University of California, Berkeley)/H. B. Hammel (Space Science Institute, Boulder, Colo.)/I. de Pater (University of California, Berkeley) e a Jupiter Impact Team.

O fenómeno foi observado na quinta-feira passada, pelas 20:31:29 (UTC), e divulgado na internet por Wesley uma hora depois. Depois de tomar conhecimento da descoberta do astrónomo australiano, Christopher Go confirmou a existência do impacto numa das suas gravações vídeo. A colisão ocorreu na Cintura Equatorial Sul, a mesma região que nos últimos meses perdeu a sua coloração alaranjada característica. Nos últimos dias, astrónomos amadores e profissionais têm procurado no local do impacto uma cicatriz semelhante à produzida pelo objecto de 2009, até agora sem qualquer sucesso.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O anel A de Saturno em rotação

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Sequência de 81 imagens mostrando uma porção do anel A de Saturno, captadas pela sonda Cassini a 2 de Junho de 2010.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/animação de Sérgio Paulino.

Tomando partido da sua elevada inclinação orbital, a sonda Cassini captou anteontem uma sequência de 240 imagens da ansa esquerda do anel A de Saturno. Como foram obtidas em intervalos regulares (de cerca de 2,2 minutos), foi-me possível construir uma animação (apenas com 81 imagens) que mostra claramente o movimento das partículas dos anéis durante algumas horas.
A sequência inicia-se com uma série de brilhantes grumos de partículas em movimento na divisão de Enckel (em cima), região ocupada pela órbita da lua pastora Pã. Segue-se a passagem da pequena lua Dafne na divisão de Keeler (em baixo), denunciada pelas perturbações gravitacionais induzidas nas partículas que delimitam a divisão. No final observa-se ainda um conjunto de ondulações em espiral no rebordo exterior da divisão de Enckel. Estas ondulações resultam de ressonâncias orbitais existentes entres as partículas dos anéis e a lua Pã (em passagem na divisão momentos antes).

quarta-feira, 2 de junho de 2010

VMC regista uma órbita completa da Mars Express à volta do planeta vermelho

A Visual Monitoring Camera (VMC) é uma pequena câmara de baixa resolução instalada na Mars Express com o único propósito de monitorizar a separação do Beagle 2, um pequeno robot britânico que acompanhou a sonda europeia até ao planeta vermelho, e com qual se perdeu contacto antes da sua chegada à superfície marciana. Sem qualquer uso destinado desde a separação do Beagle 2 a 19 de Dezembro de 2003, a VMC acabou por ser reconvertida em 2008 na primeira webcam em funcionamento na órbita de Marte. Desde então a pequena câmara tem captado imagens globais do planeta vermelho, incluindo belos crescentes impossíveis de observar a partir da Terra.

O planeta vermelho numa órbita completa da Mars Express. Vídeo produzido a partir de 600 imagens captadas pela VMC a 27 de Maio de 2010.
Crédito: ESA.

Como que demonstrando o potencial da VMC, a ESA lançou hoje um espectacular vídeo produzido com imagens captadas pela modesta câmara a 27 de Maio de 2010. O vídeo mostra uma órbita completa da Mars Express à volta do planeta vermelho, como seria observada a bordo do cockpit de uma nave espacial. A viagem inicia-se perto do apoáreo da sonda europeia, sobre o extenso planalto vulcânico de Tharsis. São visíveis em linha os grandes vulcões Ascraeus, Pavonis, e Arsia Montes, e mais à direita, o vulcão Olympus Mons, o maior vulcão do Sistema Solar. A sonda mergulha depois em direcção ao lado nocturno de Marte, altura em que acelera a baixa altitude. O regresso ao lado diurno materializa-se numa rápida sucessão de imagens da superfície marciana, que antecedem a passagem pela calote polar do hemisfério norte, agora iluminada pela luz estival. A órbita termina com a passagem da pequena lua Fobos sobre uma paisagem marciana iluminada pelos primeiros raios solares da manhã.
A ESA tem feito um esforço notável para disponibilizar na internet, o mais rápido possível, todas as imagens captadas pela VMC, para que possam ser visualizadas e processadas pelo público em geral. Podem consultar aqui alguns dos belos trabalhos realizados por amadores.