segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Uma hélice no anel A de Saturno

Hélice Blériot no anel A de Saturno. Imagem obtida pela sonda Cassini a 11 de Novembro de 2012.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute.

Com apenas algumas centenas de metros de diâmetro, as mini-luas dos anéis de Saturno são objectos demasiado pequenos para poderem ser fotografados directamente pelas câmaras da sonda Cassini. No entanto, apesar do seu tamanho, a sua força gravitacional é suficiente para afectar a órbita das partículas anulares vizinhas, e criar estruturas densas em seu redor com a forma de hélices.
Na imagem de cima é possível ver a hélice Blériot (nome informal atribuído em honra ao aviador francês Louis Blériot), uma das maiores das mais de 150 até hoje identificadas no interior do anel A.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Encontrados primeiros fragmentos do meteorito de Chebarkul

Amostras do meteorito de Chebarkul recolhidas pela expedição do Comité de Meteoritos da Academia de Ciências da Rússia na região de Chelyabinsk.
Crédito: Instituto Vernadsky.

No dia 15 de Fevereiro, um meteoróide com cerca de 10.000 toneladas fez uma visita inesperada sobre a cidade russa de Chelyabinsk. O poderoso estrondo sónico sentido logo após a sua aparição fazia adivinhar que pelo menos alguns fragmentos haviam sobrevivido à passagem pela atmosfera, pelo que a Academia de Ciências da Rússia organizou rapidamente uma expedição à região para recolher as primeiras amostras. No dia seguinte foram encontrados um total de 53 fragmentos junto a um grande buraco na superfície gelada do lago Chebarkul, algumas dezenas de quilómetros a oeste de Chelyabinsk. As primeiras análises químicas realizadas no Instituto Vernadsky confirmaram que estas pequenas amostras eram pedaços de um condrito do tipo L, um meteorito vulgar pobre em ferro, provavelmente, proveniente da crusta de um asteróide.

Fragmentos rochosos encontrados no lago Cherbakul. O maior tem apenas 7 milímetros de comprimento.
Crédito: AP Photo/Universidade Federal dos Urais/Alexander Khlopotov.

Durante o resto da semana, habitantes das localidades vizinhas descobriram mais umas centenas de fragmentos de maiores dimensões enterrados na neve. Um exame preliminar a alguns destes pedaços revelou tratarem-se de condritos do tipo L5 ou LL5 não uniformes, rochas com composição semelhante à dos fragmentos do lago Chebarkul.

Corte de um dos fragmentos encontrados por habitantes locais na região do lago Chebarkul. É possível ver no seu interior grânulos redondos (côndrulos) e finos veios de fusão. A superfície encontra-se coberta por uma crusta de fusão negra, formada durante a passagem do meteorito pela atmosfera.
Crédito: Instituto Vernadsky.


A pequena Sasha Zarezina de 8 anos de idade, procurando por fragmentos do meteorito de Chebarkul numa pequena localidade nas proximidades do lago Chebarkul.
Crédito: Ben Solomon/New York Times.

Cálculos preliminares realizados pelos astrofísicos Jorge Zuluaga e Ignacio Ferrin permitiram, entretanto, reconstruir a órbita do meteoróide de Chelyabinsk. Aparentemente, este pequeno objecto era um membro da família Apolo, asteróides cujas órbitas cruzam a órbita da Terra.


Reconstrução da órbita do meteoróide de Chelyabinsk, com base na trajectória calculada a partir de vídeos obtidos por uma câmara situada na Praça da Revolução, em Chelyabinsk, e por diversas testemunhas na cidade próxima de Korkino.
Crédito: Jorge Zuluaga.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Dois cometas e a aurora austral nos céus australianos

Os cometas C/2012 F6 (Lemmon) e C/2011 L4 (PanSTARRS) estão a dar um bonito espectáculo nos céus austrais. Nas últimas semanas, os dois objectos tornaram-se visíveis a olho nu, o que os trasformou em alvos particularmente apetecíveis para os astrónomos amadores do hemisfério sul. Alex Cherney foi um dos muitos que aproveitaram as noites límpidas de Verão para registar a sua passagem pela cúpula celeste. Vejam em baixo este magnífico timelapse da sua autoria:



O vídeo mostra uma paisagem nocturna na costa sudeste da Austrália. São visíveis no céu, para além dos dois cometas, inúmeros satélites artificiais viajando na órbita terrestre, uma breve manifestação da aurora austral, e o traçado efémero de alguns meteoros. Junto ao cometa Lemmon surgem, ainda, proeminentes o enxame globular 47 Tucanae e a Pequena Nuvem de Magalhães.
O cometa PanSTARRS está, neste momento, a curta distância de uma passagem periélica no interior da órbita de Mercúrio, pelo que o seu brilho deverá aumentar significativamente nas duas primeiras semanas de Março. Nessa altura, o cometa fará as suas primeiras aparições nas latitudes de Portugal, um pouco acima do horizonte a oeste, logo após o pôr-do-sol, brilhando, de acordo com as previsões mais optimistas, a uma magnitude aparente máxima de -1!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Espectaculares arcos de chuva ardente sobre o Sol

No dia 19 de Julho de 2012, o Sol presenteou-nos com um magnífico espectáculo. No extremo oeste do disco solar, uma poderosa fulguração classe-M despoletou uma sequência de eventos que culminariam com um dos mais deslumbrantes fenómenos da coroa solar, uma chuva coronal. Vejam em baixo:



Obtidas pelo Solar Dynamics Observatory, as imagens mostram a interacção do gás ionizado da coroa solar com o intenso campo magnético associado à região activa 1520, ao longo de quase 10 horas. Após a intensa fulguração (visível no início do vídeo), as linhas do campo magnético sobre a região voltam a conectarem-se, formando uma série de arcos magnéticos que penetram a superfície do Sol. Estas estruturas invisíveis isolam-se de alguma forma do ambiente infernal da coroa solar, pelo que os materiais aí aprisionados acabam por arrefecer e condensar. Confinado no interior dos arcos, o plasma carregado flui graciosamente até à superfície solar, brilhando intensamente no ultravioleta extremo, numa região do espectro electro-magnético onde o gás aquecido a cerca de 50.000 ºC é mais facilmente visível.
A actividade visível no vídeo é tão bela quanto brutal. Não são só as dimensões dos arcos que são esmagadoras quando comparadas com a do nosso pequeno planeta. A quantidade de energia contida nos arcos é também ela imensa, suficiente para suprir as necessidades energéticas da Terra por muitos milénios!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Primeiras imagens de radar do asteróide 2012 DA14

Colagem de 72 imagens de radar do asteróide 2012 DA14 obtidas na noite de 15 para 16 de Fevereiro de 2013 pela antena de 70 metros do Deep Space Network de Goldstone, na Califórnia.
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

A NASA divulgou há pouco as primeiras imagens de radar do asteróide 2012 DA14, obtidas por uma das antenas do Observatório de Goldstone. Com uma resolução aproximada de 4 metros/pixel, as imagens revelam, claramente, um corpo alongado com cerca de 40 metros de comprimento, executando uma rotação completa. Vejam em baixo um vídeo com a sequência de cima repetida 9 vezes:



As observações foram realizadas pouco antes do asteróide abandonar o sistema Terra-Lua, a distâncias crescentes de 120 a 314 mil quilómetros, e cobrem um período aproximado de 8 horas. A esta sessão seguiram-se duas adicionais, concretizadas anteontem e ontem (a quarta sessão agendada para hoje foi, entretanto, cancelada).
O radar é uma das melhores ferramentas para estudar as dimensões, a forma, a rotação e a topografia dos asteróides, bem como para melhorar os cálculos das respectivas órbitas, pelo que os dados obtidos em Goldstone irão, certamente, permitir aos cientistas refinar o conhecimento da trajectória de 2012 DA14 nas próximas décadas, e assim reduzir significativamente as incertezas em futuros encontros com a Terra.

Asteróide 2012 DA14 visto das Canárias

Na passada sexta-feira, o astrofotógrafo Daniel López escolheu os céus límpidos do Monte Teide, nas Ilhas Canárias, para observar a passagem do asteróide 2012 DA14 nas proximidades da Terra. Vejam em baixo o espectacular vídeo resultante dessa sessão:


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Mercúrio em rotação

Na semana passada, a equipa da missão MESSENGER divulgou este belíssimo vídeo onde se vê o planeta Mercúrio em rotação. Vejam em baixo:



Para a construção desta animação foram usadas milhares de imagens obtidas pela câmara de grande angular do sistema de imagem da sonda MESSENGER, através de 8 filtros de cor distintos. As variações de coloração reflectem diferenças na composição e na idade relativa dos materiais expostos na superfície do planeta. Os raios das crateras mais jovens surgem tingidos de azul claro ou branco. As áreas coloridas com tons de azul mais escuros representam unidades geológicas na crusta mercuriana com baixa reflectência (materiais ricos em minerais escuros). Por fim, as extensas regiões marcadas com tons de cobre são planícies formadas pela erupção de lava com baixa viscosidade. Entre estas regiões encontra-se a gigantesca bacia de impacto Caloris, uma enorme depressão no hemisfério norte coberta por planícies vulcânicas relativamente jovens, e bordejada por materiais alaranjados depositados por erupções vulcânicas explosivas.

NASA cria primeiro esboço do meteoróide de Chelyabinsk

Anteontem, a cidade russa de Chelyabinsk assistiu a um raro fenómeno celeste. Pelas 09:20:26 (hora local), um espectacular meteoro rasgou os céus de leste para oeste, deixando um rasto com cerca de 320 km de comprimento. Enquanto várias testemunhas registavam o evento em vídeo, poderosas ondas de choque atingiram as fachadas dos edifícios da cidade e de outras localidades nos arredores, enviando fragmentos de vidro e outros destroços pelos ares, e ferindo mais de mil pessoas.

Rasto deixado pelo meteoro de Chelyabinsk.
Crédito: Katerina Pustynnikova.

Baseados em dados recolhidos pela rede mundial de sensores de infrasons (usados para a detecção de testes nucleares), cientistas da NASA produziram ontem as primeiras estimativas rigorosas do tamanho e da massa do meteoróide responsável por este evento. Aparentemente, o objecto que causou tantos estragos em Chelyabinsk tinha, antes de atingir a Terra, cerca de 17 metros de diâmetro e 10 mil toneladas de massa. A sua entrada na atmosfera terrestre realizou-se sobre o Alaska, a mais de 6.500 km de distância da cidade russa, a uma velocidade de 18 km.s-1. 32,5 segundos após o primeiro contacto com a atmosfera, o meteoróide fragmentou-se violentamente a uma altitude de 20 a 25 km, libertando uma energia equivalente a 500 kilotoneladas de TNT. De acordo com Paul Chodas do Near-Earth Object Program Office da NASA, eventos desta magnitude ocorrem, em média, uma vez a cada 100 anos.


Simulação da entrada do meteoróide de Chelyabinsk na atmosfera terrestre e comparação da sua trajectória com a do asteróide 2012 DA14.
Crédito: AGI.

Entretanto, as autoridades russas iniciaram as buscas por meteoritos que possam ter caído na região em redor de Chelyabinsk. Horas após o evento, a polícia local descobriu um buraco no gelo sobre o lago Chebarkul, com cerca de 6 metros de diâmetro, o que motivou a realização das primeiras buscas no fundo lodoso do lago. Até agora, não foram recuperados quaisquer fragmentos.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Rasto do meteoro de Chelyabinsk visto do espaço

Região central da Rússia numa imagem de infravermelho obtida a 15 de Fevereiro de 2013, pelo instrumento SEVIRI do satélite EUMETSAT-10.
Crédito: ESA/EUMETSAT.

Esta espectacular imagem captada pelo satélite meteorológico europeu EUMETSAT-10 mostra o rasto deixado na atmosfera terrestre pelo meteoróide que esta madrugada caiu em Chelyabinsk, na Rússia.

Queda de meteoróide na Rússia provoca vários feridos

De acordo com uma série de relatos vindos da Rússia, pelas 03:30 (hora de Lisboa), uma enorme bola de fogo rasgou os céus sobre Chelyabinsk, uma pequena cidade situada na Sibéria, cerca de 1.750 km a leste de Moscovo. Aparentemente, um pequeno objecto rochoso entrou a alta velocidade na atmosfera terrestre, desintegrando-se em pedaços antes de atingir o solo. O fenómeno foi acompanhado por um forte estrondo sónico, que fez disparar alarmes de carros e estilhaçar os vidros de alguns edifícios. Segundo as autoridades russas, este incidente provocou cerca de meio milhar de feridos, a maioria devido à queda de vidros e de outros destroços.
Vejam em baixo alguns vídeos publicados nas últimas horas na internet:











Aparentemente, este evento não tem qualquer relação com a passagem de hoje do asteróide 2012 DA14. Nas imagens divulgadas por diversas testemunhas, o objecto de Chelyabinsk parece atravessar os céus numa trajectória de este para oeste, o que o coloca numa órbita radicalmente diferente da órbita de 2012 DA14.
Podem encontrar mais imagens dos estragos causados por este fenómeno aqui e aqui.

Actividade sísmica no asteróide 2012 DA14?

Animação mostrando a trajectória do asteróide 2012 DA14 durante a sua passagem pelo sistema Terra-Lua a 15 de Fevereiro de 2013.
Crédito: NASA.

Para o asteróide 2012 DA14, o encontro de hoje com a Terra poderá custar mais do que um simples desvio na sua órbita. De acordo com o investigador do MIT Richard Binzel, a pequena rocha espacial poderá experimentar uma série de abalos sísmicos desencadeados pela sua passagem a curta distância do centro de gravidade do nosso planeta. Os indícios de que tal possa ocorrer encontram-se na superfície de alguns dos asteróides que frequentemente cruzam a órbita da Terra.
À medida que se movem no espaço, a superfície dos asteróides tende a escurecer lentamente, devido à acção contínua dos raios cósmicos e da radiação solar. Os asteróides de tipo espectral Q exibem, no entanto, um albedo demasiado elevado, o que sugere que estes objectos evitaram de alguma forma a exposição prolongada ao clima espacial.
Para esclarecerem este mistério, Binzel e colegas calcularam as suas órbitas, e concluíram que todos eles intersectaram o interior do sistema Terra-Lua inúmeras vezes nos últimos 500 mil anos. Trabalhos anteriores já haviam demonstrado que as tensões gravitacionais geradas em tais encontros produzem actividade sísmica suficiente para perturbar os materiais presentes na sua superfície, pelo que estes resultados sugerem ser este o mecanismo responsável pela manutenção da cor observada neste grupo de asteróides.
Durante o encontro de hoje, a equipa de Binzel irá coordenar várias sessões de observação em todo o mundo, com o objectivo de recolher dados relativos à cor, rotação, forma e reflectividade de 2012 DA14. Caso ocorram sismos neste asteróide, é possível que despoletem pequenas avalanches ou outros efeitos mais dramáticos na sua superfície, pelo que a monitorização destes parâmetros será determinante na sua detecção.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Tudo sobre o encontro de amanhã entre o asteróide 2012 DA14 e a Terra

Amanhã, uma rocha espacial com cerca de 50 metros de diâmetro irá sobrevoar a superfície terrestre, a uma altitude aproximada de 27.700 km, sensivelmente 8 mil quilómetros abaixo do anel de satélites geostacionários. Denominado 2012 DA14, este pequeno asteróide foi descoberto a 23 de Fevereiro de 2012, pelo programa La Sagra Sky Survey do Observatório Astronómico de Maiorca, em Espanha. Esta será a primeira vez que os astrónomos observam um objecto destas dimensões a passar a tão curta distância do nosso planeta.

Trajectória do asteróide 2012 DA14 durante a sua passagem pela Terra a 15 de Fevereiro de 2013.
Crédito: NASA/Paul Chodas/adaptado por Sérgio Paulino.

Apesar de viajar tão próximo da Terra, 2012 DA14 não será visível a olho nu, brilhando no máximo a uma magnitude aparente de 7,5. Durante o encontro, o asteróide percorrerá uma trajectória de sul para norte, passando pelo seu ponto de maior aproximação à superfície terrestre pelas 19:25 (hora de Lisboa). A passagem ocorrerá pelo lado nocturno do nosso planeta, a uma velocidade relativa de 7,82 km.s-1, o suficiente para tornar este objecto num alvo particularmente veloz. A sua viagem pela esfera celeste será tão rápida que cobrirá cerca de 120º em apenas 4 horas, movendo-se no ponto de maior aproximação à Terra a cerca de 0,8º por minuto!
Os melhores locais para assistir à sua passagem serão a Austrália, a Ásia e a Europa Oriental. Infelizmente, este evento não será visível a partir do Brasil. Em Portugal, o asteróide surgirá acima do horizonte a nordeste, pouco depois das 20:00 (hora de Lisboa), brilhando a uma magnitude máxima de 8,0. No entanto, o seu brilho diminuirá rapidamente, tornando-o inacessível à maioria dos telescópios amadores antes de se posicionar de forma favorável no céu nocturno.

A passagem do asteróide 2012 DA14 vista a partir de Lisboa (para outras localizações, consultem o site Heavens-Above).
Crédito: Heavens-Above.com.

2012 DA14 é um asteróide rochoso do tipo espectral L, com uma órbita típica dos asteróides do grupo Apolo. O seu período orbital de 366 dias é muito semelhante ao da Terra, o que tem possibilitado uma série de encontros próximos com o nosso planeta, pelo menos uma vez por ano. A passagem de amanhã provocará mudanças dramáticas na sua órbita, encurtando o seu período orbital para cerca de 317 dias (um período típico dos asteróides da classe Atenas), e tornando mais raros os futuros encontros com a Terra.
Apesar de restarem algumas incertezas na trajectória de 2012 DA14 após o encontro de amanhã, os dados actualmente disponíveis permitem aos astrónomos excluir qualquer potencial impacto na Terra, pelo menos, para as próximas três décadas. O asteróide não voltará a aproximar-se do nosso planeta de forma significativa até 15 de Fevereiro de 2046, altura em que passará no mínimo a 1,6 milhões de quilómetros de distância.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Participem na selecção dos nomes oficiais das novas luas de Plutão!

O sistema plutoniano numa imagem obtida pelo telescópio espacial Hubble no dia 07 de Julho de 2012.
Crédito: NASA/ESA/M. Showalter (SETI Institute).

Nos últimos dois anos foram descobertas duas novas luas na órbita de Plutão (ver aqui e aqui). Conhecidas provisoriamente por P4 e P5, ambas permaneceram sem uma designação oficial... até hoje.
Mark Showalter, membro da equipa de astrónomos responsável pela sua descoberta, vem agora convidar todos os interessados a participarem na escolha dos nomes que irão ser formalmente submetidos à aprovação da União Astronómica Internacional. Para seleccionarem os vossos favoritos, terão de visitar o site Pluto Rocks e votar numa lista de 12 candidatos. Como alternativa, poderão apresentar as vossas sugestões através deste formulário. Serão apenas eleitos para consideração nomes directamente relacionados com a mitologia greco-romana do submundo. Cada participante poderá votar em dois nomes por dia até às 18 horas (hora de Lisboa) do dia 25 de Fevereiro.
Neste momento, os candidatos são Aqueronte, Alecto, Cérbero, Érebo, Eurídice, Hércules, Hipnos, Lete, Óbolo, Orfeu, Perséfone e Estige. As novas designações farão parte de um sistema onde já estão incluídos os nomes Plutão, Caronte, Nix e Hidra.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Curiosity recolhe primeiras amostras de uma rocha marciana

Primeira perfuração do robot Curiosity na rocha John Klein destinada à recolha de amostras de rocha pulverizada. Um pouco acima encontra-se o primeiro ensaio realizado dias antes. Imagem obtida pela MastCam a 09 de Fevereiro de 2013 (sol 182 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems.

Pela primeira vez, o Curiosity usou a broca do seu braço robótico para perfurar uma rocha marciana e recolher amostras para análise. Depois de quase duas semanas de testes, o robot da NASA completou a perfuração de um buraco na rocha John Klein com cerca de 1,6 cm de diâmetro e 6,4 cm de profundidade. A rocha pulverizada recolhida pelo sistema de perfuração vai agora ser mantida em câmaras no seu interior até ser transferida para o sistema de processamento de amostras CHIMRA (Collection and Handling for In-Situ Martian Rock Analysis), onde será sujeita a vibrações para eliminar partículas com tamanho superior a 150 µm. Depois de processadas, as amostras serão depositadas nos instrumentos CheMin e SAM para a realização das primeiras análises detalhadas à composição de John Klein.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Curiosity executa primeira perfuração numa rocha marciana

Buraco feito num dos veios da rocha John Klein pela broca do robot Curiosity. Imagem obtida pela câmara MAHLI a 07 de Fevereiro de 2013 (sol 180 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems.

O robot Curiosity testou ontem, com sucesso, os sistemas de percussão e de rotação da broca do seu braço robótico na superfície da rocha John Klein. Nesta primeira perfuração, a broca penetrou cerca de 2 cm na rocha, o suficiente para que a equipa da missão possa avaliar o seu desempenho em plena acção. Nos próximos dias, o Curiosity deverá executar novas perfurações, desta vez a uma profundidade que permita a recolha de amostras para análise nos instrumentos CheMin e SAM.

Cometa ISON fotografado pela sonda Deep Impact


Posições relativas do cometa ISON (círculo verde) e da sonda Deep Impact (x amarelo) no dia 17 de Janeiro de 2013. Estão marcadas a roxo as órbitas da Terra e de Júpiter e a amarelo e a verde, as órbitas da Deep Impact e do cometa ISON, respectivamente.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UMD (Michael Kelley).

A sonda Deep Impact realizou em meados do mês passado as suas primeiras observações do cometa 2012 S1 (ISON). Obtidas num período de 36 horas, as imagens mostram o aspecto do cometa quando este viajava a cerca de 763 milhões de quilómetros de distância do Sol (aproximadamente a distância média que separa o planeta Júpiter do Sol). Apesar de se encontrar ainda nas profundezas no Sistema Solar exterior, o seu núcleo cometário exibia já sinais de actividade, exalando da sua superfície uma cauda difusa com mais de 65 mil quilómetros de comprimento!
Vejam o conjunto destas primeiras imagens na animação em baixo:


Animação construída com 146 imagens obtidas pela sonda Deep Impact a 17 e a 18 de Janeiro de 2013, mostrando o cometa ISON a uma distância de 793 milhões de quilómetros. Ao longo da sequência, o brilho da coma cometária aumenta em cerca de 6 a 7%.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UMD.

Esta campanha de observação do cometa ISON irá estender-se até meados de Março, altura em que o cometa deixará de estar acessível às câmaras da Deep Impact. Durante este período, os responsáveis da missão esperam reunir dados suficientes para determinarem a composição da coma e o período de rotação do núcleo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Descoberta vida num lago subglacial antárctico

Preparação laboratorial das primeiras amostras obtidas no lago Whillans, na Antárctida.
Crédito: JT Thomas/DISCOVER.

Na semana passada, cientistas do projecto WISSARD (Whillans Ice Stream Subglacial Access Research Drilling) recolheram as primeiras amostras de água do lago Whillans, um lago subglacial situado na Antárctida Ocidental, a menos de 650 quilómetros de distância do pólo sul. Depois de perfurar cerca de 801 metros de gelo com jactos de água quente, a equipa liderada pelo investigador John Priscu fez descer uma garrafa de plástico cinzento até ao interior do lago para obter amostras com um volume total de 10 litros. Após uma rápida transferência para um pequeno laboratório montado num contentor junto ao local da perfuração, as amostras foram divididas e inoculadas em diferentes meios de cultura para o crescimento de bactérias. Os resultados destas primeiras culturas deverão estar apenas disponíveis dentro de algumas semanas. Análises preliminares por microscopia óptica permitiram, no entanto, confirmar de imediato a presença nestas primeiras amostras de uma abundante comunidade de bactérias, com densidades próximas das 10 mil células por mililitro!
Para excluir qualquer possibilidade de contaminação exterior, os investigadores compararam as densidades celulares das amostras do lago com as das amostras de água derretida da perfuração. Os resultados mostram que a água obtida no lago Whillans tem cerca de 100 vezes mais bactérias que a água resultante da fusão do gelo. A mineralização das duas águas é, também, radicalmente diferente, o que permitiu aos investigadores concluir que estas são amostras genuínas do interior do lago.

Mapa da região onde se encontra o lago Whillans.
Crédito: WISSARD.

Esta é a primeira vez que são encontrados organismos vivos num lago subglacial antárctico (análises às sequências de ADN das bactérias recentemente isoladas pelos russos a partir de amostras do lago Vostok revelaram que estes eram, certamente, organismos contaminantes provenientes do líquido de lubrificação do sistema de perfuração). O lago Whillans encontra-se integrado num sistema de rios subglaciais que drenam para o oceano por baixo da plataforma de gelo Ross, pelo que o tempo de residência da água no interior do lago não deverá ser superior a uma década. O lago manteve-se, no entanto, isolado do exterior por uma espessa camada de gelo durante pelo menos 100 mil anos, tempo suficiente para emergir um ecossistema único nas suas águas. Amostras de sedimentos recolhidos no fundo do lago revelam a presença de frústulas de diatomáceas (organismos fotossintéticos) mortas há cerca de 20 a 30 milhões de anos, o que sugere que o período de isolamento do lago poderá ser ainda maior.
Entretanto, o buraco com 30 centímetros de diâmetro encontra-se já, neste momento, completamente congelado. No dia 31 de Janeiro, a equipa de cientistas baixou, pela última vez, um conjunto de equipamentos até às águas do lago Whillians, conjunto este que deverá permanecer no local até à realização de uma nova expedição.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Auto-retrato do Curiosity em Yellowknife Bay

Ainda não foi desta que o Curiosity concretizou as primeiras perfurações na rocha John Klein. As actividades programadas para o sol 175 tiveram que ser canceladas devido a uma anomalia num dos testes de percussão realizados com a broca do braço robótico, pelo que os restantes procedimentos preparatórios foram reagendados para o fim-de-semana. Anomalias como esta são normais em sistemas tão complexos como os do Curiosity, porém levam algum tempo a serem ultrapassadas.

Testes de percussão realizados pelo Curiosity no sol 174 da missão. A primeira imagem (em cima, à esquerda) mostra a ponta da broca vista pela ChemCam. Nas restantes imagens são visíveis o sistema de perfuração em acção (em cima, à direita), e os pequenos buracos deixados em John Klein após os testes de percussão (nas três linhas de baixo).
Crédito: NASA/JPL/MSSS/LANL/CNES/IRAP/Impreprex.

Entretanto, nem tudo foi trabalho árduo neste fim-de-semana. Aparentemente, a equipa da missão achou que a paragem forçada seria um bom pretexto para o Curiosity executar um novo auto-retrato, desta vez com a paisagem de Yellowknife Bay como pano de fundo.

O robot Curiosity num auto-retrato construído com 64 imagens obtidas pela câmara MAHLI a 03 de Fevereiro de 2013 (sol 177 da missão). Vejam aqui este mesmo mosaico numa versão muito maior.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems/Ed Truthan.

Como são obtidos estes belíssimos auto-retratos? Vejam em baixo uma animação recentemente publicada pela NASA, onde são reproduzidos todos os movimentos do braço robótico para a obtenção das imagens que os compõem com a pequena câmara MAHLI.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Satélites galileanos atingidos por uma chuva de detritos negros?

Composição de imagens obtidas pela sonda Galileo mostrando as quatro luas galileanas Ganimedes, Calisto, Io e Europa.
Crédito: NASA/JPL/DLR.

Como já tinha escrito aqui, os satélites irregulares de Júpiter são, muito provavelmente, o remanescente de uma população de objectos capturados há cerca de 4 mil milhões de anos, a partir de órbitas heliocêntricas durante as últimas fases da acrecção planetária. De acordo com o modelo de Nice, nessa altura, um rearranjo violento das órbitas dos planetas gigantes teria provocado a desestabilização de um disco compacto de planetesimais com 35 vezes a massa da Terra, situado entre 15 - 20 e 30 - 40 UA de distância do Sol. Este dramático evento viria a ter como consequência a dispersão de uma grande parte desses objectos por todo o Sistema Solar, arrastando uma importante fracção para uma série de encontros próximos com os gigantes gasosos. Os cientistas calculam que, em alguns destes encontros, as perturbações gravitacionais seriam suficientes para os quatro planetas capturarem estes objectos em órbitas irregulares, através de interacções envolvendo três corpos. Modelos numéricos sugerem que, no total, foram capturados na órbita de Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno o equivalente a um milésimo da massa da Lua destes objectos. Instabilidades dinâmicas acabariam, no entanto, por eliminar metade, terminando os restantes nas órbitas excêntricas e altamente inclinadas que hoje conhecemos. Numa fase seguinte, violentas colisões mútuas reduziriam ainda mais a massa destas populações, criando as famílias de pequenos objectos escuros actualmente observadas.
Um trabalho aceite na semana passada para publicação na revista Icarus, vem agora desvendar o destino final dos detritos produzidos pelas colisões entre os satélites irregulares de Júpiter. Partindo do modelo de Nice e dos modelos que explicam a captura e fragmentação destes objectos, os autores ponderaram a hipótese da cascata de colisões poder converter grande parte da sua massa inicial em pequenas partículas. Com tamanho suficientemente pequeno para poderem sofrer a influência do efeito de Poynting-Robertson, estas partículas entrariam numa lenta espiral em direcção a Júpiter. Assumindo que a distribuição da sua massa estaria em favor de tamanhos superiores a 50 μm, William Bottke e colegas descobriram que mais de 40 % acabariam por colidir com uma das quatro luas galileanas.

Comparação das superfícies das três luas Europa, Ganimedes e Calisto (resolução aproximada de 150 metros/pixel).
Crédito: NASA/JPL/DLR.

Grande parte deste material terá chegado ao seu destino há cerca de 4 mil milhões de anos. No entanto, modelos criados pelos autores indicam que este processo ainda não terminou. A maioria das partículas terá colidido com a superfície de Calisto, enquanto que apenas uma pequena fracção terá alcançado as três luas mais interiores Ganimedes, Europa e Io. Tendo em conta estes números, os autores calculam que as superfícies das quatro grandes luas de Júpiter possam estar soterradas em depósitos negros provenientes dos satélites irregulares jovianos com alturas de 120 - 140, 25 - 30, 7 - 15 e 7 - 8 metros, respectivamente. Os primeiros dois intervalos estão, curiosamente, em concordância com as observações. Os terrenos mais antigos de Calisto e de Ganimedes exibem as superfícies mais negras, e apresentam propriedades espectrais que denunciam a presença de materiais com características semelhantes às dos meteoritos condritos carbonáceos (objectos com albedos semelhantes aos dos satélites irregulares de Júpiter).
As superfícies de Europa e Io são muito mais recentes, pelo que os detritos que colidiram com estas luas foram, certamente, removidos por processos geológicos. Os autores especulam que, em Europa, grande parte destes materiais terão migrado para o interior da crusta de gelo, o que poderia explicar a presença de depósitos negros nas zonas mais profundas das fracturas observadas na sua superfície. Este mecanismo poderia ter garantido ao oceano subsuperficial de Europa uma abundante fonte de compostos orgânicos.
Podem ler o artigo completo aqui.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Curiosity preparado para as primeiras perfurações na rocha John Klein

Posicionamento da broca de perfuração do Curiosity na superfície de John Klein numa imagem obtida pela HazCam frontal a 27 de Janeiro de 2013 (sol 170 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech.

O Curiosity deverá realizar dentro de poucas horas as primeiras perfurações em John Klein, um afloramento rochoso em Yellowknife Bay escolhido por conter diversos veios minerais expostos na superfície. Este é um marco importante na história da exploração espacial, uma vez que esta será a primeira vez que irá ser usada uma broca de perfuração numa rocha noutro planeta.
Na segunda-feira passada, o Curiosity esteve ocupado a testar a estabilidade da broca na posição de perfuração, pressionando-a contra a rocha com o braço robótico. De acordo com os engenheiros da missão, a broca foi testada em quatro locais distintos, antes de ser mantida em pressão durante toda a noite para verificar a sua estabilidade na gama diária de temperaturas observada no interior da cratera Gale. Durante o resto da semana foram realizados, ainda, testes ao mecanismo de percussão da broca e ao sistema de controlo associado, entre outras actividades preparatórias.
Esta primeira perfuração não deverá penetrar mais de 2 cm na rocha, pelo que não produzirá amostra suficiente para alimentar a câmara de recolha de amostras da broca. Durante o fim-de-semana deverão ser executadas novas perfurações, estas sim a uma profundidade suficiente para destinar algumas amostras de rocha aos instrumentos SAM e CheMin.