sexta-feira, 9 de abril de 2010

Actividade vulcânica recente detectada em Vénus

Visão global da superfície de Vénus centrada em Rusalka Planitia, construída com os dados obtidos pelo radar de abertura sintética da sonda Magellan (em missão no planeta entre 1990 e 1994).
Crédito: NASA/JPL.

Foram ontem publicados na revista Science dados obtidos pela Venus Express que sugerem a presença de actividade vulcânica recente na superfície de Vénus (ver artigo aqui). Com base em leituras efectuadas pelo espectrómetro VIRTIS (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer), o único instrumento a bordo da sonda europeia capaz de perscrutar Vénus através da sua densa atmosfera, Smrekar e colegas identificaram nove pontos quentes localizados em áreas com anomalias gravimétricas positivas, que indiciam a presença de câmaras magmáticas profundas, provavelmente, ainda activas. O espectrómetro VIRTIS detectou ainda elevadas emissividades térmicas em três pontos quentes, que sugerem a presença de fluxos de lava recentes. "Os fluxos de lava solidificada, que irradiam calor na superfície, parecem pouco alterados pela quente e densa atmosfera venusiana. Assim, podemos concluir que foram formados à menos de 2,5 milhões de anos - e a maioria, provavelmente, à menos de 250 mil anos. Isto quer dizer que, em termos geológicos, os fluxos de lava observados foram praticamente formados hoje" afirma Joern Helbert, investigador do DLR e um dos coautores do artigo publicado.
Aparentemente, estes novos dados contrariam a teoria prevalente que explica a juventude da superfície de Vénus como produto de episódios cataclísmicos de intensas erupções vulcânicas à escala global, ao indiciar a presença actual de uma lenta remodelação da crusta com base em pequenos focos de actividade vulcânica.

Projecção tridimensional de Idunn Mons, um pico vulcânico localizado em Imdr Regio (topografia com exagero vertical de 30 vezes). Foram sobrepostos à topografia derivada dos dados de radar da sonda Magellan, os padrões de emissividade obtidos pelo espectrómetro VIRTIS. As regiões mais quentes estão assinaladas a laranja e reflectem composições minerais alteradas por fluxos de lava recentes.
Crédito: ESA/NASA/JPL.

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