sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Cassini despede-se de Dione

O hemisfério antisaturniano de Dione num mosaico de 9 imagens obtidas pela sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015 (resolução: 450 metros/píxel). Neste hemisfério podemos observar a cratera Evander, a maior estrutura de impacto da superfície de Dione.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

A Cassini concretizou na passada segunda-feira o seu quinto e último encontro programado com a lua Dione. Os encontros programados requerem a ativação dos propulsores da Cassini para que a sonda possa ser manobrada com precisão em direção a uma trajetória predefinida sobre um determinado alvo. Neste último encontro, a sonda da NASA sobrevoou a região a sul da cratera Latinus, a uma altitude mínima de 474 km, o que permitiu a captação de imagens com uma resolução sem precedentes da região do polo norte de Dione.

O crescente de Dione visto pela sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015 (resolução: 400 metros/píxel). Este mosaico foi construído com 5 imagens obtidas a distâncias entre os 59 mil e os 75 mil quilómetros e mostra algumas estruturas tectónicas, incluindo Tibur Chasmata (em cima) e Fidena Fossae (junto ao terminador, do lado esquerdo).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

"Senti-me emocionada, da mesma forma que sei que outros estão, ao olhar para estas imagens encantadoras da superfície e do crescente de Dione, sabendo que são as últimas que veremos deste mundo distante por muito, muito tempo", disse Carolyn Porco, responsável da equipa de imagem da missão. "Até à última [imagem], a Cassini entregou fielmente outro conjunto extraordinário de preciosidades. Como temos sido afortunados!"

Território acidentado localizado nas proximidades de Argiletum Fossae, na região do polo norte de Dione. Imagem obtida pela câmara de grande angular da sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015, a uma altitude de 588 km (resolução: 35 metros por píxel).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

O principal objetivo científico deste encontro foi, no entanto, a recolha de dados relativos ao campo gravitacional de Dione. Isto tornou a captação de imagens particularmente complicada, uma vez que a equipa de imagem não pode manobrar livremente a sonda, de forma a controlar a direção para onde as câmaras apontavam.

"Tivemos apenas tempo suficiente para captar algumas imagens, o que nos deu belas observações em alta resolução da superfície", disse Tilmann Denk, investigador participante da missão, na Universidade Freie, na Alemanha. "Fomos capazes de usar a luz solar refletida por Saturno como uma fonte adicional de luz, o que permitiu que fossem revelados detalhes [escondidos] nas sombras em algumas das imagens."

A superfície de Dione iluminada pelo brilho de Saturno. Imagem obtida pela Cassini, a 17 de agosto de 2015, a uma altitude de aproximadamente 970 km (resolução: 58 metros por píxel).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

Para estudarem o campo gravitacional de Dione, os cientistas da missão recorreram ao Radio Science Subsystem (RSS), um instrumento capaz de detetar pequenas variações na frequência dos sinais de radio enviados pela Cassini para a Terra. Dione tem a segunda maior densidade dos satélites de tamanho médio de Saturno, o que pressupõe uma quantidade relativamente elevada de materiais rochosos no seu interior. Os investigadores irão analisar estes dados nos próximos meses, de forma a perceberem como se encontram distribuídos estes materiais e como essa distribuição se relaciona com os vestígios de atividade geológica visíveis na superfície.

A superfície de Dione vista pela câmara de ângulo fechado da Cassini, a 17 de agosto de 2015, a uma altitude de 537 km (resolução: 3 metros por píxel). A imagem encontra-se desfocada devido ao rápido movimento da sonda relativamente a Dione (aproximadamente 23 mil km/h).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SSI.

A Cassini voltará a passar nas proximidades de Dione nos próximos dias 8 e 30 de setembro, no entanto, estes serão encontros relativamente distantes, a altitudes mínimas superiores a 40 mil quilómetros. No final de dezembro, a sonda da NASA partirá do plano equatorial de Saturno para iniciar uma série de órbitas inclinadas que incluirão 23 passagens pela região que separa o sistema de anéis e a atmosfera do planeta. Uma dessas passagens culminará com um impacto na atmosfera de Saturno, a 15 de setembro de 2017- o último ato de uma das missões espaciais mais produtivas de sempre.

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