domingo, 19 de julho de 2015

Descobertas opalas num meteorito marciano

Opala de fogo com diversas inclusões. Esta gema foi encontrada no México e faz parte da coleção de gemas do Museu Smithsoniano de História Natural, nos Estados Unidos.
Crédito: Smithsonian National Museum of Natural History.

Cientistas observaram, pela primeira vez, evidências físicas diretas da existência de opalas na superfície de Marte. As minúsculas gemas foram detetadas num pequeno fragmento de 1,7 g do meteorito de Nakhla, um nakhlito com origem em rochas ígneas formadas no planeta vermelho, há 1,3 mil milhões de anos. A sua descoberta é particularmente significativa, porque, na Terra, estas pedras preciosas surgem, por vezes, associadas a vestígios fossilizados de matéria orgânica. O trabalho foi divulgado num artigo publicado no mês passado na revista Meteoritics and Planetary Science e resulta da colaboração de investigadores da Universidade de Glasgow e do Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, entre outros.

A deteção das opalas no meteorito só foi possível através da análise de imagens e espetros obtidos por microscopia eletrónica de varrimento. Os vestígios observados são de uma variedade conhecida na Terra por opalas de fogo - gemas transparentes de cor amarela, laranja ou vermelha - e foram provavelmente criadas pela interação da sílica no interior do meteorito com água proveniente de antigos aquíferos na crusta marciana.

"O pedaço [do meteorito] de Nakhla que temos é pequeno, e a quantidade de opala de fogo que encontrámos é ainda menor", disse Martin Lee, professor da Universidade de Glasgow e primeiro autor deste trabalho. "Mas a nossa descoberta é significativa por duas razões. Em primeiro lugar, confirma em definitivo descobertas realizadas a partir de imagens e de outros dados da superfície marciana obtidos pela NASA, que parecem mostrar depósitos de opalas. Esta é a primeira vez que é demonstrada a presença de opalas num pedaço de Marte recolhido aqui na Terra. Em segundo lugar, sabemos que, na Terra, este tipo de opala é formado com frequência no interior e em redor de fontes hidrotermais. A vida microbiana prospera nestas condições, e as opalas podem aprisionar e preservar estes microrganismos por milhões de anos. Se existiram microrganismos em Marte, é possível que também tenham sido preservados em depósitos de opalas na superfície marciana."

A equipa espera que o estudo detalhado das opalas marcianas em futuras missões a Marte possa trazer dados relevantes sobre a possibilidade do planeta ter albergado no passado formas de vida simples.

Podem encontrar todos os pormenores deste trabalho aqui.

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